16 de setembro de 2021

Relato de parto da Isabela: parto domiciliar em Buritis


Foto: arquivo pessoal. Isabela, Rebeca e William


Em Buritis, interior de Rondônia, também tem parto domiciliar... vamos conhecer a história linda da Isabela parindo em casa sua filha, Rebeca.




por Isabela Cristina Moreti


Poucos meses após Matheus nascer, as pessoas já me perguntavam se eu planejava mais um filho e a resposta era: NÃO! E de fato, não cogitava outro, aliás, nas minhas convicções um filho era suficiente para um casal. Além disso, outros fatores envolviam minha decisão, entre eles o puerpério. Gente, fala sério, ninguém disse que seria fácil, mas nunca imaginei o quanto era difícil. Noites intermináveis, madrugadas geladas e solitárias acompanhavam as mamadas, era peito cheio, vazando, doendo, um cansaço sem fim. Tomar um banho e lavar os cabelos era uma raridade nos primeiros dias. Eu não tive aquele negócio de vovó coruja ajudando, era marido e eu. Graças a Deus minha amiga Denise que cuidava da casa me dava umas dicas, tentava me acalmar, ela foi meu único apoio, mas eu sinceramente não sabia nem trocar uma fralda. O bebê chorava, eu queria chorar também e chorava. Tinha medo de dar banho, trocar roupas e até do cocô e, diga-se de passagem, no quesito sujar fraldas Matheus “entendia” muito bem. Tive medo do coto umbilical e aquela de instinto materno não sei onde foi parar, porque comigo não rolou. E cá entre nós não estou reclamando, nem poderia. Tive um excelente trabalho de parto, a recuperação foi muito bem. Meu filho nasceu lindo, perfeito e saudável. Foram poucos episódios de cólicas, mas isso não anula o fato de que sim, é difícil maternar, você vence uma fase e logo surgirá um novo desafio.

Mas se tem algo que me ajudou muito nessa caminhada foram as Rodas, inclusive falei dela no relato de parto do Matheus. Após a chegada dele continuei participando, era prazeroso, diria ainda um grande privilégio estar com mulheres/mães tão incríveis, partilhando de experiências, contando as vitórias e as frustrações que permeiam esse mundo. Lá eu sabia que não estava só, todas passavam por desafios e o acolhimento nos fortalecia.

Bastou apenas 02 anos e sim, eu havia mudado de ideia quanto a ter mais um bebê e de certa forma a nossa Rede de Mães e Amigas me influenciou, pois em uma conversa mencionei um motivo pessoal em não planejar mais uma gravidez, mas uma das meninas me fez refletir em outra perspectiva, a partir dali nascia em mim o desejo de gestar outra vez. Retirei meu Implanon, aliás, me arrependi demais em ter usado ele como método contraceptivo por mais de um ano, pois deixou meu ciclo todo confuso.

GESTAÇÃO



Foto de Adriana Leal. Isabela

Quando descobrimos a gestação, pedi ao meu marido para aguardar um tempo, fazermos exames, USG e só depois dar a notícia. Nunca gostei de já sair divulgando a esse respeito. Tudo bem, quem faça, mas considero uma decisão bastante particular e está tudo certo, mas eu, Isabela, não gosto. Nossa primeira gestação foi anembrionária, e este foi um fator que influenciou na minha decisão de me resguardar algumas semanas, para só depois falar.

Durante o período que ainda esperávamos para contar a novidade tive um escape e aquilo já foi motivo de pânico, mas a enfermeira obstetra - Michele Gadelha, que me acompanhou no pré-natal, me pediu para fazer repouso durante alguns dias e observar. Graças a Deus não passou de um susto, mas acabamos adiando a novidade.

Quando estávamos com 14 semanas contamos nosso “segredo” e assim como na gestação de Matheus está também estava super tranquila, sem enjoos, pressão arterial normal, apenas sentia-me mais cansada com os afazeres da casa e uma criança de 03 anos que demanda atenção e cuidados, além da falta de sono e dor pélvica que também incomodaram já no segundo trimestre.

Ao completar 22 semanas, descobrimos que estávamos à espera da Rebeca. Inicialmente até pensei que seria outro menino, mas conforme as semanas iam avançando passei a suspeitar de que era uma menina, principalmente por notar mudanças na aparência da minha pele e eu estava certa no meu palpite. 
 
 
Confesso que deu um medinho, era algo totalmente novo: “um mundo cor de rosa”. O que não diminuiu nossa alegria, aliás, essa coisa de preferir sexo nunca foi um problema pra mim, acho Deus tão grandioso em nos presentear com um filho perfeito e saudável que nunca me senti digna em exigir nada. Além disso, a Iza iria finalmente realizar o sonho de ter uma irmã. 
 
Foto de Adriana Leal. Isabela
 
 Com 34 semanas recebi uma deliciosa surpresa de algumas amigas da igreja e Rebeca ganhou muitos mimos, fiquei tão feliz, coração cheio. É muito bom ser surpreendido por pessoas especiais e eu dou valor a detalhes, coisas simples, mas que por trás tem gesto de amor e carinho me ganha. Uma semana mais tarde fui mais uma vez surpreendida, desta vez as meninas da Rede Mães e Amigas. Gente, eu fiquei tão feliz e emocionada! Já participei de vários chás surpresas com elas, mas estar no lugar da gestante é algo inexplicável e essas meninas da Rede transbordam amor, empatia, acolhimento. Sou muito honrada em fazer parte, amo e aprendo muito com cada uma. Receber tanto carinho assim foi uma injeção de ânimo a essa altura da gestação. 
 

Foto de Adriana Leal. Isabela e Matheus
 
Minha Rebeca foi uma bebê muito ativa durante a gestação, ela literalmente dançava na barriga, a DPP era para 29 de agosto, no entanto esse fator me fazia acreditar que ela anteciparia, além disso ela estava bem insinuada. Como não gosto de deixar nada para depois, tratei de organizar nossas malas e por volta das 37 semanas já estava tudo certo à espera da nossa pequena.

Erramos nas previsões e suposições. Até brinquei que “a lua me traiu”, pois passou a virada de lua cheia, e nada. Rebeca plena no lugarzinho dela, sem pressa alguma em deixar seu cantinho que apesar de apertado, naquele momento era o lugar que ela estava se sentindo mais segura.

Completamos 39 semanas e eu estava me sentindo tão bem. Pleníssima, eu diria. Propus à fotógrafa Dri (Adriana Leal), fazermos um novo ensaio para registrar a barriga. A Dri é uma profissional incrível, dona de um coração enorme. Passei a admirá-la no ensaio de newborn do Matheus, ela também faz parte da nossa Rede e é a melhor fotografa da nossa cidade, diria da região, muito dedicada ao que se propõe fazer.

IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO
No dia 25 de agosto/2021, decidimos fazer uma “Roda” de última hora na casa da Enfermeira Cris. Não planejamos nada, só combinamos horário, local e quem tinha a tarde livre se juntou a nós. Que tarde/noite foi aquela? Nossa, muito agradável! Rimos, choramos, comemos muito, eu comi muito (com direito ao pão de queijo da mineirinha Cris, depois de anos nos prometendo... Hahaha)! Conversamos sobre assuntos diversos relacionados à maternidade e fiquei muito à vontade, tinha ocitocina no ar e sempre que nos reunimos não é diferente.

Foto: arquivo pessoal. Adriana Leal, enfermeiras Cris e Keila e Denise, Fernanda, Jóice, Jeane, Nauanny e Débora

O PARTO – 26/08/2021
Já de volta em casa, fizemos toda rotina normal com Matheus e fomos dormir. Por volta de 00:00 acordei com uma dorzinha chata nas costas parecido cólica menstrual, me levantei, fui ao banheiro e “nadica”. Estava tudo na mais perfeita ordem “lá embaixo”. Ainda fiquei algum tempo deitada no sofá, mas acabei voltando para cama. Dormi profundamente.

Acordei novamente era quase 02:00 sentindo a mesma dorzinha chata, fui novamente ao banheiro e sim! Sim, estava acontecendo. O meu corpo estava dando sinais que nosso momento estava chegando. Me deitei alguns poucos minutos no sofá, Rebeca fez um movimento forte, senti e ouvi um “poc”, era a bolsa rompendo. Fui ao banheiro e logo avisei a Cris, ela estava bem atenta a mim, pois me respondeu imediatamente e em seguida, ela se encarregou de avisar a Enfermeira Keila. Nesse instante as contrações estavam leves e uma a cada dez minutos. Uns 20 minutos depois as contrações estavam mais intensas e duas, a cada dez minutos.

A Keila me avisou que se deslocaria até a clínica para pegar alguns materiais necessários e já seguiria para minha casa. Enquanto ela estava a caminho, aproveitei para acordar o papai e contar que estava em trabalho de parto. Ele ficou todo feliz, se levantou e tratou logo de se arrumar. Ficamos aguardando e por volta das 03:15 ela me ligou para se certificar do endereço. Quando ela chegou, eu já nem sabia ao certo como estava à frequência das contrações, sei dizer apenas que eram constantes e mais doloridas. Eu pedia incessantemente para meu marido fazer massagem nas costas(no outro dia senti que o local ficou beeem dolorido, porque eu pedia para massagear com força). A Keila fez a ausculta e pedi apenas para tomar um banho gelado, foi extremamente rápido, pois ela precisava me avaliar.

Fomos para o quarto, lá a Keila me avaliou e eu perguntei como estava a evolução da dilatação, ela respondeu: “-Isa, sua neném já vai nascer! dilatação total”. Eu quase nem acreditei, fiquei muito surpresa mesmo, pois havia pouco mais de 1 hora que eu havia sentido as primeiras dores. Fiz um carinho na barriga e disse: “- Filha pode vir, mamãe está pronta pra te receber!” Por alguns instantes fiquei curtindo aquele momento. Enquanto isso, o papai havia ido ao carro buscar uma caixa a pedido da Keila. Comecei sentir uma dor muito forte e uma pressão, desci da cama me abaixei ali no chão mesmo, veio a primeira contração e vontade de fazer força, então toquei e senti a cabeça, a Keila apressou o papai, pois ela já estava nascendo, ele também ficou muito surpreso, pois estava acontecendo tudo muito rápido. Veio a segunda contração e nossa pequena Rebeca chegou! Chegou, chegando. Choro forte, alto, a Keila apenas amparou e ela veio para meu colo. Ali ficamos papai, ela e eu, conferimos cada detalhe. Linda, perfeita! Nossa menina nasceu às 03h40 medindo 50cm e pesando 3,525kg.


Foto: arquivo pessoal. Isabela e Rebeca.

O papai trouxe nosso menino para ver a novidade que ele tanto esperava. Após 39 semanas e 04 dias a Rebeca finalmente havia chegado e ela veio no aconchego do nosso lar, no nosso quarto.



Foto: arquivo pessoal. Isabela, Rebeca e Matheus

Quando a Cris chegou, ela já havia nascido, mas ficou ali e seguiu com os procedimentos juntamente com a Keila. Aguardamos o nascimento da placenta e diferente do parto do Matheus, desta vez as contrações foram bastante doloridas, me fez até perder a conexão com minha filha por algum tempo, mas graças a Deus não demorou muito. Foi um alívio quando nasceu e após ser avaliada a Keila constatou períneo integro.


Foto: arquivo pessoal. Isabela, Rebeca e a enfermeira Keila

O fato de ter sido assistida apenas pela Keila não foi um problema, muito pelo contrário, depois entendemos que Deus nos deu uma nova oportunidade de ressignificar para ambas. Pois como já mencionei no relato de parto do Matheus, ela nos acompanhou durante toda madrugada e quando eu já estava com dilatação total fizeram uma solicitação extra sobre serviços da clínica e ela teve que sair do quarto onde estávamos. Matheus acabou nascendo e ela não estava conosco no momento. De certa forma, aquilo me machucou e inconscientemente me senti ingrata. No fundo sei que havia marcado a ela também. Então desta vez, fomos apenas nós e foi lindo, perfeito!
Foto de Adriana Leal. Rebeca, Matheus, William e Isabela


GRATIDÃO
Eu sonhava receber minha filha de forma natural e humanizada e Deus sabia disso, Ele conhecia o desejo do meu coração e mais uma vez me surpreendeu em detalhes, quando amanheceu o dia Ele me fez lembrar esta canção:


“O nosso Deus é poderoso pra fazer

infinitamente mais

do que tudo

do que tudo que pedimos

do que tudo que pensamos

do que tudo que sonhamos

e esperamos...”♥



Foto de Adriana Leal. William, Matheus, Isabela e Rebeca

 
Como Deus é lindo!

Nada do que aconteceu foi por merecimento meu, mas sua graça e sua misericórdia não têm fim, Ele nos ama, Ele me ama e cuida dos meus.

Gratidão pelo amor e cuidado dEle.

Ao meu marido por estar ao nosso lado mais uma vez, sua presença foi essencial, sem ela não teria me sentido segura e mais forte. Ao nosso filho também, que apesar de ainda ser um bebê ele estava muito feliz e ansioso para conhecer a irmã.

À enfermeira obstetra Michele Gadelha que não mediu esforços para nos atender fazendo com carinho e amor nosso pré-natal.

Às meninas da Rede Mães e Amigas. Amor, empatia, disponibilidade é o que nos une, amo cada uma. Em especial a Adriana Leal que apesar de ter chegado após o parto, ela eternizou com registros lindíssimos minha gestação e fotos pós-parto. Gratidão.

