24 de março de 2014

Relato de Parto da Elis: Parto Natural hospitalar após uma cesárea, em Porto Velho



Eu conheci a Elis na Bello Parto, em um dos encontros. Era uma típica gestante: cheia de dúvidas, insegura e ansiosa... estava ainda no início da gestação. Então, muita coisa mudou nos meses seguintes e ela foi ficando cada vez mais certa de seus desejos e direitos! Não existe desfecho feliz de parto, dentro da maternidade consciente, sem busca da mulher e sem empoderamento. Ela é o exemplo de que com informação, vivências, troca de experiências, busca por ajuda e apoio do marido, consegue-se sair da insegurança e navegar, confiante, pelas ondas de um parto digno e de um nascimento respeitoso.

Antes de entrar em trabalho de parto, Elis teve a chance de assistir o filme "O Renascimento do Parto" que lhe serviu de catarse... catarse de emoção e empoderamento! Olha a energia que ela com ela, quando ela saiu da telona:


Sim, assistir o filme marcou o fim de gestação da Elis... cinco dias depois ela entrou em trabalho de parto!!!

Elis sentiu bastante dor. Elis viu as contrações avançarem vagarosamente... mas não desistiu. Contou com apoio contínuo de uma doula e com a força constante do marido. E assim nasceu o Arthur... de uma maneira inesperada e surpreendente, mas maravilhosa... o mais importante de tudo: foi no tempo dele, foi da forma que ele quis!!!

Deu curiosidade né? Então, vamos ao relato:





Descobri que estava grávida em junho de 2013 e depois foi só alegria: idas seguidas ao banheiro; sono, muito sono; e uma ideia fixa: eu queria que meu parto fosse normal, diferente da minha primeira gestação onde fui obrigada a fazer uma cesárea as pressas sem muitas explicações.

Eu já estava com 3 meses de gravidez quando, certa noite, estava no Facebook e vi a fanpage do Belloparto . Coincidentemente, era de uma amiga da época da escola e vi que ela era enfermeira e doula, mas até então eu nem sabia o que era uma doula. Fiquei curiosa para conhecer e entrei em contato com a ela. Conversamos e foi então que eu e meu marido passamos a frequentar os encontros, conhecer o trabalho dela e da equipe Belloparto. 

Resolvemos contratá-la como minha enfermeira e doula, pois confiava nela e, assim, me sentiria mais segura com ela ao meu lado no momento esperado. Eu ia regularmente ao meu médico que, no fundo, não era a favor da minha escolha por um parto normal, eu não tinha referencias dele, mas como eu não tinha como mudar de médico por conta do meu plano de saúde, continuei com ele toda a minha gestação.

Toda consulta eu tentava trabalhar nele o meu desejo pelo parto normal e que ele respeitasse isso. Houve uma consulta em que minha doula me acompanhou para discutirmos como seria o trabalho dela comigo e na penúltima consulta eu apresentei a ele meu plano de parto informando sobre os procedimentos que não queria e todos os meu desejos. 

Nesses noves meses eu e meu marido nos informamos bastante, liamos artigos sobre todos os procedimentos e intervenções, eu assisti muitos vídeos de partos naturais. Eu queria muito que meu parto fosse em casa, cheguei ate a brincar com minha doula, dias antes do meu trabalho de parto, que não queria ir para hospital e teria em casa mesmo, afim de evitar qualquer intervenção.

Apesar do expressar as minhas vontades ao meu médico e apresentar meu plano de parto, na ultima consulta quando estava com 38 semanas ele me alertou dizendo que se o bebe não nascesse ate completar 40 semanas ele não iria esperar mais, pois ficaria com medo de esperar. Não respondi nada, mas eu sabia muito bem que meu filho poderia nascer perfeitamente ate com 42 semanas, a minha gestação estava tranquila, meu exames estavam em dia e estávamos bem. Ate então não havia motivos para uma cesárea e muito menos antes do tempo do bebê.

Dia 20 de fevereiro, meu marido, antes de dormir, fez uma oração com bastante fé e depois que terminou falou que o Arthur já podia chegar! Na manhã do dia 21 eu estava com 39 semanas e 5 dias e, às 06 horas, senti algo diferente... como se fosse uma pequena cólica. Meu marido prontamente levantou falando: chegou a hora! Ele está chegando! 

Demorei para acreditar que estava na hora. Começamos a monitorar o tempo das contrações e intervalo. Meu marido foi deixar meu filho mais velho na escola e quando voltou mandamos uma mensagem para a minha doula contando o que estava acontecendo. Ela respondeu dizendo para continuar o monitoramento e tomar café da manhã que já ela chegava. Logo que ela chegou, ela me orientou ficar debaixo do chuveiro com água quente por 40 minutos para termos certeza de que estávamos em trabalho de parto.

