13 de dezembro de 2012

Maternidade Ativa: Dicas de leitura para gestantes


Há tempos que me pedem uma lista! Lista de livros, lista de DVDs, lista de blogs, lista de sites...

Eu prefiro chamar de enxoval! Sim, os noves meses de gestação são riquíssimos momentos de preparação e amadurecimento pessoal, como eu já disse por aqui.

Então, acredito que ler, participar de listas de discussões, assistir vídeos, ouvir relatos e estórias de outras mulheres, enfim, tudo isso forma nosso enxoval da alma.
Cada livro é um degrau na escadinha na nossa psiquê... cada relato faz eco dentro de nós... cada música pode fazer dançar nossa mulher selvagem...

Pedi ajuda da amiga Kalu, do Vila Mamífera, para finalizar a lista e 'voilà la', aqui está! E se você tiver mais alguma interessante sugestão, vamos anotar aqui...

Livros para gestação, parto, pós parto e maternagem

Mulheres que correm com lobos: Clarissa Pinkola (empoderamento feminino, autoconhecimento, psicologia)

Empoderando as Mulheres: Adriana Tanesse Nogueira (empoderamento feminino, exercícios de autoconhecimento para gestantes, preparação emocional para o parto e maternagem)

Origens Mágicas, Vidas Encantadas: Deepak Chopra (autoconhecimento, nutrição, tratamentos caseiros, yoga, mentalizações, preparação emocional e física para o parto, participação do pai)

Lobas e grávidas: Livia Penna Firme Rodrigues (empoderamento feminino, autoconhecimento, preparação emocional e física para o parto e maternagem)

A Bíblia da Gravidez: Vários autores (aspectos físicos da gestação, parto e pós parto. Com fotos) 

O Livro da Maternagem: Dra Relva. Editora Schoba.

Educar Sem Violência. Lígia Moreiras Sena e Andréa Mortensen. Editora 7 Mares.

Quando o corpo consente: Therese Bertherat (preparação emocional para o parto, relatos de parto)

Memórias do Homem de vidro: Ricardo Herbert Jones (estórias de humanização do nascimento, relatos de parto, empoderamento feminino)

Entre as orelhas - histórias de parto: Ricardo Herbert Jones (estórias de humanização do nascimento, relatos de parto, empoderamento feminino)

Parto Ativo: Janet Balaskas (Melhor livro de preparação para o trabalho de parto)

Parto com amor: Luciana Benatti (Relatos emocionantes de parto com belíssimas fotos)
Maternidade e o encontro com a própria sombra: Laura Gutman (Autoconhecimento, ser mãe e mulher, estado puerperal, maternidade)

Bésame Mucho: Carlos Gonzales (cuidados com bebês e crianças, maternidade, criação com vínculo)

O bebê mais feliz do pedaço: Hervey Karp (cuidados com bebês, maternidade, paternidade, criação com vínculo)

A criança mais feliz do pedaço: Hervey Karp (tem em DVD) (cuidados com crianças pequenas, maternidade, paternidade, criação com vínculo)

Infância Idade Sagrada: Evania Reichert: Psicologia, educação infantil, prevenção das neuroses

100 Promessas para o Meu Bebê. Mallika Chopra

Parto Místico: Uma história sobre o percurso feminino de empoderamento

Parto Alquímico: Uma história sobre o percurso feminino de transformação

Coleção Amigas do Parto: Relação de livros de empoderamento feminino para gestação, parto e pós-parto


DVDs, CDs, vídeos e artigos lúdicos

DVD 'O Renascimento do Parto'. Documentário com a segunda maior bilheteria do país.

DVD ‘Amamentação sem Mistério’ Grupo de Apoio à Maternidade Ativa - GAMA

DVD ‘Ciência do Início da Vida’ Eleanor Luzes: concepção, gestação, parto, e os primeiros anos de vida da criança.

CD ‘Vida de Bebê’: Músicas para cumplicidade com o bebê

CD ‘Nascer e Renascer’ Rosa Zaragoza: músicas para trabalho de parto, dança, ritmo, meditação

CD ‘Mozart para bebês’: Músicas para relaxamento na gestação, e pós parto.

Bonecas didáticas : http://flordosul.com (para chás de bebês, bênção da gestação, brincadeiras com filhos e/ou companheiro, desenvolvimento do lúdico)

Terra Flor Aromaterapia: óleos essenciais, óleos vegetais para gestação e parto

Slingue: Você e Seu Bebê juntos e com estilo: Carregadores de bebê: faixas artesanais e super fashion, para carregar bebês de várias formas.