À enfermeira obstetra, consultora em amamentação e doula Cristiane de Figueiredo e enfermeira graduanda em obstetrícia Keila Becker pelo amor e carinho incondicional naquilo que fazem. A Cris me acompanhou nas últimas semanas e a cada encontro/consulta ela me motivava, riamos e chorávamos juntas, me passava segurança de que tudo daria certo, e deu. E a Keila é o anjo que Deus colocou na minha vida para estar comigo nos momentos mais importantes da minha vida, sou grata e amo demais. Sabem qual o segredo delas? Colocar Deus sempre à frente para que tudo dê certo.

E gratidão também a cada amiga que estava orando e intercedendo por mim e pela minha família neste momento tão único e especial para nós.

Se me perguntassem como fiz para viver está experiência, diria: Orei a Deus, busquei informações, uma boa assistência com profissionais capacitados e comprometidos e desejei muito, mais do que tudo. Eu tinha um histórico de gestação muito bom então fui apenas um portal, uma passagem trazendo Rebeca para o lado de cá.

Foto de Adriana Leal. William, Rebeca e Matheus

O milagre da vida aconteceu, Rebeca nasceu de mim e eu renasci dela. Renasceu uma nova mãe, desta vez mais segura, forte e corajosa, não melhor do que outra mãe, mas a melhor versão de mim para eles.

Tenho plena consciência de que essa nova etapa na minha vida será de grandes desafios, mas também de oportunidades para crescer e aprender com meus filhos. E se alguém me perguntasse se quero ter mais filhos, a resposta seria: NÃO! Mas o amanhã não me pertence, hoje tenho esse pensamento, as opiniões mudam e quem sabe isso aconteça daqui algum tempo.”


Sou Isabela Cristina, 32 anos, esposa do ‘papai’ William Moreti e mamãe do Matheus de 03 anos e da Rebeca.

Foto de Adriana Leal. Matheus, Isabela e Rebeca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

9 de setembro de 2021

Ressignificando perdas



Porto Velho, Rondônia. Dezessete de agosto de dois mil e seis.

Eu me descobri grávida! Não que eu não tenha antes recebido um sinal de que meu filho estava a caminho. Lembro-me perfeitamente de vê-lo em sonho... ou seria em telepatia? Lembro do susto do resultado, de sentir o peso da palavra ‘mãe’ e de me sentir esquisita, como se tivesse aberto um vácuo no espaço-tempo da minha vida.
Naquela tarde, tive o exame de sangue – POSITIVO – e, no mesmo dia, fiz um exame de ultrassom... e aí começou uma história ainda não registrada.
No exame, a médica observou duas formas anecoidais e, talvez num rompante ignorante (que não importa mais julgamento), disse-me que poderiam ser gêmeos! Então, eu não estava somente grávida, mas estava grávida de gêmeos. Minha tia, que me acompanhou no exame, ligou para meu marido e contou a dupla novidade. Eu sorri, me senti especial, embora ainda estava atônita e com o ar suspenso no peito.
Dormi (?) com aquela festa de emoções... Conta para a família toda, respira a nova ideia e comemora. Cheguei a ganhar de presente um porta retrato com dois espaços para as fotos dos bebês.
Nove dias depois, outro exame de ultrassom... e, desta vez, só um saco gestacional. Silêncio.
Eu estava só neste dia. Eu e o médico que não me deixou reclamar da perda; logo tranquilizou-me dizendo que estava tudo em ordem e me deu os parabéns.
Voltei para a casa me sentindo confusa e indigna de lamento.
Chorei.
A tristeza durou pouco, é verdade. Pouco demais, vejo hoje. Não verbalizei a dor, não dei força para que ela ganhasse corpo e, enfim, saísse rumo ao canal milagroso onde são tratadas todas as dores que afloram à consciência.
Aqueles nove dias em que carreguei no ventre e na alma a imagem de que era uma recém mãe de dois filhos ficaram mascarados diante da chuva de novidades e alegrias vindas da espera do filho que ficou. O assunto foi perdendo corpo, foi ficando nebuloso, confuso mesmo, difícil de definir, de distinguir e, de acreditar. Restou-me a descrença. “Talvez nem eram dois” eu pensava, dando com os ombros. E, com esta frase, eu toquei quatorze anos de maternagem... veio mais um filho e mais outro e vieram muitas e muitas versões de mim.
Até que essa história começou a reclamar um lugar! Veio pedir guarida. Cobrar âncora.
Veio pedir espaço pois sabe que nada vivifica se ficar escondido e esquecido, sem a devida pomba, sem o destaque merecido. Nenhuma dor vai embora sem ser chorada. Nenhuma ferida cicatriza sem que olhemos para ela para ver o que precisa ser feito.
E o que precisava ser feito era o que mais me deixava longe de conseguir trazer à tona esse fato: sou mãe de 4 filhos.
Presa na minha prepotência, sempre foi mais fácil navegar pela razão e supor que não eram dois bebês não e que não perdi um filho, do que me colocar frágil diante da vida e chorar a partida.
Fui em busca dos mergulhos necessários. Mergulho em meu inconsciente. Pedi para sonhar... e veio o sonho! Nele a moça dizia que havia perdido um bebê há muito tempo atrás, que havia esse luto na vida dela, mas que tudo já estava bem. Suspiro...
Foi com uma mandala que eu soube deste sonho. Sim, aquelas formas geométricas concêntricas e que significam ‘círculo’, em sânscrito. Interessante que para a terapia junguiana, mandala é o círculo mágico que representa simbolicamente a luta pela unidade total do eu.
E eu me vi em luta mesmo a partir disto tudo. Fui rever os laudos – tenho todos – lia e relia, buscando freneticamente pela razão, o que só vemos pela emoção. Que tola! Veio então a lucidez... e lembrei que “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Logo eu, que provei tão bem da fé no invisível... esse espaço-tempo mágico que conheço bem e que precisava alcançar novamente.
Era chegada a hora de eu vencer a luta, abandonar esta roupa que não me cabia mais de vergonha e indiferença e então acolher meu bebê. Não havia mais lugar para dúvidas e tira-provas.... ficou tudo irrelevante já que é certo que a coincidência é, na verdade, a flecha implacável da vida sabendo o que faz.
E foi assim.



Filho, bem vindo! Eu te saúdo!
Que bom que você nos escolheu. Que bom que compartilhou do meu ventre com seu irmão por dias tão gloriosos. Eu te reverencio e te dou um lugar. Aquele dia de despedida não chorada agora ganha contornos de gratidão e fé na Vida infinita de Deus e, em nome Dele, serás lembrado sempre com alegria e harmonia como prova do amor de nossa família.
Toda paz.