O tempo passou e as contrações não pararam! Foi quando eu tive a certeza de que, em poucas horas, meu filho estaria comigo! Entramos em contato com o médico e partimos para a primeira avaliação. Nesse momento as contrações já estavam mais fortes. Na avaliação, ele falou que eu estava apenas com 1 cm de dilatação! Fiz uma cara de espanto! Depois de toda essa dor apenas 1 cm? Voltamos para casa para aguardar o trabalho de parto ativo.

Começamos então a preparar o ambiente com músicas, massagens e compressas, como eu sempre tinha visto em vários vídeos em que as mulheres estavam tranquilas e relaxadas: Nada deu certo! Não consegui prestar atenção nas musicas... as compressas não ajudavam... a doula preparou um escalda-pés com essência de canela que dispensei na hora... a bola só piorava minha dor... As únicas coisas que ajudaram foram as massagens constantes e o banho com água quente.

Toda gravida tem a posição ideal de parir, a que me senti mais confortável foi de joelhos. A cada contração eu me ajoelhava. Já estava por volta de meio-dia e as contrações não me deixaram almoçar bem. Na verdade não comi quase nada. Comi pouco no trabalho de parto, mas as barras de cereal, mel e água foram essenciais para me dá forças.

Às 14 horas as contrações já estavam muito intensas! Já não conseguia conversar tanto e ocorreu de minha bolsa estourar. Ligamos para o médico e fomos fazer uma nova avaliação. As dores já estavam muito fortes e decidimos levar também as malas. Tive muita dificuldade para descer as escadas do prédio (moro no terceiro andar), a cada vão de escadas eu me ajoelhava para suportar a contração. Na hora de entrar no carro não consegui ir sentada, solução? Fui de 4 no banco de trás do carro até o hospital com a minha doula me segurando, enquanto meu marido dirigia.

Ao chegar no hospital tentei ser discreta, pois a emergência estava lotada. Fu direto para o banheiro. Meu médico chegou e me levou para o consultório para me examinar e eu estava com 3 cm de dilatação! Como as contrações já estavam muito forte, pedimos para ir para um apartamento e esperar lá a dilatação completa.

Ate chegar ao quarto do hospital, ia me ajoelhando a cada contração e isso deixou os enfermeiros do hospital assustados, pareciam que nunca tinham visto uma mulher em trabalho de parto. Ficavam me oferecendo cadeira de rodas, maca, mas eu não conseguia sentar e ficava a todo o momento repetindo isso... mas eles não queriam compreender e fui andando e ajoelhando quando vinha a contração. 

Já no apartamento, a doula e meu marido faziam o que podiam para aliviar a dor, fui para debaixo do chuveiro quente, fizeram massagens e me seguraram quando vinha a contração, por que a única posição em que eu conseguia ficar era de joelhos. Tentava ficar de pé para circular o sangue, pois meus pés estavam ficando roxos. As contrações vinham de 1 em 1 minuto e duravam quase 1 minuto também, eu não tinha tempo de relaxar, passei o trabalho de parto todo nessa posição: de joelhos.


A doula continuava a me acompanhar e então ela, como é enfermeira, entrou em contato com o médico pra informar que as coisas estavam avançando! Ele disse que logo logo estaria chegando.

Nesse momento aconteceu o que eu não esperava mas, no fundo, queria: comecei a sentir umas contrações muuuito intensas e senti que algo bem diferente começou a acontecer, mas não conseguia falar! Foi quando eu dei um grito (eu ainda não tinha gritado, só respirava fundo, pois ajudava a aliviar a dor). Vei tudo de uma só fez, muito rápido. Com uma voz de espanto e alegria imensa, minha doula disse: está nascendo! O Arthur está vindo! 

Eu não pude acreditar, meu filho nascendo no apartamento do hospital! O médico ainda estava a caminho e eu, por instinto, abri mais as pernas e, de joelhos, no chão do quarto, veio uma ultima contração que fez meu filho escorregar nos braços da minha doula. Eu não consegui pegá-lo de primeira, pois estava exausta, mas quando vi meu filho... eu esqueci tudo e ela o pôs no meu colo.

A emoção tomou conta de todos... meu marido ficou emocionado e eu me sentia plena e realizada com meu filho nos braços. "Eu consegui!" Eu dizia para minha doula! Logo naquele momento de alegria, tivemos o apartamento invadido por um monte de estagiários e enfermeiros que curiosos vieram verificar o que estava acontecendo, junto com o médico de plantão. O meu obstetra ainda não havia chegado.

O medico de plantão queria cortar o cordão umbilical para ensinar os estagiários, sendo que no meu Plano de Parto constava que seria meu marido que iria cortar o cordão, assim que parasse de pulsar. E ainda queriam puxar a minha placenta! Nesse momento eu tive que impor minhas vontades, já expostas através do Plano de Parto, senão iria virar cobaia.

