19 de março de 2015

Lei das Doulas: Proposta vira projeto de lei em Rondônia. Todas na sessão


Em novembro de 2014 aconteceu em Porto Velho, sob a organização da ABENFO-RO, o Primeiro Seminário sobre Parto Humanizado de Rondônia, com a participação do obstetra gaúcho Ricardo Jones e vários profissionais do Estado.


Ao final dos trabalhos, foi entregue uma proposta de projeto de lei para a criação da Lei das Doulas à Deputada Estadual Glaucione Rodrigues. Na foto, a Enfermeira Obstetra Sandra Shulz, Presidente da Abenfo-RO entrega a proposta de projeto de lei à Luciana Portella, assessora da parlamentar.


A proposta agora virou projeto!

Entenda mais:
A Lei Das Doulas já é realidade em Manaus e em Blumenau e agora Rondônia está prestes a se destacar nacionalmente com a iniciativa que garante às Doulas livre acesso às parturientes em hospitais, maternidades, casas de parto, enfim. Doulas não são parteiras e não realizam procedimento médico ou de enfermagem, mas dão apoio físico e emocional cujos resultados são de eficácia comprovada através de evidências científicas! 

Restou provado que quando o suporte de trabalho contínuo foi fornecido por uma doula, os resultados foram:
1. Diminuição de 31 % na utilização de oxitocina
2. Diminuição de 28 % no risco de cesárea
3. Aumento de 12% na probabilidade de um parto vaginal espontâneo
4. 9 % de redução no uso de qualquer medicação para o alívio da dor
5. Diminuição de 14 % no risco de recém-nascidos a ser internado em um berçário de cuidados especiais
6. 34 % de redução no risco de estar insatisfeita com a experiência do nascimento

História:
Rondônia vem lutando por melhores condições obstétricas há muito tempo e durante anos figurou como Estado número um em nascimentos por cirurgia. O único da Região Norte onde os nascimentos por via cirúrgica superavam os por via vaginal. Estamos em segundo lugar atualmente, com quase 70% de cesáreas; índice muito superior ao estabelecido pela Organização Mundial de Saúde que é de 10 a 15%.

Porto Velho já conta com Equipe de Parto Domiciliar assistido e mais de 10 doulas atuantes!
Cacoal tem projeto com Doulas voluntárias na Maternidade Municipal desde 2014!
Tem parto humanizado em Ji-paraná, em Espigão do Oeste!
Vilhena conta com profissionais médicos e enfermeiros engajados na Humanização do Nascimento.


Um crescente movimento de mulheres e, mais recentemente, de Doulas, vem buscando a garantia de direitos básicos como o de se movimentar e se alimentar durante o trabalho de parto, além do cumprimento da Lei do Acompanhante, lei federal que já tem quase uma década e ainda é descumprida em muitos municípios.

Veja o Projeto já assinado e que irá para votação em breve!

Participe da sessão! Venha fazer coro com mulheres rondonienses em busca de mais saúde e segurança para seus partos!!!

Saiba mais aqui








Veja aqui como nasceu o bebê que recheia a barriga na foto inicial do post!

Relato de Parto da Maria: VBA2C parto normal após duas cesáreas a caminho da maternidade, em Porto Velho


Parto normal após duas cesáreas? Sim, acontece em todo país, com segurança, sob os cuidados de equipes experientes. Com Maria Divina foi um pouco diferente... abalada por experiências terríveis passadas nas duas cesáreas que sofreu para ter suas filhas, ela relutou tanto para ir à maternidade que seu bebê veio a caminho, dentro do carro!

Este espaço não faz apologia ao parto desassistido. Embora saibamos que intervenção aumenta os ricos durante o trabalho de parto e que muitas más conduções são responsáveis por desfechos trágicos, a luta é para que todas as mulheres possam ter experiências dignas e seguras de parto e que bebês possam nascer de forma saudável em partos normais bem conduzidos ou cirurgias bem indicadas, tudo conforme os protocolos da Medicina Baseada em Evidências Científicas.

Maria Divina só fugiu porque não estava certa de que poderia viver uma experiência diferente das anteriores... só fugiu porque não confiou plenamente em nosso sistema de saúde... e é isto que está muito errado! Toda mulher merece ser acolhida com respeito e dignidade, merece ser protagonista de seu parto e as instituições públicas e privadas devem estar preparadas para receber esta mulher...

Para saber mais:

Clique aqui sobre indicações reais e fictícias de cesárea

Clique aqui para saber sobre parto humanizado

Clique para conhecer o documentário O Renascimento do Parto

Clique aqui para saber mais sobre doulas 

E vamos ao relato:



Me chamo Maria Divina S. e Silva Brasil, tenho 34 anos e, após duas cesarianas, eu tive um parto 100% natural, contra todo um sistema manipulador que sempre disse que eu seria incapaz de conseguir um parto normal após duas cesarianas.

Há pouco mais de 2 anos atrás eu tive uma experiência extremamente amarga ao tentar ter minha filha de um parto natural. Fui humilhada, destratada, assediada como mulher por um profissional da saúde que, desde o inicio, disse que eu não teria um parto normal e mesmo tendo dilatado 10 cm ele (médico) não quis esperar e me levou pra uma cesariana, após 20 horas de trabalho de parto.

Enfim engravidei novamente e mesmo tendo vivido essa experiência ruim, o sonho bateu forte dentro de mim novamente. Então decidi fazer tudo que estava ao meu alcance... estudei, li muitos relatos, documentários, informações de todas as fontes, cuidei da alimentação, procurei me exercitar e desejei alguém que pudesse me ajudar. E encontrei uma pessoa perfeita que foi um anjo em minha vida, a doula Iaci Cajo.

Com 39 semanas e 3 dias minhas contrações iniciaram pouco antes das 4 da manhã do dia 06/03, já estavam incomodando um pouco, em intervalos de 30 em 30 minutos e tentei ficar um pouco mais na cama. Não consegui mais dormir, levantei, organizei algumas coisas na casa e quando foi 7:15h acordei meu marido e avisei que o neném estava a caminho e que tinha que levar nossas filhas para a creche, então liguei para a doula e esta chegou logo em seguida.

Ficamos conversamos e as contrações foram só evoluindo. Caminhei um pouco pelo condomínio onde morava, fiz agachamento e quando vinham as contrações eu procurava achar a melhor posição, porém a que me sentia melhor era de joelhos na bola. Nesse intervalo de tempo tentava comer ou beber, mas nada parava no estomago, me sentia um pouco fraca.