Cariny

31 de maio de 2021

Relato de parto de Dóris: parto natural pélvico em Rolim de Moura




O relato abaixo me emocionou pela história da gestante e o quanto ela estudou e foi atrás, com uma adversidade bastante grande: o bebê sentado. Caminho de vitória que a Dóris fez... vamos ao parto:



Sempre sonhei com um parto natural e há muitos anos estudo sobre o assunto através de relatos, perfis de obstetras e doulas. E aqui está o meu relato para incentivar as mulheres que sonham com o mesmo, assim como fui incentivada por outras, eis aqui minha contribuição. Sempre mencionei com meu esposo quando ainda namorávamos que se tivéssemos um filho gostaria que ele estivesse presente segurando minha mão na hora do parto. Antes de engravidar eu me preparei fisicamente, emocionalmente e psicologicamente.

Já havia pesquisado sobre doula na região onde moro atualmente (Rolim de Moura) e tive o prazer de acompanhar por muito tempo o trabalho da Doula Suelen, do Luz Do Nascer e assim que soube da gravidez de 4 semanas eu já a contratei.

Descobri a gestação em fevereiro e em março a pandemia começou... mas fiquei em paz pois creio que Deus sempre está comigo. Tive uma gestação super saudável, devido a pandemia eu sai da musculação e não pude ser a "grávida maromba" que eu queria...rsrs... mas fiquei firme no pilates com a Fisio Carvalho Reis que realizou os atendimento em domicílio (minha gratidão!).

Durante toda a gestação, a minha doula me muniu de informações, com indicações de leitura, documentários (assisti o renascimento do parto 1, 2 e 3 e uma série sobre desenvolvimento de bebês), li livros sobre parto, vi muitos vídeos e relatos no youtube.

Meu marido Rodrigo sempre comigo, me apoiando, ouvindo meus aprendizados e meus anseios (grata a Deus por ter colocado vc em minha vida). Com 33 semanas fiz um ultrassom, e o médico informou que o bebê estava pélvico e que dificilmente após esta semana ele viraria, fiquei preocupada e a doula me incentivou a fazer os exercícios (spinning babies) para estimular a virada do bebê. Com 36 semanas imaginei que ele tivesse virado, afinal de 3 a 4% não viram. Conversei com a médica que até então me acompanhava e ela me disse para ficar tranquila, porque ela já tinha visto nestes anos de experiência o bebê virar na hora do parto com 40 semanas. Mas, continuei fazendo os exercícios e para minha surpresa no ultrassom de 37 semanas ele ainda estava pélvico (sentado) da mesma maneira que estava em todas as outras ultras anteriores e a primeira coisa que o médico falou foi:

- Ih ta sentado, direto pra faca!

Nossa, como fiquei triste, como chorei! Para muitas, a experiência do parto não faz nenhum sentido, mas para mim era necessário passar por isto, eu sentia que seria importante para a minha maternidade, além de todos os benefícios físicos para mim e para o meu filho. Bom, eu já tinha ouvido falar sobre parto natural pélvico, mas sabia também que são poucas equipes no país que se habilitam a fazê-lo, imagina, se já é difícil escolher o parto normal cefálico e ser ouvida, imagine estando pélvico.

Me recordei que havia trabalhado com uma médica cubana que tinha tido dois partos normais hospitalares e que ambos os filhos dela estavam pélvicos e ainda me informou que em cuba este tipo de parto é comum, tem alguns parâmetros a serem analisados mas que em sua maioria é feito.

Também já havia lido sobre a manobra cefálica externa, as vezes eu poderia optar por um dos dois. Enfim, entrei em contato com a minha obstetra até então e perguntei se ela faria parto normal pélvico, ela disse que não pois ela só faria se não fosse meu primeiro filho e que a equipe dela não estava preparada para um parto assim. Então perguntei sobre a manobra para virar o bebê ainda dentro da barriga e ela disse que não faria, pois julga ser perigosa. Perguntei a outro profissional e tive a mesma negativa.

Foi então que duas amigas minhas maravilhosas (Andressa Pargmosselli e Inara Moreno) me falaram sobre a Livia obstetra e pesquisando nos destaques do insta dela eu encontrei um storie sobre parto pélvico, então imediatamente agendei uma consulta e levei minha mãe junto, que não se conformava de maneira alguma com parto normal pélvico e a doula também se fez presente. Foram duas horas e meia de consulta, tiramos todas as nossas dúvidas, ela explicou sobre o parto pélvico, fez ultrassom para estimar o peso do bebê. Me explicou sobre os dois procedimentos (parto normal pélvico e VCE) e então me decidi a aguardar o trabalho de parto. Então com 38 semanas, mudei de equipe médica. Mas continuei fazendo os exercícios para que ele virasse, fiz acupuntura com este fim também com Fátima Macedo em Cacoal.

Já havia perdido uma parte do tampão mucoso com 37 semanas, e sempre saia mais um pedaço (sempre transparente) e eu brincava com a doula que o meu tampão deveria ser infinito. Chegamos nas 39 semanas e em alguns dias eu imaginava que entraria em trabalho de parto, começavam as contrações, parecia que ritmariam, mas depois sumiam completamente e nada.

Chegamos nas 40 semanas e a mesma coisa, apenas alarmes falsos, comecei a ir todos os dias escutar o coração do bebê e a médica e a doula haviam me falado sobre algumas induções, inclusive a natural com chá. Então, quando completei 41 semanas, comecei a tomar o chá para indução do parto a cada 2h que a minha querida doula me trouxe. Quando foi 22:30 deste mesmo dia (15/10/20) as contrações começaram e eu comecei a cronometrar, parecia que estavam ritmando, entrei em contato com a doula e ela me informou para aguardarmos mais um pouco só para termos certeza que realmente era o trabalho de parto. Me incentivou a descansar, mas quem disse que dava? A cada contração... impossível relaxar, nem com banho quente. Então realmente era o trabalho de parto, eu sentia! Seria este dia que veria o meu filho! A doula chegou e comecei a agachar a cada contração para auxiliar na descida do bebê.

Meu esposo me ajudava nos agachamentos e a doula me ajudava a me concentrar nas respirações certas, no relaxamento certo. Mas as contrações estavam muito desritmadas, tudo indicava um início de um longo trabalho de parto, mas as contrações estavam muito fortes, e eu pensava: -poxa, se isto é só o começo, que o Senhor me ajude a ir até o fim! Então, em uma das contrações eu senti um puxo e informei a doula, mas era algo tão impossível, afinal, as contrações não estavam em um ritmo de trabalho de parto! Tentei relaxar então, mas não consegui, porque na próxima contração eu senti mais dois puxos e fiquei aflita. Fui orientada então a ir no banheiro e me tocar, se sentisse algo diferente no local do colo do útero tomaríamos providência, do contrário, eu relaxaria enfim para que a dilatação continuasse.