Fraldas ecológicas: Fralda Bonita ou Fralda Madrinha (fraldinhas de pano feitas artesanalmente)
Higiene sem fraldas: Elimination Communication (método que dispensa o uso de fraldas através de profunda comunicação e vínculo com o bebê)

Blogosfera Materna

www.rehuna.org.br : Rede pela Humanização do Nascimento e Parto

Blog do pediatra Carlos Corrêa

Organização Parto do Princípio : Mulheres em rede pela Maternidade Ativa

Blog da Organização Parto do Princípio : Blog da rede ‘Parto do Princípio’ com relatos, artigos e ações.
Aleitamento Materno: O primeiro e mais antigo portal sobre amamentação do Brasil. Tudo sobre amamentação, eventos, artigos e livros.
Amigas do Peito: Grupo de apoio à amamentação.
Vila Mamífera: O maior portal da Maternidade Ativa do país
Amigas do Parto: Tudo sobre parto, relatos e artigos científicos (sem atualização)

ONG Amigas do Parto: Portal completo sobre gestação, parto e pós parto.

Cientista que Virou Mãe : Um dos melhores blogs sobre Maternidade Ativa
Blog da Doutora Melania Amorim : Melhor blog sobre evidências científicas na obstetrícia

Super Duper: Entretenimento e informação de qualidade, criação com vínculo, experiências maternas.
Post indicado: Tudo que você precisa saber sobre cesárea: www.superduper.com.br/2012/07/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre.html

Minha Mãe Que Disse : Portal com reunião de blogs sobre Maternidade Ativa. Entretenimento e informação, experiências maternas, sorteios.

Paizinho, vírgula! As aventuras de um pai apegado.

Memezinho da Mamãe : Blog de humor para mães.

Movimento Infância Livre de Consumismo: Blog sobre criação de filhos e consumo consciente, movimento que combate a publicidade infantil, responsabilidade dos pais.

Mamatraca: o melhor portal com vídeos sobre maternidade, carreira, comportamento.

Cesárea, não obrigada: melhor grupo do facebook para discussão sobre Medicina Baseada Em Evidências Científicas.

Parto Em Rondônia no facebook: Grupo fechado para discutir condições de atendimento obstétrico em Rondônia

Documentário Violência Obstétrica: A Voz das Brasileiras (sobre a realidade brasileira com depoimentos de mães de todo Brasil, inclusive eu, que sofreram violência obstétrica). Assista para não ser vítima!


Prestação de serviços em Rondônia

Em Porto Velho: Equipe Bello Parto

Em Rolim de Moura: Espaço Luz do nascer

4 de dezembro de 2012

Maternidade Ativa: Ela é índia. E eu, sou o que?


por Cariny Cielo

Participei de uma ação com indígenas da região de Cacoal, Rondônia, há uns meses. A etnia era Cinta Larga e Suruí. Fui a trabalho, mas carreguei meu filho mais velho e, enxerida curiosa que sou, não pude deixar de aproveitar a oportunidade para bater um papo de mulher e mãe, com mulheres que vivem realidade tão completamente diferente da minha.

E é diferente mesmo! Praticamente outro mundo; o mundo dos brasileiros por essência. Para saber mais e nunca mais pagar mico, vale a pesquisa aqui.

Comecei meio sem jeito de como se referir a quem não é índio. Se ela é índia (o correto é falar ‘indígena’), eu sou o quê? Afinal, ‘Cara Pálida’ me pareceu americano demais, apesar de o ‘pálida’ caber perfeitamente com a minha cara. ‘Homem branco’ é pior, parece saído daqueles livros de história do ensino fundamental e além do mais, nem branca eu sou...

Parece que o brasileiro que tem tudo misturado ficou num limbo entre tantos povos. De um extremo ao outro tem uma porção de versões para nós, mas em todos corre a mesma mistureba de sangue. Tá, chega de aula fajuta de história e geografia, não é aqui que você encontrará referências de qualidade para o tema.

O que me interessou foram as mães e mulheres indígenas, todas carregando seus bebês em lindas faixas coloridas. Eu mostrei a faixa que uso (o famoso sling de argolas) e uma delas achou o máximo. Mas fiz sucesso mesmo quando disse que meu caçula havia nascido em casa. Abalei geral, virei estrela... (mentira, parir em casa é normal... nada de mais pra elas, exceto o fato de eu ser: branca!).

Continuamos conversando e ouvi coisas terríveis, dignas de denúncia, como por exemplo, elas me dizerem que são orientadas a parir no hospital, mas chegando lá, não são respeitadas (que novidade!) em suas escolhas sobre posição, intimidade, liberdade de movimentos... enfim, sofrendo, inclusive, episiotomia... Eu disse que existem mulheres em todo país lutando contra esta falta de respeito no atendimento obstétrico. Pelo jeito, a violência com elas é ainda maior, pois é cultural e social também: ouvem piadinhas quanto ao número de filhos, quanto à dor durante as contrações, quanto ao aleitamento, quanto aos seus costumes...