La pelas 10 horas, as dores foram ficando cada vez piores e eu estava inquieta, com o carinho e atenção da doula que me ajudava com palavras de incentivo, massagens, apoio emocional, eu queria meu esposo o tempo todo comigo e me apoiava nele sempre que vinha as dores e continuou assim.


As dores foram ficando mais intensas! Ah e porque não fui para maternidade? Porque desde o inicio eu decidi lutar por um parto natural, sem me sentir roubada, humilhada e passar por uma cirurgia desnecessária. Eu decidi ser a protagonista do meu parto, decidi acreditar em mim e no meu corpo, entendi que sou perfeita, meu corpo é perfeito e funciona.

Enfim perto do meio dia, as dores estavam bem fortes e comecei sentir vontade de fazer força e tentava me controlar para não fazer, sentia ele descer e percebia que estava cada vez mais perto de ver meu príncipe, mas preferi não dizer nada para a doula nem para meu esposo. Já estava tão forte que eu pensava em não aguentar mais.

Minha doula, percebendo minha mudança de comportamento, disse ‘vamos, já está na hora’. Ainda tentei relutar, pois sentia que estava perto demais e eu sabia que não chegaria a tempo na maternidade... mas, meu marido também falou para irmos para a maternidade e fomos todos para o carro.

Entrei no carro e no segundo quebra mola do meu condomínio, senti um dor fortíssima e uma vontade incontrolável de fazer força! Gritei pedindo que a doula me ajudasse e então vi meu pequeno Aharon Levyh sair, todo empelicado, chorando ainda em sua bolsa de água e só conseguia agradecer aquele que me criou e tornou tudo isso possível!


Ela o pôs em meus braços, muito emocionada, eu o segurei e dei mamá e continuamos seguido para a maternidade. Ao chegar lá meu marido cortou o cordão umbilical.


Eu pari um parto sem nenhuma intervenção, sem toque, sem episiotomia... meu filho não sofreu agressão nenhuma. Escrevo este relato com 12 dias de pós-parto já faço tudo sozinha, minha recuperação foi perfeita e para quem viveu duas cesarianas sabe bem o que isso significa.

Portanto se o sonho é seu acredite, confie. Vá ate o limite de suas forças e vença.Obrigada ao meu esposo querido que me amou e me ajudou. Agradeço à querida doula Iaci Cajo, você fará parte desta história para sempre.

Provérbios: 23. 7. Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim é

16 de março de 2015

Relato de parto da Dani: parto normal hospitalar em Espigão do Oeste


A Dani conseguiu o improvável: saiu de uma grande capital que já conta, inclusive, com equipes de parto domiciliar (Cuiabá/MT) e veio parir no interior de nosso Estado. Conseguiu esta experiência linda que vocês verão, graças a profissionais cada vez mais engajados em proporcionar protagonismo à parturiente!

Dani tinha o mais importante: uma equipe dedicada e apoio e amor incondicional do marido e da família! Não tinha como ser diferente...



A chegada do João Pedro

A vinda do João Pedro para nossas vidas fora uma grande surpresa, tanto eu quanto meu esposo não esperávamos por essa grande novidade, mas isso não nos intimidou - em momento nenhum - em gerar, durante nove meses uma nova pessoa, com muito amor e carinho.

Como morava em Cuiabá há pouco mais de um ano, não me sentia segura em tê-lo tão longe da minha família. Ainda sem informação, me preparava para uma cesária desnecessária. Até um dia, em uma festa de casamento, eu encontrar uma cliente (Luciana) do escritório onde eu trabalhava, que abrira minha mente ao relatar seu parto. A partir daquele momento, tive a certeza que era aquilo que eu queria para minha vida e para a do meu filho.

Como já tinha em mente ganhar nosso João Pedro em Rondônia, comecei então uma busca por uma Doula. Foi então que apareceu minha amiga Geisy que estava perto de ganhar o seu João e ela teria contratado uma Doula, em Cacoal, que desde o primeiro contato me dera várias dicas, inclusive a de assistir ao filme "ORenascimento do Parto", que foi crucial para fortalecer ainda mais minha decisão. Então, a partir desses contatos, comecei a me preparar física e psicologicamente para o meu parto.

Ao 8° mês de gestação, segui com minha viagem de Cuiabá para o interior de Rondônia, deixando meu esposo, pois não poderia vir por conta do trabalho. De coração apertado e ainda meio sem rumo em relação ao meu obstetra e ao local do parto, cheguei em Espigão d'Oeste. Ao contatar uma Doula, ela me informou que não poderia me acompanhar no meu parto, o que já me deixou muito desanimada em relação a seguir com a ideia do parto natural. Ela me sugeriu conversar com um obstetra que ela conhecia e que atendia em Espigão do Oeste (um anjo-parteiro que apareceu na minha vida! kkkkkkk) o qual, na primeira consulta, já com 35 semanas, me fez voltar a me animar!

Seguimos com as consultas rotineiras da reta final, e algo me incomodava muito: João Pedro não encaixava. Com 38 semanas (dia 04/02/2015), na última consulta antes do parto, ele estava na posição, mas não encaixava por nada nessa vida, o que me deixou muito preocupada.

Naquela semana teria passagem para lua cheia e minha Vózinha disse que ela predominava fortemente sobre as gestações por 3 dias antes e 3 depois rsrsrsrrsrs. Se influenciou mesmo eu não sei, mas no dia 06 de fevereiro acordei me sentindo estranha, tomei meu café e voltei a deitar. Dormi um pouco e, quando fui ao banheiro, me dei conta que meu tampão havia saído. Liguei para o médico, e ele me disse para esperar, pois eu poderia entrar em trabalho de parto em 48 horas ou só em uma semana. Liguei para meu esposo para contar sobre a novidade, o que deixou ele bem apreensivo sobre como seria de agora pra frente. Comecei então a fazer exercícios em casa na bola suíça, passei a tarde fazendo exercícios com intervalos.

Então, no outro dia amanheci com cólicas, pequenas contrações que vinham sem ritmo e com pouca intensidade. Voltei a ligar para meu obstetra e ele disse para eu ir até ele para examinar. Peguei o telefone para ligar para meu tio me levar... quando desliguei minha mãe me liga pedindo para esperar, pois tinha alguém querendo me ver. Quando ela chega, chega junto meu esposo, que viajou a noite toda escondido de mim para não me deixar preocupada: sim, ele viajou 12 horas de carro para estar com a gente! Segurei para não chorar, devido a todo o esforço dele para poder estar presente nesse momento tão especial para nós três!!!

Seguimos para a consulta e, ao ser examinada, o meu GO disse que eu ainda não estava em trabalho de parto, mas que o João Pedro encaixou!!! O que me deixou feliz, porém apreensiva, pois como meu esposo só teria 5 dias de licença não poderíamos esperar mais tanto. De coração apertado voltamos pra casa.