Quando me toquei senti algo que identifiquei como sendo a bolsa, e já bem perto da saída. A doula olhou e confirmou, sim, era a bolsa! Ligou para a médica e informou que não daria tempo de chegarmos a Cacoal, então ela viria. Quando deitei em minha cama para continuar o parto, agora já no expulsivo, sentindo o meu corpo fazendo força para que o bebê saísse, minha bolsa estourou e então estes puxos se tornaram mais frequentes, vocalizei bastante para auxiliar no relaxamento do períneo. Após alguns minutos a médica ligou dizendo que não conseguiria prestar o atendimento aqui caso acontecesse alguma emergência e então teríamos que ir. Mas como ir sabendo que não daria tempo? Neste momento um medinho bateu em mim, pensei mil e uma coisas. Meu esposo se manteve calmo, me auxiliou em todo o momento, me deu muito carinho e palavras de força!

A minha querida doula Suelen, a calmaria em pessoa, conduziu tudo com muito amor, com muito respeito e com muita paz. Me incentivando, me acalmando. Entramos no carro e a poucos quilômetros de casa, após alguns puxos, quando me posicionei de cócoras, o nosso amado filho Heitor nasceu, sim, nasceu sentadinho, saiu primeiro o saquinho, bundinha, perninhas, corpinho e por último a cabeça às 4:45h do dia 16/10/20.

Não entrei na partolândia, fiquei o tempo todo bem consciente. Nasceu sem nenhuma intervenção médica, a todo momento a doula Suelen cuidando do meu períneo para minimizar alguma possível laceração que foi mínima, nem precisou de ponto. Nasceu bem corado, eu pude pegá-lo e trazê-lo ao meu colo, como sempre sonhei, estava acordado, me olhando com aqueles olhos arregalados que penetraram os meus e uma onda de amor, alívio, e muita, muita gratidão me inundou. Como me senti feliz em saber que segui o curso da natureza que o Senhor criou para o meu corpo. E esta era minha oração, pois ao contrário do que ouvi muito na gestação, que querer um parto normal pélvico era loucura, que era capricho. Posso dizer com todas as letras parto natural pélvico é natureza, é divino, é possível, a ciência mostra esta possibilidade, os profissionais que não estão atentos a isto que não sabem!



Nós tivemos nossa Golden hour, o papai que cortou o cordão umbilical lá no hospital! Chegamos em Cacoal e nós dois recebemos os cuidados médicos pós-parto necessários! Ficamos muito felizes com a chegada inusitada do nosso filho! Foi muito mais do que sonhei a experiência! Foi um parto super rápido (total de 5h de trabalho de parto ativo) e mega emocionante.

Como sou grata a Deus por ter encontrado uma equipe médica que me incentivou, que me amparou. Que realmente entende todos os riscos inerentes a uma cesárea que por ter se tornado algo muito comum, muitos se esquecem. A cesárea pode salvar vidas, e louvo a Deus por esta possibilidade existir, mas acredito em indicações reais.

Sei também que meu puerpério não seria o mesmo com uma cesárea nunca! E cada um sabe da sua realidade, neh! Quero dizer a você mulher, que a experiência de parto é única! Que vale a pena! Que seu corpo é capaz de parir e que seu bebê é capaz de nascer! Não permita que ninguém te desestimule se este for o seu desejo!

Acredito que a decisão da mulher deve ser respeitada independente do parto que deseja, dentro do que for seguro para ambos! Parto natural requer preparo físico, emocional e espiritual! Espero que este relato te fortaleça! Se muna durante a gestação de muita informação e de uma equipe nota dez! Indico todos os profissionais que mencionei de olhos fechados! Meus agradecimentos ao meu Deus que me sustentou! Ao meu esposo que me apoiou em tudo na gestação e esteve ao meu lado ativo durante o trabalho de parto! À minha doula que acabou por ser parteira rsrsrs e que inclusive estava gestante na época!

Como aquele carro ficou enorme pra caber nós duas lá atrás!

À minha mãe que aprendeu muito sobre parto estudando comigo e que se faz muito presente em minha vida também!

À dra Lívia por ser tão atualizada, como isto é bom!

E à minha irmã que estava lá em casa e que mesmo ficando assustada se fez forte e me fortaleceu com palavras de incentivo!

O que resume está experiência, é Gratidão!




(Dóris Mendes Costa Cardozo é mãe do Heitor, cirurgiã-dentista, casada e mora em Rolim de Moura.)






4 de fevereiro de 2021

Relato de parto da Nayane: parto domiciliar em Pimenta Bueno



No dia 12/01 foi meu Chá de Bênçãos, preparado e organizado pelas minhas amadas @mileferronato @laismacielmatias @raquelnns, era virada de lua, Lua Nova, lua de concepção da Helena, e eu acredito muito na influência da Lua! Comecei com os pródromos na quarta feira dia que mudou a lua, sentia algumas cólicas!Minha irmã teria que ir pra Ji-Paraná na quinta e só voltaria no sábado, queria muito que Helena esperasse ela, assim como no nascimento da Maria Clara, mas também entreguei nas mãos de Deus, se fosse pra Helena nascer sem ela aqui, que fosse feita a Sua vontade! Na quinta feira começou sair tampão, sexta mais um pouco e como percebi que a hora dela estava se aproximando, fui preparando o ambiente que ela nasceria do jeito que eu queria, o mais acolhedor e mágico possível! Titia Mile chegou no sábado, eu continuava em pródromos, mas nada de entrar em trabalho de parto, mas na minha cabeça eu imaginava que ela nasceria no domingo, dia que completaria 40 semanas e dia que Maria Clara também nasceu!



No sábado a noite, chamei meu marido no cantinho de oração que havia preparado e fizemos uma oração muito sincera, pedindo que ela viesse na hora dela e que Deus abençoasse o momento da sua chegada com muita saúde e ali me senti mais tranquila!Na manhã de domingo às contrações começaram a pegar um ritmo, a cada 5 minutos, me deu uma animada pensando que estava iniciando a fase latente, mas não durou muito tempo e perdeu o ritmo, não vou mentir que eu estava ansiosa porque as pessoas perguntavam o tempo todo, sabemos que não fazem por mal, mas isso atrapalha, também comecei a pensar que ela passaria muito das 40 semanas, que talvez não entrasse em TP e minha irmã teria que voltar pra Jí-Paraná às 05h30 da manhã de segunda! Tentei dormir e relaxar a tarde e por volta das 17h percebi que realmente entrei na fase latente, as contrações pegaram ritmo a cada 5 minutos e não pararam mais, eu estava muito tranquila, a dor era quase nada, fui caminha na quadra com a Lola, aguardando minha irmã, mãe e vó chegar lá em casa! Às 18h minha irmã fez um toque e estava com 4cm de dilatação, elas foram embora a noite e eu fui tentar dormir e quem consegue dormir, mesmo que as contrações eram muito suaves?Então por volta das 23h chamei minha irmã pra ficar aqui em casa comigo (ela estava na minha mãe), ela veio e madrugada a dentro o TP não pegava intensidade, verificamos o batimentos fetais a cada hora e tudo permanecia normal!Deitamos na sala e ela conseguiu dormir e foi aproximando a hora que ela teria que ir trabalhar, se não tivesse evolução ela teria que ir! Resolvi mais uma vez ir no cantinho de oração e pedi muito a Deus e Nossa Senhora do Bom Parto que evoluísse o TP, até porque já estava chato contrair a cada 5 min e não aumentar a intensidade.. rsrs...a dor não me incomodava nada, mas não conseguia dormir, então isso ficava exaustivo!