E ouvi coisas interessantes sobre crianças indígenas. Eu perguntei se elas apanhavam, se ficam de castigo, se tinham problemas para dormir, se tinham problema para amamentar ou para o desmame, se era agitadas ou rebeldes (todos aqueles adjetivos que a criança ‘branca’ recebe).

Fiz esse tanto de questionamento e elas ficaram meio se entreolhando, com cara de dúvida, no melhor estilo de sequer entendendo bem o que a ‘cara pálida’ queria saber...

- “A gente não liga pra isso não”. Soltou uma. Eu entendi como “a gente deixa as crianças serem o que são: crianças”.

De fato, as crianças delas não apanham, nem ficam de castigo. Nem elas, tão pouco, apanharam quando crianças. Elas não sabem dizer quando desmamaram, nem de quanto em quanto tempo mamavam, por quantos minutos e em que têta primeiro (há!)...

Para nós, isso tudo soaria como uma completa bagunça, sem regra, uma anarquia! (deixa a Super Nanny saber disso! Ou ainda, mais na moda agora, o deseducador Marcelo Bueno, num quadro de péssimo gosto do programa 'Mais Você'.

E os filhos quando chegam à adolescência, eu perguntei, ficam rebeldes? Desrespeitam tudo e todos? Explodem, feito vulcões, em fúria contra a vida?

“Não... normal”, disse outra. Eles começam a se interessar em namorar, ir morar na cidade, estudar... questionam, claro, afinal, assim caminha a humanidade, mas não se vê a ‘aborrecência’ nem seus problemas adjacentes... simples assim também! Essas coisas não são assunto por lá... não sacodem especialistas... não mobilizam a sociedade...

Existe muita coisa boa no que construímos no papel de colonizador (escrevi isso mais pra ficar bonitinho do que porque acredito mesmo...), mas existe muita coisa boa que destruímos dos povos colonizados e que precisa ser reavivado.

Não sei se em todos os agrupamentos indígenas é assim, e também conversei com algumas poucas mulheres... longe de mim dizer “eles vivem assim” ou “eles não vivem assim” (tô fora de dar uma de besta igual fez o repórter Alexandre Garcia!)

Mas será que não podemos misturar uma cultura com a outra, colher o bom de cada uma? Ao invés de oprimir , apagar e ridicularizar não poderíamos mesclar?

Eles não têm uma pá de problemas que julgamos ter na criação de filhos, porque será? Há algo aí que precisa ser analisado e copiado, não? (favor concordar comigo AGORA!)

O 'carregar bebes', no meu ver, é um exemplo maravilhoso disso! Vejam Aqui e aqui os benefícios desta simples atitude da mãe e que, até pouco tempo atrás, era privilégio das crianças indígenas no Brasil (ou de alguma mãe-branca-bicho-grilo-reacionária). Tá aqui algo fácil de copiar e delicioso pro bebê.

Em Rondônia tem onde comprar, na Slingue, em Porto Velho. E custa muito mais barato que os carrinhos de bebês (que vão te manter longe do teu filho e te fazer raiva na hora de por e tirar de um carro, por exemplo).




Outro ponto que posso facilmente relacionar aqui e que podemos/DEVEMOS copiar:

Amamentação à livre demanda... conforme o fluxo de leite da mãe e o fluxo de emoções do filho.

Sem deseducação, sem indústrias de leite patrocinando eventos para pediatrias, ops!, aliás, sem pediatras dizendo como amamentar, sem leite fraco, bico raso, sem vizinha dizendo que o bebê precisa de mamadeira porque está magro, sem marido dizendo que os peitos são dele e não do filho, sem mãe precisando voltar ao trabalho depois de 4 meses enquanto a OMS manda amamentar exclusivo por 6, sem pressão sobre a mulher para voltar ao corpo e conseguir 'não parecer' que teve filho, sem pressão para a mulher voltar a trabalhar, sem pressão sobre a mulher!!!

Quer mais um ponto a copiar? Te digo agora!

Elas são mulheres que se ajudam e não que competem, como nós (bando de machista que somos! - pausa para ferver de ódio...

Mães, avós, tias, primas, irmãs, amigas... todas cuidam da puérpera, todas cuidam das crianças, todas se cuidam... todas dividem sabedorias, experiencias, e não críticas quanto ao visual da outra.

Parece que o nosso ruim está tão bem sedimentado (‘parecer’ é por pura cortesia) que sequer conseguimos questionar... e quem questiona é doida varrida! (no caso, eu que aqui vos escreve...)