Passamos a tarde toda juntos matando a saudade, com muito carinho e muita liberação de ocitocina <3. Fomos dormir cedo naquela noite, pois ele estava cansado de viajar a noite toda e eu com bastante dores desreguladas. Durante a madrugada, as contrações pegaram ritmo, vinham de uma e uma hora e depois de meia em meia, mas ainda consegui descansar um pouco. Às 4:00, fui ao banheiro e me dei conta que o restante do tampão havia saído, voltei a dormir. Às 6:00 acordo ensopada, com muito liquido vazando... sim, minha bolsa havia rompido.
Liguei para todo mundo avisando, e fomos para o hospital publico da cidade para que eu pudesse ser examinada pelo plantonista, e então a notícia, eu estava em TP com 1 cm de dilatação!!! Voltei para casa, tomei um café da manhã reforçado, com contrações de 10 em 10 minutos, fomos para o hospital às 09:00 da manhã daquele domingo com 3 cm de dilatação, e ali começou uma viagem sem volta para a vinda do meu João Pedro.
Quando digo uma viagem, é porque essa é a principal referência que tenho do meu parto! Uma viagem repleta de amor, carinho e principalmente RESPEITO pelos profissionais que ali me assistiam. Durante todo meu trabalho de parto tive um apoio incondicional de todos, quando digo todos vai desde minha família até os profissionais presentes ali.

Ao meio dia meu médico pediu para que o hospital trouxesse almoço para mim... SIM, MEU OBSTETRA QUERIA QUE EU ALMOÇASSE!!!! (HAHAHAHAHA) Mas as contrações, assim que chegou o almoço, ficaram bastante intensas, com intervalos de apenas 1 minuto.


Tive direito a tudo, bola suíça, chuveiro, música ambiente, massagem na lombar, almoço (apesar de não conseguir comer) e, principalmente, a presença das pessoas que eu mais amo nessa vida. Devido a essas e outras coisas serei eternamente grata ao meu médico e à enfermeira do hospital.


Aproximadamente as 16:30, com 7cm de dilatação, fui para a famosa partolândia, consumando quando digo uma viagem em relação ao meu parto, pois nós viajamos mesmoo... pude sentir contração por contração, sabendo que eu poderia pedir uma cesária para amenizar aquela dor, mas quanto mais meu corpo sentia dor, mais vontade eu sentia de ir até o fim... fui tomada por uma garra que eu não sei da onde veio, tudo isso acompanhada pela minha família e principalmente pelo meu esposo, que esteve comigo o tempo todo, foi pra de baixo do chuveiro comigo e tudo!!!


Às 18:00, sentada na bola suíça, constataram dilatação total. Nesse momento, voltei a mim e à realidade de estar tão perto de trazer o meu menininho ao mundo! No que eu fiz força na bola, senti ele descer de uma vez só, mas acabou voltando! Tentei posição de cócoras, mas ele não vinha, até que fomos pra cama. Ali começou outra etapa, já sem forças gritei por uma cesária, mas meu médico e todos ali confiaram em mim e eu senti queimar, a cada descida do meu amor! Estavam na sala: minha mãe, minha irmã, minha avó, minha tia e meu esposo! Meu esposo falava no meu ouvido: Vai, você consegue, é nosso príncipe que ta vindo. Eu ouvia todos torcerem como num jogo de futebol. Hahahaha

Mas eu estava sem forças, e estava me dando conta disso, não comi nada o dia todo!! Estava sustentada pelo café que havia tomado há doze horas atrás... então me aplicaram um soro de glicose. Até que senti o João Pedro coroar, e de repente veio uma força fora do comum, uma força que o meu corpo consciente não tinha mais, era o meu corpo trabalhando da forma mais fantástica que poderia acontecer, e eu fiquei fora de si por uns 3 segundos!
E então comecei a escutar todos comemorando, meu esposo com a cabeça abaixada no meu ombro soluçando de chorar, e então me dei conta que meu mais sincero amor acabava de nascer... ao escutar seus gemidinhos!!<3


Passado esse momento, já peguei ele colo, olhei para o rostinho dele, ele com os olhinhos abertos reparando tudo, e então eu disse: NÓS CONSEGUIMOS MEU AMOR!! E ele com apenas um gemidinho me respondeu! Em seguida amamentei ele, ali mesmo, ainda ligados pelo cordão que fora cortado pelo meu esposo.


Pari meu João Pedro, que nasceu com 50 cm e 3.600 kg, depois de 12 hrs de trabalho de parto, sem NENHUMA intervenção desnecessária, sem soro, sem episiotomia, e principalmente, com todas minhas vontades respeitadas! Foi lindo, perfeito, muito além do que eu imaginava ter, pois muitos me diziam que eu era louca de sair de uma capital como Cuiabá e vir parir no interior de Rondônia, mas eu vim com a cara e a coragem, e fui assistida da melhor forma possível!

Nós mulheres, somos fortes, sabemos parir!!! E nossos bebês sabem nascer, só basta esperar sua hora! Serei eternamente grata a minha família pelo apoio integral em todas as doze horas de trabalho e à equipe do hospital, que eu não sei como teria sido se não fosse eles! Meu médico e minha enfermeira: vocês são meus DIVOS PARTEIROS! Obrigada por tudo, mas principalmente por me ajudarem a ser a protagonista do meu parto!

29 de janeiro de 2015

Maternidade Ativa: Amamentação precisa de apoio!

imagem: arquivo pessoal

Que eu sou ativista da amamentação vocês já sabem! Expliquei meus motivos aqui e aqui. Também vivi todo o caos que vivem as mães para conseguir amamentar um filho em uma época onde valoriza-se tanto o artificial, o distanciamento... meu primeiro filho mamou até 1 ano e 6 meses e eu achei pouco, eu penso que deveria ter sido mais, mas ele foi deixando assim que engravidei. Desconfio que aqueles anticorpos ainda fazem falta nele... Meu filho do meio mamou até os 2 anos e 4 meses, desmamou sozinho; meu caçula mamou até 2 anos e 11 meses e também largou o peito e seguiu para a vida de menino.

Sobre amamentação, eu já fiz piada, já ri e já chorei, já invejei gente que deixava o bebê de poucos meses na casa da vó e ia viajar, passear ou fazer um curso. Sim, não é fácil a vinculação da amamentação exclusiva: ela é feita e projetada pela natureza para só-dar-certo-com-você. Ninguém mais serve, só a mãe!