Comecei andar pela casa e percebi que as contrações estavam a cada 3min, mas sem intensidade, pedi a Mile fazer mais um toque, ela ficou receosa de fazer, com medo de não ter evoluído e eu ficar ansiosa! Só sei que as 05h ela então decidiu fazer, porque pedi muito, e eu lembro que falava mentalmente: Senhor tomara que já esteja uns 6 a 7cm de dilatação, e assim aconteceu, no toque ela constatou que estava 7cm e eu incrédula, até falei para ela como pode dilatar tanto sem eu sentir quase nada de dor? Liguei pra minha doula @laismacielmatias e pra @janetestocco... logo às 05h15 a Laís chegou e quando ela chegou a dor começou intensificar, mas ainda tudo tranquilo! Fomos nos preparando, conseguimos fazer umas fotos, ela me auxiliando nas massagens, exercícios, e ainda consegui dançar a música que queria "É Hoje" da Ludmilla...rsrs... e por uma hora a dor ficou a mesma! Meu marido não conseguiu ficar muito comigo, a Maria Clara acordou e ele foi ficar com ela, dando assistência quando preciso!



Às 06h10 a equipe do @hospitalsantacecilia chegou, minha amiga @janetestocco e @borchardtaristeu, e com a chegada dela a dor intensificou mais ainda... eu imagino que eu estava com uma 8cm, e acreditem a dor estava muito tranquila até, mas consegui interagir com a equipe! 

Janete e Aristeu muito tranquilos, observando, brincando com a Maria!Lembro que pedi a Laís que queria ir ao banheiro, ela me auxiliou, e ela ofereceu para ir pro chuveiro quente e foi ali quando agachei, foi que a dor intensificou daquele jeito, você tem a impressão que vai morrer, aliás, você sabe que vai morrer, porque na verdade você vai (re) nascer, é muita dor, e você se vê num beco sem saída, porque sabe que não tem como voltar atrás, é enfrentar a dor e se entregar!

Posição de 4 apoio no banheiro, senti um puxo (vontade involuntária de fazer força) pedi a Laís, minha doula, chamar minha irmã, ela tentou fazer um toque comigo de cócoras mas não conseguiu, fomos pra cama e então estava 9 pra 10cm, quase total, colo ainda não tinha apagado, e ela falou que pela bolsa íntegra, a bebê estava um pouco alta, talvez demorasse algum tempinho!



Mas as contrações eram uma atrás da outra, e os puxos cada vez mais forte, a cada contração eu agachava e fazia força!Eu coloquei a mão e senti a bolsa no canal vaginal, foi quando a Laís me conduziu pra piscina, antes de entrar fiz mais umas 2 forças, entrei na piscina e escolhi meu cantinho, olhando pra parede e de cócoras (sempre imaginei parindo sentada na banheira, mas é o instinto na hora que faz você saber como quer parir)Escutei o barulho da bolsa rompendo, coloquei a mão e senti a cabecinha dela no canal vaginal e dali não tirei mais a mão, senti ela o tempo todo até sair, arde demais socorro, mais umas duas forças e ela saiu na minha mão, eu a retirei e trouxe para meus braços, nós duas ali concentradas, como um animal que vai parir quietinho, porque o parto é isso, é preciso desativar o o lado racional e ativar o lado primitivo! 

Só sei que o desfecho final foi tudo tão rápido, minha irmã tinha acabado de sair pra ver algo, Saviano esquentando água, o momento que ela nasceu mesmo não deu pra filmar, quando falei que ela estava vindo, a Janete saiu correndo chamar todos.. rsrs! 

Só sei que foi assim, a segunda maior emoção da minha vida, não tem explicação de como foi surreal! E às 06h50 do dia 18/01 ela nasceu de mim e eu renasci dela, Helena! Nasceu super bem, com 1 circular de cordão, pesando mais ou menos 3.350 (pesamos certinho no outro dia), 50cm, já mamou bem lindinha no tetê da mamãe!!!

Mamãe Nayane Cristina S. Ferronato

Papai Saviano Fuzari de Abreu

Maninha Maria Clara!
Equipe: Obstetra Delano Evangelista, Enf. Obstetra Camile Ferronato, Doula Laís Stefani, Enf. Janete Stocco e Tec. Enf Aristeu Borchardt




Períneo íntegro!








2 de fevereiro de 2021

Relato de parto da Nayara: parto domiciliar em Cacoal


Olhando para o dia 21/11/2020 ainda não consigo acreditar que ele aconteceu, vou começar agradecendo a Deus por tudo e por todos que estiveram ao meu lado.

Desde que me lembro sempre imaginei que teria um parto normal, pois uma cirurgia seria uma saída de emergência. Quando descobri a gravidez, descobri também que não sabia nada sobre o que era um parto.

Durante as 38 semanas foram horas estudando livros, vendo depoimentos de outras mulheres e assistindo documentários (Meu marido viu todos tbm), enfim estávamos teoricamente preparados.
Ao longo das consultas do pré-Natal conhecemos o parto domiciliar planejado, e após apoio da GO Dra Livia, contratamos um enfermeiro obstetra para nos acompanhar. Confesso aqui que não manifestei interesse em contratar uma doula. (já adianto, um erro meu).

Chegamos então na sexta-feira 20/11 por volta das 17 horas, Foi onde percebi que as contrações de treinamento estavam ficando diferentes, mas vida que segue, achei que iria passar, mas elas foram aumentando a intensidade, a 01 hora da manhã de sábado acordei com uma contração mais forte, fui ao banheiro e o tampão tinha saído, voltei pra cama e cada contração ia para o banheiro, pq sentada no vaso eram mais leves.

As 06 da manhã mandei mensagem pra a Dra Livia e para o Enfermeiro Jonathan avisando do tampão e das contrações. Dra Lívia me disse que poderia ser os pródomos, fiquei tranquila, pq sabia que isso podia demorar, porém as 10 horas às contrações estavam mais intensas e eu já estava no chuveiro, lembro de dizer ao meu marido: agora sei pq algumas mulheres pedem pela Cesárea.

Nessa altura eu pensava: quando forem me avaliar se a dilação tiver em 3 cm eu vou pedir para ir pro hospital kkkkk, Cleverson ligou para Enf. Jonathan, que chegou perto das 12 horas, me avaliou e para a minha surpresa já estava com 7cm de dilatação, a Dra Lívia foi acionada e eu voltei pro chuveiro, pois deitada na cama as contrações eram muito mais dolorida.