Consegui que meu marido cortasse o cordão e não deixei ele tirar minha placenta. Meu médico finalmente chegou. Nessa hora fiquei feliz em vê-lo e poder expulsar aquele povo do quarto. Ele me examinou e como tive uma laceração, precisei ser encaminhada para o centro cirúrgico para fazer a sutura. Esse foi o único momento em que me separei do meu filho, mas ele ficou seguro com o pai e todos os procedimentos “necessários” ao bebe foram feitos no apartamento na nossa presença. 

Não pude evitar a aplicação do nitrato de prata, mas não houve aspiração nasal e nenhum outro procedimento que havíamos colocado no plano de parto. Deixamos para dar banho nele em casa. Voltei para o apartamento e fui amamentar. Não consegui fazer ele mamá assim de pronto, só no dia seguinte que ele pegou o peito. Eu não me desesperei, pois sabia que isso podia acontecer e hoje ele mama muito bem e graças a Deus não precisei dar nenhum leite artificial para ele.

O Arthur nasceu com 3.325kg 50 cm às18h10min do dia 21 de fevereiro de 2014.

Eu pari e foi maravilhoso! Meu médico ainda me questionou se tinha valido a pena sentir tanta dor, pois ele não acreditava que eu aguentaria, respondi sem hesitar: "valeu muito a pena e faria tudo de novo!" Como disse meu marido: eu nasci para isso!

A Elis Loras tem 30 anos, é mãe do Gabriel nascido de cesárea 
há 10 anos e agora do Arthur, nascido de parto natural. 
É administradora, casada e mora em Porto Velho.


11 de março de 2014

Maternidade Ativa: vencendo os obstáculos da amamentação nos primeiros dias...


Conheça a emocionante história desta mãe de primeira viagem que, vencendo os obstáculos para amamentar o próprio filho nos primeiros dias, acabou sendo 'mãe' de outros tantos bebês!!! Ela saiu do total desamparo, acreditando não ter leite e ser incapaz de alimentar o próprio filho, sentindo-se culpada e cobrada para..... virar doadora de Banco de Leite!

<3



Eu quero dividir com vocês minha vivência sobre amamentação. Quando meu filho nasceu, há seis meses atrás, assim que saí do centro cirúrgico e fui pro quarto da maternidade foi uma dificuldade enorme conseguir amamentá-lo! O bico do meu seio era invertido e ele não conseguia fazer a sucção.

Nenhuma profissional da área médica soube me explicar algo simples como massagem ou drenagem no seio, por exemplo. Elas apenas diziam: “você vai ter que dar de mamar”. A aquilo me batia um desespero. Nem elas sabiam passar alguma informação sobre aleitamento porque tudo que faziam era apertar meu seio com força. Até quase ficar roxo!



Após a alta do hospital, cheguei em casa e nada de conseguir amamentar. A esta altura, eu já estava sofrendo. Até que recebia uma ligação da Izabela Texeira, Doula da Belloparto. Eu não me aguentei e comecei a chorar dizendo que não tinha leite, não conseguia amamentar... ela foi lá em casa na hora, mesmo estando há poucas horas de um compromisso de viagem.

Ela drenou o leite represado, massageou minha mama, me ensinou a fazer a ordenha manual e foi então que percebi, pra minha completa surpresa que: Sim! Eu tinha leite, e muito! Mesmo com muita gente me mandando desistir e dar leite artificial, eu consegui e a amamentação se estabeleceu!

Meu marido também foi de suma importância, com sua paciência e amor, me apoiando sempre. Finalmente meu bebê estava ganhando 45 gramas por dia! Os dias foram se passado, o Ben engordando sempre e, ainda assim, a produção de leite era tanta que decidi doar ao Banco de leite da minha cidade, em Porto Velho.

Atualmente, estou doando leite materno já há 6 meses e, nesse sábado, dia 8 de março, veio aqui em casa uma senhora do banco de leite, responsável por pasteurizar o leite. Ela me disse o seguinte depoimento:

"É você que é a Talita? Eu tinha que te conhecer pessoalmente, sou eu quem cuido do leite que você doa, quero lhe falar que o seu leite é um do melhores que recebemos, os bebês que tomam seu leite engordam muito, você tem 18 filhos (!) todos eles estão ficando gordinhos e saudáveis. Quero lhe dizer você é uma salvadora de vidas. Inclusive, temos uma mãe HIV positivo que não pode amamentar, mas o bebê dela tá engordando com seu leite. Obrigada"

Eu comecei a chorar, muito emocionada com tudo que ela disse. E ela: “não chore, senão eu choro junto”... e choramos, as duas!

Hoje (11/03/2014) meu bebê completa 6 meses de aleitamento materno exclusivo! Pra mim foi muito bom e realizador. Espero que esse meu depoimento fique como incentivo ao aleitamento materno e que as mães não desistam. No comecinho não é simples amamentar, mais é maravilhoso!

   
Talita Santana tem 28 anos, mora em Porto Velho 
e é mãe do Benjamin de 6 meses de idade . 



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