E para combater o romantismo, os floreios, os rococós que as próprias mães fazem sobre tudo que envolve a maternidade, trago aqui a história de uma mãe que tinha uma ideia fixa: amamentar a filha com leite materno exclusivo! A despeito de comentários negativos e das dores - inevitáveis - a Amanda insistiu e agora conta como foi, sem enfeites, sua vida real com a amamentação da filha.

Vamos lá!





"Pode não ser interessante para algumas pessoas, mas se eu tivesse lido sobre isso ou se alguém tivesse me falado enquanto eu estava grávida da Ester, talvez eu não tivesse sofrido tanto, não só fisicamente, mas também, e principalmente, psicologicamente.

E se eu conseguir fazer com que alguma mãe/futura mãe não desista de amamentar com o meu relato já ficarei demasiadamente satisfeita. Amamentar dói! Não importa se a pega (posição da boca do bebê no seio) está certa ou errada, vai doer!! Afinal de contas tem alguém amassando, apertando, salivando e esfregando o seu mamilo. Vai doer e nada do que você faça vai impedir isso. As pomadas específicas vão amenizar a dor, hidratar os seios e ajudar nas fissuras (rachaduras), mas não vão impedir que você sinta dor.

Algumas mães sentem mais outras menos. Só que essa dor é temporária (ainda bem!) e só vai durar, em média, 40 dias, depois vai melhorando. Aí que está o problema, esses dias iniciais! Por sentir uma dor horrível nos primeiros dias de nascimento da Ester, eu tinha pavor de amamentar. Toda vez que se aproximava do horário dela mamar eu entrava em desespero, pois sabia o que me aguardava. A dor era tanta que eu chorava de soluçar (e olha que sou até forte para dor). Então eu ia adiando as mamadas, mas é claro que não resolvia, pois ela, recém-nascida, só queria mamar. Foi aí que, por não amamentar, meu peito empedrou e a dor aumentou! Além de bico machucado, fiquei com a mama dura de tanto leite não utilizado!

Nesse momento eu ouvi o seguinte: "Dá mamadeira para ela, assim ela enche a barriguinha e seu peito não dói. Pelo menos até essa dor passar, depois você volta para o peito". Recusei o conselho, pois não queria dar mamadeira para ela, uma vez que tenho consciência da importância do leite materno para a criança. Mas não teve jeito, depois de muita dor e de muita insistência para dar a mamadeira acabei cedendo.

Foi aí que os problemas começaram. A mamadeira, por mais que tenha o bico super parecido com o mamilo e que a marca seja a melhor de todas (a minha era excelente), sempre vai ser mais fácil para o bebê do que ter que sugar o seio. A própria posição que damos a mamadeira facilita o processo. Então depois que experimentou a mamadeira, a Ester sugava bem pouco o seio e depois chorava de fome. Mas era eu dar a tal da mamadeira que ela se saciava e ficava toda mole.

A cada mamadeira dada era um sofrimento para mim, parece que doía mais do que o incômodo no seio, pois quando o bebê está sendo amamentado não é só leite que sai de nós, mas muito amor junto! A mamadeira era fria, era mecânica. Eu sentia vontade de chorar ao dar mamadeira para ela, mas dentro de mim eu falava que aquilo ali era passageiro e logo daria somente o seio!! Mas não foi tão fácil.

Nesses momentos em que ela chorava de fome, que na verdade não era fome, mas era de "raiva" por ter que fazer força para sugar o seio, já que a mamadeira dava de graça o leite e sem nenhum esforço, o que eu mais ouvia era:

"SEU LEITE É FRACO!"

"SEU LEITE NÃO SUSTENTA A ESTER!"

"ACHO QUE VOCÊ PRODUZ POUCO LEITE!"

"SEU PEITO DEVERIA ESTAR MAIOR!"

"DÁ MINGAU PARA ELA, POIS ASSIM ELA FICA SATISFEITA!"

"VOCÊ NÃO ESTÁ DANDO CONTA DE AMAMENTAR ELA!"

Um apelo!

Se as pessoas soubessem a dor que essas palavras trazem para uma mãe que está tentando amamentar um filho elas sequer cogitariam a possibilidade de falar isso. Não foi uma e nem duas vezes que depois de ouvir essas palavras eu engolia seco, disfarçava e me trancava no primeiro cômodo que visse para chorar. Chorava por me sentir incapaz de alimentar a minha própria filha. Mas dentro de mim eu sempre falava: "Minha filha ainda vai mamar só no peito, se Deus quiser!"

Fiz chá de hortelã, comi canjica, tomei leite, fiz tudo o que me ensinavam para "aumentar a produção de leite", pois eu quase acreditei que não tinha o suficiente. Comecei, então, a ignorar esses comentários nada incentivadores e, me enchi de segurança, e disse: "Ela vai mamar só no peito, Deus me fez mulher e me deu dois seios saudáveis e capazes de sustentar a fome da minha filha!".

Fui reduzindo a quantidade de mamadeiras até chegar ao ponto de não precisar dar mais nenhuma!! Comecei a observar com mais detalhes os chorinhos da Ester, nem sempre quando um bebê chora é fome! As pessoas ao redor que não estão com você todos os dias sempre vão dizer: É FOME! Mas você que é mãe e que está a todo o momento com o bebê sabe que pode ser sono, dor, irritabilidade, cólica, gases, frio, calor, ou até mesmo vontade de um colinho!

Então, graças ao meu bom Deus e muito apoio do meu marido, hoje eu posso falar que a minha filha, depois de muita insistência e determinação, mama EXCLUSIVAMENTE no peito! Nada de mamadeira, só leite materno! E olha só, é suficiente para ela!! Ela fica saciada, feliz e tranquila!! Enquanto algumas pessoas reclamam por acordar de madrugada para dar mamar eu levanto feliz da vida por ter de amamentar ela!

Não estou criticando quem prefere dar a mamadeira ou quem por algum motivo, ainda que quisesse muito, não pôde amamentar. Estou apenas mostrando para aquelas mães que, assim como eu, se sentiam inseguras e frustradas na hora de amamentar, que nós somos capazes, que nosso corpo consegue produzir leite suficiente para os nossos filhos.

Não existe leite fraco, TODO LEITE MATERNO É BOM E FORTE!

Sobre a quantidade de leite, QUANTO MAIS VOCÊ AMAMENTA, MAIS SEU CORPO PRODUZ LEITE!

Sobre o tamanho dos seios, NÃO SOMOS UM ESTOQUE DE LEITE PARA TER OS SEIOS IMENSOS, É A CADA MAMADA QUE NOSSO CORPO PRODUZ REALMENTE O LEITE!

Tive que descobrir tudo isso sozinha, depois de muito pesquisar, ler, conversar com outras mães, pediatra, e depois de muita insistência mesmo, pois não é fácil, mas com muito amor a gente consegue!!!!