Nesse meio tempo o Cleverson foi comprar o almoço e buscar a minha irmã, que não sabia de nada. O Jonathan tocou violão e cantou, me relaxando ainda mais entre uma contração e outra.

Minhas pernas já estavam ficando cansadas. Voltei ao vaso sanitário e entre uma contração e outra comi açaí, Dra Lívia chegou e ao avaliar estava com 9 cm, disse que estávamos quase lá e perguntou se podia chamar a doula.

Quando a Cibele chegou foi tão atenciosa, fez massagens durante as contrações, acupuntura, foi de enorme ajuda, me disse para tentar outras posições, um suporte tão importante que como eu disse nem imaginava a diferença que faz.

Cleverson foi um verdadeiro companheiro, meu suporte, sempre me apoiando literalmente, te amo ainda mais.



Nessa altura alguém perguntou se eu queria entrar na piscina e eu disse sim, entre uma contração e outra a gente fica meia dopada rsrsrs, e lá se foi a equipe encher a piscina, eram umas 15 horas, nesse momento a bolsa estourou.

Cibele me disse: as contrações vão ficar mais fortes e realmente ficaram. Durante todo o dia eu só pensava até que ponto vai aumentar a dor, então eu descobri, e desisti da piscina, voltamos ao chuveiro, estávamos todos lá no meu banheiro, médica, enfermeiro, doula, meu esposo e minha irmã.

Meu marido sentou em um banquinho e eu fiquei apoiada nele e de cócoras, a cada contração eu era motiva mais e mais, até que ao colocar a mão senti os cabelos da minha filha. Faltava pouco.

Então tudo começou a arder muito, o tal do círculo de fogo estava queimando, ainda não sei como minhas pernas estavam respondendo.

Então as 16:21h de um sábado a tarde, no banheiro da minha casa, Clara veio ao mundo pesando 3035kg, 49cm, apgar 9/10, do meu ventre pros meus braços, cercada de amor, uma emoção sem fim. Papai cortou o cordão, ficamos ali por um tempo precioso, quando a placenta saiu ainda estávamos em êxtase.

 

Tomei um banho com a ajuda do marido, enquanto a equipe cuidava da Clara, depois comi uma panqueca, Clara ficou nos braços do papai, e a equipe celebrou com guaraná Jesus Rsrsrs .

A frase da minha irmã resume bem o que é um parto: foi feio (leia-se gritos e dores) mas foi lindo. Eu não mudaria nada, pra mim o dia passou tão rápido que ainda não consigo acreditar. Obrigada a todos sem vocês nada disso teria sido possível.









Relato de parto da Gabriela: parto domiciliar em Pimenta Bueno





Histórias de quem nasce entre os lençóis de casa... Rondônia tem parto domiciliar assistido!!! E a Gabriela é doula, então sabe bem a razão de ser desta forma de nascer. ❤



Bom tudo começou na manhã de terça-feira as:

07:00 acordei com uma leve cólica que vinha e ia, levantei para ir ao banheiro fazer xixi. Quando desci da cama escorreu pela perna um pouco de líquido (ERA A BOLSA, que até então achei que era o xixi vazando 🤭). Voltei a deitar pra ver se passava.

08:00 recebi a esteticista para fazer a depilação que já estava marcada e as cólicas permaneciam... eu achando que já passariam e seriam apenas pródomos.

09:00 tomei um banho, fui fazer um leite com aveia para tomar e elas estavam bem mais intensas. Fui ao banheiro e o tampão saiu um pouco. Comecei a sentir uma alegria misturada com frio na barriga, andei pela casa conversando com o Leo, sem crer que estava perto!

09:30 mandei mensagem pra minha Doula Cibele e para a Fernanda, enfermeira do meu obstetra Dr Jonatan, que havia acordado diferente e que teve saída de tampão. Mas que estaria monitorando no decorrer do dia e avisaria se evoluíssem. As contrações já estavam vindo de 3 a 2 minutos, mas eu não acreditava que iriam permanecer nesse ritmo, estava esperando elas acalmarem ainda e aí eu organizaria as coisas que estavam faltando. Mas esses espaços não chegavam...

10:00 mandei mensagem para o Cássio que quando pudesse vir do serviço pra casa pois estava com sintomas de TP. Chegou na mesma hora. As contrações permaneciam 3 a 2 minutos e bem mais fortes.

10:30 Sentei no tapete do chão do quarto com o Cássio e já estava pra lá de baguida. Ele até sugeriu chuveiro, mudanças de posições, mas eu já não respondia por mim e não conseguia sair dali. Apenas queria ele ali comigo... Pedi pra que ligasse pra doula e a equipe avisando que eu realmente estava em trabalho de parto ativo e que eles poderiam vir.

10:45 eu fui ao ápice e falei: CASSIO LIGA PRA TODO MUNDO DE NOVO! CHEGOU A HORA!

Eu já estava com vontade de fazer força incontrolável! Sentia um pressão em baixo! Vocalizando com a contração! Assustei real!

Cassio ligou novamente para a equipe e ligou para minha mãe que em 5 minutos estava aqui e me abraçou jogando um balde de energias!

11:15 equipe chegou. UFA! Dr Jonatan conversou comigo ali no chão com toda calma e tranquilidade e depois pediu pra eu me deitar na cama pra me avaliar eeeeee Gabi bebê tá aqui em baixo! Agora é só a força e ele nasce. Todo mundo começou a pegar as coisas e eu passada! Pedi pro Cassio pegar a caixinha de som e meu celular para eu por minha playlist que não tinha colocado ainda


E então concentrei no maior encontro da minha vida, me atentei que chegamos ali trabalhando juntos! Que orgulho desse bebê! agora era mais uma etapa e eu e ele e seu pai nos conheceríamos...

No intervalo das contrações pegava forças no olhar do Cassio que apoiada sobre ele me lembrava que o Leo estava chegando.

A feição da minha mãe de alegria de que a vida e o Espírito Santo estavam ali!!!

Dr Jonatan que passou toda segurança que estava indo tudo lindo e bem

11:45 Chamei ele e então, Leo chegou! E com todo respeito veio para meus braços, no calor do seu lar, eu, ele e seu pai nos apresentamos com o som mais lindo do mundo, chorou!


Acredite, mulheres sabem parir e bebes sabem nascer!




Gabriela Stocco, Pimenta Bueno-RO
Parto Domiciliar Planejado
Equipe do Hospital Santa Cecília Obstetra: Drº Jonatan Peres






Relato de parto da Kamilla: parto normal domiciliar-hospitalar em Villhena



Eu me apaixonei por esta história de parto quando o li no grupo Parto em Rondônia do Facebook. Fico feliz que a Kamilla tenha compartilhado... que inspire e emocione! Vamos ao relato...