Portanto, ignore os comentários ruins e absorva somente os bons, o nosso psicológico tem poder sobre tudo, inclusive sobre a amamentação. A única coisa que indico é beber muita água, de resto o nosso corpo toma conta!"




Lindo, né?

Conta pra nós como foi sua experiência com a Amamentação... sem enfeites, só a realidade!!!

Para saber mais, acesse o portal Aleitamento.com e assistam um vídeo com dicas bem legais!

Aqui você consulta se qualquer substância química pode ou não ser utilizada por mães que amamentam!

Imagem daqui


Imagem daqui







26 de janeiro de 2015

Maternidade Ativa: Amamentação: Carta de uma mãe que quer amamentar...

foto: arquivo pessoal

Adoro cartas de mãe para filhos! Temos umas lindas aqui e aqui... e quando estas cartas envolvem superação e entrega materna, são ainda mais emocionantes. Mariana escreve para a filha sobre os desafios e a luta que travou para conseguir amamentá-la, mesmo com os prejuízos advindos de uma mamoplastia, quando mais jovem.

Amamentação e superação: mais uma bela história:



"Filha, com 19 anos a mamãe fez uma mamoplastia - redução do seio - que deu super errado porque a auréola do lado esquerdo necrosou. O resultado não foi satisfatório, inclusive esteticamente. Como sempre quis ser mãe, tive muita insegurança se conseguiria amamentar. O médico disse que não tinha como garantir, só quando eu tivesse filho ia saber. Além disso, a mamãe quase não tem bico nos seios.

Bom, você nasceu e a minha doula não foi embora enquanto eu não consegui te fazer mamar. Foi difícil para você aprender, principalmente porque não tenho bico. Mas conseguimos e a nossa primeira noite foi com você de um peito para o outro, mamando o colostro. (Dormiu o dia inteiro e a noite ficou com fome).

Depois de uns 2, 3 dias, já na casa da vovó, desceu meu leite e eu já pude notar que o seio direito ficou enorme e o esquerdo não. Quase não desceu leite do lado esquerdo, justamente o seio que eu tive necrose.

A doula e o médico me orientaram a continuar colocando você nele para estimular e foi o que eu fiz, mas não mudava muita coisa, logo você se irritava nele. Como é muito comum, meus dois bicos machucaram. Me diziam que por volta de uns quinze dias o meu organismo se acostumava, o bico 'calejava' e eu me contorcia de dor para amamentar, principalmente quando você abocanhava o peito... isso somado ao pós-parto, à recuperação dos pontos no períneo, à distância do seu pai (que estava em Cacoal e nós em Brasília) e às emoções do puerpério... não foi nada fácil!

Eu contava os dias para que passassem logo os 'tais quinze dias'... bom, chegou o 15º dia e nada de melhorar. Enquanto isso, você chorava até que bastante, bem mais à noite, e a mamãe só conseguia te acalmar no peito, o que era um tremendo sacrifício, já que você ficava às vezes uma hora e meia mamando sem parar, como se fosse uma chupeta.

Eu e a vovó achávamos que você estava com as famosas cólicas e, de fato, você tinha gases; mas também tinha fome! Constatei isso quando te levamos ao pediatra com 18 dias e vimos que só havia engordado 12g por dia e o mínimo seria 20g. Ele orientou que eu te desse complemento com o leite artificial e disse que você poderia ganhar força e sugar mais forte e estimular o peito a produzir mais e tinha chance de você mamar só no peito depois de 15 dias.

Meu sentimento foi se frustração quando percebi que teria que complementar... Senti vontade de chorar e medo de que você largasse meu peito. Eu já tinha me informado sobre relactação, que é uma forma de amamentar com uma sonda acoplada numa seringa e você mamando no peito. Foi o que eu decidi fazer, para não oferecer mamadeira e correr um risco maior que largasse o peito. Isso dá um trabalhão! Eu dava sempre primeiro o meu leite e depois o complemento. O complemento eu dava no seio esquerdo, para continuar recebendo estímulo de sucção. Me disseram que com um mês o peito "calejaria" e melhoraria a dor... você completou um mês e eu ainda sofria com dor! A dor era mais forte no peito direito, que era o que mais você mamava. Ele ficou rachado no meio. Não eram fissuras, mas talvez você mamando errado. O peito ficava vermelho e não ficava dolorido apenas no bico, doía lá dentro também.

Eu usei pomada, raspa da casca de banana, o meu próprio leite, concha de silicone, ordenhava o leite e nada fazia melhorar, só analgésicos que me aliviavam a dor, mesmo assim apenas temporariamente. Então, você já maiorzinha, com mais de um mês, foi à pediatra aqui em Cacoal. Ela me passou uma pomada e foi o que resolveu os machucados no bico. Foram mais de 40 dias de dor e vermelhidão! Mesmo assim, nada me fazia pensar em desistir... o vínculo que criamos e os benefícios do leite materno me motivavam.

No entanto, com o tempo, não teve jeito. Só meu peito não te alimentava. Fiquei uns 45 dias fazendo a relactação com seringa, mas a quantidade de leite que você ingeria foi aumentando e a relactação tornou-se inviável. Um dia eu realmente cansei e desisti... Conversei com você que eu não gostaria que largasse meu peito e ofereci mamadeira. E estamos assim até hoje. Você não largou o peito, está com 2 meses. De madrugada, normalmente, só mama no meu peito, de dia mama os dois. Fico feliz por todo meu esforço estar dando certo, e torço de todo coração que eu possa te amamentar por no mínimo 6 meses e além, até quando você quiser. Me sinto uma vitoriosa até aqui e não sinto que vá largar meu peito... É muito amor não é mesmo, filha ?

Tudo isso para você saber da minha doação e para que saiba que temos que lutar verdadeiramente pelo que queremos e pelo que vale a pena.

Por amor e com amor,

Mamãe Mariana"


Essa é Alice, aos 4 meses, que segue feliz mamando no peito!










16 de janeiro de 2015

Maternidade Ativa: blogueira rondoniense ensina a Maternar e Brincar


A maternidade é sempre capaz de causar revoluções! O blog Parto em Rondônia está cheio de histórias bacanas de mulheres que encaram o 'ser mãe' de uma forma muito alto astral, equilibrando-se entre as tantas atribuições que a vida nos traz. Ser mãe é a maior de todas as aventuras e o maior de todos os compromissos. Tudo o mais vira detalhe, quando se fala em cuidar e educar de um ser humano.


E a maternidade ativa (quer saber mais? Clica), com envolvimento consciente, apego, reflexão constante, com suas dores e amores, é o melhor portal para o amadurecimento pessoal. Enquanto ensinamos, aprendemos. Enquanto educamos, nos corrigimos. Enquanto sofremos, superamos obstáculos. Enquanto perdemos, ganhamos. Enquanto vivemos, comemoramos. Enquanto aceitamos, crescemos. Refletimos sobre nossas ações, largamos tudo para rirmos com eles. E nos divertimos também, tiramos sarro de nós mesmas, questionamos nossas visões !


Tudo isso é brincar! Brincar de viver, copiando muito bregamente a música linda do Guilherme Arantes que diz:
Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você
Responde sim 
À sua imaginação


E é isso! Vai ser mãe? Pois...


Você verá
Que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver

e para Brincar de Viver com seus filhos, conheça a história da Gabrielle e do seu blog! Sim, Rondônia agora tá cheio de mães blogueiras, tem outro aqui - orgulho! Vamos nos divertir com ela, no seu Maternar e Brincar!!!


Sou Gabrielle Vasconcellos, mãe de Artur e gestando uma nova vida: uma menina “boneca”. Embora tenha nascido em Porto Velho, fui criada no nordeste do país, em Recife/PE. Sou Turismóloga e tenho uma especialização em Arte Educação. Tornei-me instrutora e consultora do Sebrae e Senac, ministrando cursos nos setores da Hospitalidade, Eventos e Lazer.

Como arte educadora, desenvolvi pesquisas no universo da criança e trilhei um caminho direcionado ao brincar, à cultura e à ludicidade infantil e, a cada nova experiência, crescia dentro de mim a vontade de escrever sobre a infância brincada com o propósito de sensibilizar as pessoas a olhar com mais atenção para esse universo tão rico, cheio de encantos e essencial para a boa formação da criança.


Quando me tornei mãe, decidi me dedicar integralmente à maternidade e venho colhendo deliciosos frutos desse plantio de amor. E a cada dia me sentindo mais e mais feliz pela decisão tomada.

À medida que eu acompanhava o crescimento e desenvolvimento de Artur, crescia em mim aquela vontade de escrever sobre a infância. Logo, o desejo se transformou em força de realização para então dividir com outras mães informações e dicas que possam contribuir para um maternar sadio aliado ao brincar, como forma de poesia natural para a felicidade de nossos filhos. E assim, criei o blog Maternar e Brincar.

O blog Maternar e Brincar é um espaço para falar um pouco de minha vida de mãe, compartilhar minha lida aprendiz sobre a maternidade consciente; os benefícios da alimentação saudável para a família; reflexões sobre a redução do consumismo e da terceirização da educação, e ainda tem o intuito de motivar as mães à prática do brincar e a realização de atividades criativas para a criançada, ideias sobre festas ecológicas e tudo de bom que for para humanizar mais o elo entre pais e filhos.

Há cinco meses o blog foi lançado e já conquistou mais de 600 curtidores no facebook.. O público leitor na maioria são as mães e as gestantes, entretanto há pais que são ativos na educação dos filhos e também participam do blog com comentários positivos. Já venho sentindo que o Maternar e Brincar está sendo bem aceito pelos leitores porque recebo e-mails com sugestão de pautas para as publicações, dúvidas e agradecimentos pelas dicas, incentivos e brincadeiras compartilhadas.

Neste ano de 2015, o número de seguidores do blog tende a crescer, pois boas novidades estão por vir... serão conteúdos e ações que agregarão mais valor ao projeto a fim de contribuir para o multiplicação de uma maternidade menos consumista e mais consciente, ativa e presente.

Convido vocês a conhecerem o blog, o endereço é http://maternarebrincar.wordpress.com/

Espero que curtam e possam também fazer parte dessa comunidade do bem em prol de uma maternidade humanizada e uma infância mais brincada!

maternarebrincar@gmail.com

12 de janeiro de 2015

Relato de parto da Eduarda, pela Doula Talita: parto normal hospitalar em Porto Velho



Este é o primeiro relato de parto do blog, feio na visão da Doula! Muitas coisas mudaram se pensarmos que, até alguns anos atrás, Rondônia não tinha Doula e sequer relatos de experiências de parto no mundo virtual! Anos como Estado número um em nascimentos por cirurgia no Brasil e, pouco a pouco, experiências felizes de parto normal que ganham o mundo e inspiram outras mulheres, através da internet.

A Doula Talita fez parte da Primeira Turma de Formação em Doulas de Rondônia, organizada pela Bello Parto e conta aqui com muita honestidade e amor, como foi sua iniciação. Vamos ao relato!



Maria Eduarda, carinhosamente chamada de Duda, foi guerreira!
Quando a conheci estava com 22 anos, primeira gestação e a cesárea marcada.Depois de ter feito uma pintura de barriga com mandalas indianas, às 38 semanas, decidiu ter uma Doula! Foi a primeira gestante que atendi como Doula. 
Ela queria ter parto normal mais não conhecia os diversos motivos e vantagens de um parto natural . No seu chá de bebê tivemos uma reunião rápida com ela e o marido, Lucas. Passei o que pude de informação para o casal naquele momento, pois sabia que já estava muito em cima e era muita informação para um dia só! rsrsrsrs
Na semana seguinte, dia 9 de setembro, à tarde, Duda me liga dizendo que saiu o tampão. Eu estava muito ansiosa, pedia ajuda para todo mundo... né Sandra SchulzAlyssa Grigório e Mileide Campanha?? Ainda estava um pouco insegura mais como a empatia com a Duda foi muito grande, nós nos tornamos irmãs e tudo ocorreu tranquilo. 

Duda estava somente no pródromos apenas 1 cm sem contração e muito ansiosa! Às 21 horas do dia 9, fomos a maternidade, pois ela achava que estava com sintomas de infecção urinária e ela já tinha tido 3 durante a gestação. Mas, graças a Deus, no seu exame de urina não era nada. Depois aconselhei ela a ir para casa e descansar, pois teria de estar coma energia 100% para seu grande momento! E passaram-se longos 5 dias...

Domingo, dia 14 de setembro, às 17 horas, a Duda me liga dizendo que sou bolsa rompeu e estava indo a maternidade pediu pra eu fosse junto pois estava com medo e insegura. Quando cheguei à maternidade, no entanto, ela estava tranquila, não estava em trabalho de parto, estava aguardando dá às 6 horas até que fizessem antibiótico (protocolo da maternidade).


Fiquei com ela na maternidade revesando com marido até 5:30 da manhã de segunda-feira, e nada de trabalho de parto engrenar. Como eu moro perto da maternidade decidimos juntas que eu iria pra casa até que o bebê desse algum sinal de que já ia nascer.