Sabe aqueles partos de novela, que a mulher já chega parindo no hospital...assim foi o meu! Se eu for relatar apenas o parto ia dar algumas poucas palavras, por isso decidi relatar o dia inteiro do parto.

Dia 23 de Abril de 2019, Vilhena/RO.

Durante toda a gestação continuei com a minha rotina de exercícios e alimentação saudável, e no dia do parto não foi diferente. Acordei cedo, arrumei as crianças (já tenho 2 meninos) para a escola e demais atividades, tomei meu café e fui para academia, e neste dia estava mais animada do que nunca, decidi andar 3 km na esteira, e não 2 km como de costume, fiz uma serie de agachamentos, me alonguei e fui embora satisfeita...de la fui direito para o trabalho, como faltava apenas 1 dia para 40 semanas (não achava que a gestação ia tão longe desta vez) já havia deixado muito coisa resolvida e encaminhada no escritório, então passei algum tempo ali e logo fui fazer outras coisas relacionadas a rotina de mãe e esposa...Almocei e passei a tarde em casa com o filho mais novo (até então).

Final da tarde Dr° Nilton mandou mensagem pedindo para dar um pulinho no hospital para monitorar o bebê...chegando lá, ele pediu minha autorização para fazermos um “toque”, pra ver como estava o colo do útero, ate então nunca havia feito este procedimento, mas foi claro ao dizer que se não quisesse esperaríamos o momento do início do trabalho de parto...eu autorizei, e para nossa surpresa já estava com 4 para 5 de dilatação, e Dr. Nilton disse que não demoraria muito para o trabalho de parto começar e que ele achava que seria um parto rápido e fácil, nos aconselhou a ir para casa fazer uns agachamentos e caminhar.



Apesar de termos ficado animados, meu marido tinha um compromisso no outro dia de manha e não queríamos que o trabalho de parto iniciasse naquela noite, então tentei ficar quietinha, mas ser mãe de 2 meninos não me permite esse luxo, fui dar banho nas crianças enquanto o marido preparava o jantar.
La pelas 20:30h comecei a sentir que as contrações de treinamento se intensificaram e estavam mais ritmadas, comecei a desconfiar que o trabalho de parto ia começar...colocamos as crianças para dormir, organizamos a cozinha e sentia as dores cada vez mais fortes.



As 21:30h resolvi ligar para o Jonathan, nosso enfermeiro obstétrico, naquela altura já sabia que o trabalho de parto tinha dado início. A última coisa que eu queria era entrar em TP (trabalho de parto) a noite, não queria passar a madrugada sentindo dor, tenho a impressão que a noite todas as dores se intensificam e o tempo demora mais a passar. Mas como não temos controle de tudo, me conformei e mergulhei de cabeça neste momento.

Jonathan chegou as 22h, fez o toque, e apesar das contrações estarem fortes e bem ritmadas, ainda estava com 5 de dilatação, disse que faríamos uma nova avaliação as 23 h, então imaginei que a noite seria longa...ficamos na sala de casa, eu, o marido e Jonathan partejando, assistindo o renascimento do parto...o marido fazendo massagem nas costas, Jonathan monitorando o bebê...resolvi chamar a fotógrafa que já estava de sobreaviso e logo ela chegou. Liguei para minha mãe vir ficar com os meninos, porque provavelmente ia para o hospital continuar o trabalho de parto por lá.

A cada contração sentia que as dores se intensificavam, e elas viam a cada 2 a 3 minutos...e quando faltava alguns poucos minutos para as 23h relatei que a vontade de fazer força havia chegado, Jonathan pediu pra avaliar e para nossa surpresa, estava com dilatação total e bebê no expulsivo, Jonathan pediu pra irmos urgentemente para o hospital. E eu, na maior cara de pau e paciência do mundo, pedi pra ganhar em casa, mas ele não me permitiu rsrsrsrs. Na próxima contração a bolsa estourou. Marido se apressou em pegar as malas e enquanto esperávamos no jardim ele sair da garagem outra contração, achei que Bento ia nascer ali mesmo...dentro do carro a vontade de fazer força era enorme, e tive que me controlar muito pra não nascer ali, se fosse durante o dia, onde o trânsito se torna mais lento, acho que teria nascido dentro do carro...mas enfim, chegamos ao hospital e no corredor eu me agachei, não conseguia mais andar, e Jonathan viu que o bebê estava coroando, e que iria nascer ali mesmo...mas o marido me pegou no colo e me colocou na maca, naquela fria de alumínio mesmo, e fomos correndo para a sala da maternidade...correndo não, voando...e em menos de 30 segundos, as 23h10 Bento nasceu...ja chegou fazendo um show, do jeito que eu gosto, pura emoção e adrenalina...porque se eu gostasse de monotonia e previsibilidade tinha feito uma cesárea por opção.



Colocaram ele no meu colo/peito e ficamos ali conectados durante um tempo, Dr. Nilton, que estava em outro parto na hora que cheguei no hospital, foi ao nosso encontro pouco tempo depois de o Bento nascer. Quando enfim a placenta parou de pulsar o marido cortou cordão, e ficamos ali nos 3, sentindo aquela emoção, deixando a ocitocina nos envolver.


 

Não houve episio, porém houve uma pequena laceração. No momento em que Dr. Nilton avaliava e dava os pontinhos necessários, Bento foi avaliado pelo pediatra...nasceu com 51 cm e 3.720 kg.

Pouco tempo depois já estávamos no quarto e ficamos ali a noite inteira contato pele a pele, entre mamadas e cochilos.



Em nenhum momento foi necessário suplementação com leite artificial, o contato pele a pele foi imprescindível para a apojadura (descida do leite).

Na minha primeira gestação o puerpério foi terrível, na segunda um pouco menos, na terceira passou batido...é claro que a maturidade e experiência nos tornam mais traquilas, mas este parto foi um das maiores realizações da minha vida. Me sinto realizada, segura e empoderada.



Quando me perguntam o que eu fiz pra ter um parto assim, minha resposta é...busque o apoio do marido/pai do bebê, seja acompanhada por um bom profissional da saúde que te oriente com a verdade e não pensando em interesses próprios, tenha uma boa alimentação, faça exercícios físicos regulares e pra finalizar...seja positiva, acredite que tudo dará certo, que o seu corpo esta preparado, não existe nada mais empoderador do que acreditar na própria capacidade. Eu mentalizei e rezei para que este parto fosse assim...e Deus atendeu o meu pedido.

Mãe: Kamilla Bagattoli Rodrigues
Pai: Jean Fagner Rodrigues
Bebê: Bento Bagattoli Rodrigues
Enfermeiro Obstétrico: Jonathan Souza
Médico Obstétra: Dr. Nilton Nilo
Hospital: Regional de Vilhena/RO
Fotografia: Fran Bona





Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...