À tarde, a Duda decidiu fazer ocitocina. Estava cansada, me ligou falando de sua decisão e eu repeitei, disse que logo estaria na maternidade. Antes de eu sair de casa, o marido dela me ligou quase chorando, dizendo que sua cunhada tinha entrado pra que ele fosse almoçar, e que não atendia mais os telefonemas, nem saía pra que ele entrasse e pudesse presenciar o parto do seu filho. Eu instruí o pai a reclamar na Recepção. 

Quando cheguei lá, estava o pai triste na frente desejando ver seu filho nascer, tentando ligar para a cunhada. A cunhada finalmente atendeu e disse que ela estava com muuuuita dor e que a dilatação havia estacionado nos 7 cm.

Instrui o pai novamente a reclamar na recepção, ele reclamou , e finalmente a sua cunhada apareceu e e ele, empoderado, falou : Talita eu vou ver meu filho nascer!!!!

Fez massagem, deu muitos beijinhos na Duda e, vejam só, depois de uns 40 min da entrada do pai o Emanuel decidiu nascer!! 

Quando entrei na sala para ver a Eduarda ela me disse: "Achei que não fosse conseguir". Eu a abracei, ela e eu choramos juntas e eu disse que sempre soube que ela conseguiria e que estava muito orgulhosa!!!! 

Emanuel foi logo para os braços de sua Mãe e mamou! Eu saí e ainda falei: "Agora esse momento é seu, meu amor, beijossss"

Eu sou péssima para escrever, tenho disgrafia, mais acho que dá pra sentir todo amor!!!!

EMANUEL LEVI 3,600 kg, parto normal, períneo integro, mãe com 'diagnóstico' de bacia estreita!





11 de dezembro de 2014

Relato de parto da Mariana: Parto humanizado hospitalar em Brasília


Por que um relato de parto que ocorreu em Brasília, se o blog é Parto em Rondônia?

Explico: Porque a história é de uma gestante de Rondônia que precisou viajar para Brasília para viver a experiência da chegada da filha de forma plena e sob os paradigmas da Humanização do Nascimento.

Conheci a Mariana num grupo de mulheres e logo ela me disse que estava pensando em engravidar. Conversamos, assistimos juntas à estreia do filme "O Renascimento do Parto" no cinema de Cacoal, interior de Rondônia, e... logo logo, ela engravidou. As chances de ela ter um parto como sonhava, respeitado em todas as escolhas, aqui em Rondônia, eram mínimas.

Inundada de informação e já ciente do que era melhor para si e para a filha, Mariana decidiu ter seu parto em outra cidade, aliás, em outro Estado! 
Empoderou-se e contagiou o marido e a mãe, que viraram parceiros fiéis de suas escolhas. 

Lindo relato! Desfrutem:




Sou daquelas mulheres criadas para casar e ter filhos, cresci com minha mãe dizendo que a melhor coisa que tem no mundo são os filhos. Uma mãe que ama ser Mãe e que foi super protetora, nunca negou colo ou aconchego. 
Quando conheci meu marido, logo senti que era com ele que queria casar e ter filhos. Talvez eu quisesse que a maternidade acontecesse antes na minha vida, mas hoje vejo que foi na hora certa! Depois de um ano e pouco casada, um dia eu e meu marido tivemos uma conversa. Falando das sombras do nosso passado, eu disse a ele que achava que ele se sentiria muito preenchido com um filho. Decidimos então começar a tentar. Paralelamente fui convidada por uma amiga a participar de um círculo de mulheres que valorizam o poder feminino e, então, conheci Cariny, doula voluntária e ativista do parto natural com respeito, que me apresentou esse universo através do filme "O Renascimento do Parto".
Comentei que estava querendo engravidar e ela me mostrou um universo de informações e a realidade obstétrica brasileira... 
Lá plantou a sementinha, e deu certo!

Pedi de aniversario um filho e mal sabia que já estava gravida! 
Tive uma gravidez tranquila, sempre lendo e me informando, fui em 3 médicos em Cacoal, Rondônia, e não senti segurança em nenhum. Vi que o desfecho do meu parto poderia ser uma cesárea sem indicação real ou um parto normal com intervenções desnecessárias e muitas vezes violentas.

Como minha mãe mora em Brasília, meu marido sugeriu que eu ganhasse lá. Com 22 semanas fui para Brasília e, através da indicação da Cariny, achei minha doula - que também é parteira* - a Clarice e meu médico. O que eu buscava era um parto humanizado hospitalar. Todo esse processo foi penoso, pois quando comecei a falar do parto que eu queria, não tive apoio nem do meu marido e nem da minha mãe. Tentei a gravidez inteira mostrar informações baseadas em evidências científicas para o meu marido, mas nada o convencia. Para ele se tratava de um simples capricho meu. Minha mãe passou a me apoiar quando compreendeu exatamente que o parto normal era o melhor para mim e pra meu filho. 

Fui para Brasilia um mês antes para esperar o dia que a Alice escolhesse. 
Já na primeira consulta com o médico, vimos que ela já estava encaixada (por volta das 35 semanas) e assim permaneceu ate o final. Nas ultimas 2 semanas a ansiedade começou a aumentar, pois meu marido foi para Brasília uma semana antes da data provável e tinha data para ir embora: 3 dias depois!. O maior medo era que passasse das 40 semanas e a pressão fosse grande para cesárea já que ele tinha que ir embora para trabalhar, mas não queria perder o nascimento da filha.

Eu pedia para o meu marido estar comigo, segurar a minha mão na hora do parto e ele sempre dizia que não me acompanharia. Eu ficava frustrada e dizia que a bebê não iria nascer enquanto ele não dissesse que estaria com a gente!
Até que um dia ele combinou com ela que se ela nascesse até o dia 4 de outubro (a Data Provável do Parto), ele ficaria junto até o final (ou o começo de tudo!). 

O mais incrível é que na noite do dia 2 de outubro de 2014 eu notei que minha barriga estava baixa, diferente, e senti que poderia ser aquela noite. Pedi ao meu marido para descansar mas às 2 da madrugada começaram umas cólicas, mais fortes do que as que eu sentira outras vezes.

Parece que dá vontade de fazer coco... levantei várias vezes e ia ao banheiro, voltava para cama.... Meu marido percebeu a movimentação diferente e me chamou quando eu estava no banheiro. Abri a porta e disse que achava que tinha começado. Quando passei o papel para me limpar, vi o tampão mucoso com sangue e veio o friozinho na barriga para os dois e a felicidade ao mesmo tempo! 

Durante três horas tentei dormir, mas a adrenalina não deixou. Resolvi levantar, a dor ainda era suportável. Na sala vi o dia querendo amanhecer e umas 5:40 da manhã resolvi chamar a minha mãe, em silencio: ela tinha se proposto a me apoiar e incentivar durante todo o processo... ela se levantou na hora, toda feliz!

Esperamos mais um tempo, depois das 6 resolvi ligar para a doula, que disse que levaria seu filho na escola e iria para casa da minha mãe e me orientou a ligar para o médico. Assim fiz. 

Quase 8 horas da manhã a Clarice chegou, minha cara ainda estava boa, mas as contrações já começavam a ficar mais incômodas. Depois de um tempo tentei tomar café da manhã e já não consegui; foi só um chá e comi bem pouco. Clarice, que é parteira também, perguntou se eu queria fazer o toque e eu disse que sim! Ela fez, auscultou a Alice que estava passando super bem pelas contrações e me disse que eu estava com 5 para 6 cm de dilatação. 

Decidimos ir para o hospital. No caminho, as contrações apertaram, eu fui deitada de lado no colo da minha mãe ao som do padre Fábio de Mello e com a minha mãe fazendo cafuné. Chorei com uma música que falava de nossa senhora... senti emoção, dor, medo...

No hospital, como o medico já havia preenchido e me entregue em uma consulta a ficha de internação, logo fui para o quarto com a Clarice e o meu marido, enquanto minha mãe tratava da burocracia. 

Nessa altura a dor já era intensa mas as contrações espaçadas, conseguia um alivio entre elas. Consegui deitar de lado no colo do meu marido e lembro de ter sido uma sensação aconchegante, mas não consegui ficar por muito tempo. Clarice novamente auscultou para ver como estava minha filha e ela continuava bem nas contrações.

Me sugeriram chuveiro quente com bola e eu aceitei! A água quente realmente alivia, mas o chuveiro era ruim, as vezes esfriava, o que me deixou tensa. Lembro da minha mãe batendo uma foto minha na bola, no chuveiro.


Me sequei e fui para o quarto, coloquei a camisola do hospital, sentava na banqueta, na bola... mas a Clarice me orientou a agachar durante a contração, o que a tornava ainda mais dolorosa, mas ela me disse que era o melhor e que acelerava o trabalho de parto. 

Nessa altura eu já entrava na partolândia. As contrações ficavam mais próximas, eu tentava passar por uma de cada vez, pois estava sendo muito difícil. Quando eu agachava, minha mãe me dava um apoio nas costas e braços e a Clarice puxava minhas mãos. Em um momento de descanso entre as contrações, você não consegue mais ser racional, parece estar delirando,...e minha mãe se preocupou, me perguntou se eu estava entendendo o que estava acontecendo e a Clarice disse para ela que era assim mesmo, era normal. 

Clarice fez mais um toque e já estava com 9 para 10 cm! Ela dizia que eu estava indo bem, que estava sendo rápido, dizia para eu me conectar com a minha filha, chamar ela... Eu fazia isso mentalmente. Pediu para eu liberar minha dor, respirar.... Mas Pra mim estava demorando, eu sentia muita dor, não tinha trégua entre as contrações, queria que minha filha nascesse logo! 

Nessa altura meu medico ainda não havia chegado, a Clarice tranquilizava minha mãe e meu marido, dizia que se ele não chegasse ela poderia receber a Alice, mas ambos ficaram tensos com a ausência dele. Eu não! Eu confiava que a Clarice poderia fazer isso e em nada me afetou a ausência dele.

Minha mãe saiu do quarto e ligou para o meu médico, brava, pois ele combinou que daria assistência por todo o tempo e paguei particular o parto! Dali uns 20 min ele chegou, sentou no sofá e ficou olhando de longe, ao lado do meu marido, que tinha ficado ali no sofá do quarto durante todo o tempo.

O médico ainda colocou uma música, depois veio e fez um toque, auscultou e a Alice estava bem. Foi muito incomodo nesse momento, pois eu senti muita dor. Ele viu que eu já tinha 10 cm e continuei agachando nas contrações, até que a bolsa rompeu. Eu tinha esperança que a Alice nascesse ali mesmo no quarto, mas o médico quis ir para o centro obstétrico. 

Fui transportada em uma cadeira de rodas e não vi nada no trajeto. Me concentrava na dor, gemia de dor... Meu marido e minha mãe puderam entrar, eu resolvi fazer força e parir na banqueta de parto. Já não aguentava mais agachar. Foram uns 20 minutos no centro obstétrico. Toda a força que eu fazia parecia que era para fazer coco. Senti o circulo de fogo e, então, às 12:43 horas, minha filha nasceu!!!

Minha filha nasceu!

O médico a amparou e a entregou nos meus braços. Toda inchadinha, linda, cabeluda, um cheiro doce... chorou, tossiu, eu peguei nas suas mãozinhas, beijei sua cabeça, o medico dizia para eu respirar profundamente, esperou o cordão parar de pulsar. O meu marido não quis cortar, então minha mãe cortou. 

Minha mãe super companheira

Foi uma alegria imensa, Clarice lembrou de tirar foto, pena que não fizeram nenhuma dela nascendo, só depois. Quando olhei para o meu marido, ele estava no cantinho, de braços cruzados e os olhos cheios de lágrima, emocionante!!

O pai era emoção pura!

A pediatra pediu licença e levou a Alice, minha mãe acompanhou, mas ficaram ali na mesma sala, enquanto nasceu a placenta e eu tive que levar pontos em algumas lacerações. Minha mãe sabia que eu não queria que pingasse o nitrato de prata, mas o fizeram tão rápido que ela ficou brava e frustrada, mas só me contou dias depois. Foi a única coisa que não foi como eu desejei. Não aspiraram, não tomou banho e voltou logo para os meus braços! 

Beijo merecido do maridão

Eu e minha Doula e Parteira


E assim renasci, e nasceu minha Alice abençoada. 

Dia 3 de outubro, às 12:43h, 3,140kg, 50cm. Brasilia-DF

Gratidão ao meu marido que foi e tem sido desde então um companheirão! Que esteve conosco até o fim, como prometeu! A minha mãe, meu Porto seguro, meu braço direito e esquerdo, meu espelho...

E as doulas e amigas Cariny e Clarice! 
À minha guerreirinha linda Alice, que foi firme comigo até o final! 

E a Mãe Natureza, Mãe Maria e Deus por permitirem a natureza agir!

Minha família!







*A Clarice é doula, no entanto, realiza procedimentos técnicos por ter, também, formação como parteira. Doula não realiza toques para avaliar dilatação, não avalia batimentos cardíacos fetais, nem exerce qualquer procedimento médico ou de enfermagem.

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