Um exemplo claro da nossa incapacidade de mesclar o bom de cada mundo está no nosso sistema obstétrico. Sim, porque poderíamos ter toda a segurança que os avanços da tecnologia trouxeram e toda a intimidade que o parto, por ser um evento fisiológico e natural da mulher (lembra?), requer... juntinhos!

Mas não, ao invés disto e sob a pecha de evitar a morte e a dor, transformamos todo nascimento em uma patologia... e as gestantes, lindas e poderosas donas do mundo, perpetuadoras da humanidade, foram transformadas em bombas relógio prestes a explodir!

Eu quero conhecer mais esta cultura e trarei aqui todas as minhas impressões.

Recentemente meu filho mais velho me disse:
- puxa mãe, tadinho dos índios, devem passar frio morando na floresta

E eu: - Ué filho, claro que não... eles têm casas, à noite eles vão pras casinhas deles na floresta.

E ele continuou: - Mas como é a casa deles?

Pois é! Eu fiquei morrendo de vontade de saber e de mostrar pra ele!


20 de novembro de 2012

Sereias parindo em casa: como assim? Um relato de parto e uma amizade de infância...


por Cariny Cielo

Eu não tinha notícias dela havia muitos e muitos anos.

Mas ela foi uma amiga marcante de infância pela sincronia que tínhamos de ideias. Que ideias? Bom, a gente amava o mar, a natureza, adorávamos ser meninas, gostávamos de livros e de estudar coisas... ah, e queríamos ser sereia ou cientista... o que viesse primeiro. (pode rir...)

Mal sabia eu que, vinte anos depois, descobriríamos que nossa sincronia era, de fato, muito real!

Nossos últimos contatos foram trocas de cartas (sim, era na época das cartas) falando amenidades de meninas de 12 anos. Depois, caímos no esquecimento da vida adulta... Ela em Santa Catarina e eu em Rondônia.

Depois que meu Cassiano chegou por aqui, num parto em casa, por acaso, eu soube que também ela havia recém tido bebê. Fiquei curiosa e consegui o telefone...
A surpresa mais deliciosa do que conversar, adulta, com uma amiga de infância foi saber que, também ela, alguns meses depois de mim, deu à luz em casa, num magnífico parto domiciliar assistido pela equipe Hanami, em Florianópolis, sul do país.

Pois é. Eu em Rondônia e ela em Santa Catarina, separadas pelo tempo e pela distância, sem qualquer contato uma com a outra, vivemos plenamente o mesmo evento espetacular: parimos nosso filho na intimidade do lar, entre nossos sonhos e lençóis...

Fiquei emocionada quando conversei com ela pelo telefone. Talvez porque estávamos, as duas, invadidas pelo hormônio do amor, vivendo o mais feliz dos puerpérios... aquele que decorre de um parto empoderador e digno.

Hoje é aniversário desta mulher guerreira e quem acabou ganhando um presente foi eu! O privilégio de receber o relato de parto e dar publicidade a esta estória linda...

Obrigada amiga pela intimidade compartilhada com a facilidade de quem foi sempre querida, apesar do tempo e da distância!

Uma vida inteira nos separa, mas um evento no une agora e para sempre.

Tenho a honra de publicar aqui o relato do nascimento da Alice. A Larissa traz pra nós suas emoções e impressões...
A chegada dela foi linda, como foi a do Cassiano, a quilômetros de distância. E Alice significa defensora: desejo que ela seja mesmo uma defensora! Defensora desta forma de nascer!

Vamos ao relato:


"Com 13 semanas de gravidez tivemos a confirmação: “é uma menina” e não demorou muito pra escolhermos o nome, será Alice.

A sementinha de um parto domiciliar foi plantada em mim pela minha querida amiga Iara Feyer, mas desabrochou em nosso coração após uma conversa com o meu ginecologista, Dr. Marcos Leite, que nos tranquilizou e tirou todas as dúvidas. Desde então eu e meu marido Emerson amadurecemos a ideia, tiramos todas as dúvidas e preparamos tudo para este momento tão especial em nossas vidas.

Meus outros filhos, Beatriz (12 anos) e Tiago (7 anos), nos auxiliaram a escolher as músicas que ouviríamos no parto. Convidamos as amigas que gostaríamos que estivessem presentes neste momento e então tudo virou uma grande festa.

Quanto o prazo para seu nascimento chegou estava super tranquila, ao contrário das outras gravidezes, curtindo cada mexida que ela dava e confiando que ela é quem iria me dizer o momento exato pra nascer.

No dia 17 de março, já de noite senti muitas contrações de treinamento e fisgadas no colo, uma secreção avermelhada apareceu.

Mais tarde as contrações vinham com uma cólica no pé da barriga, e por serem curtas e fracas decidi que queria dormir o máximo que pudesse. E assim eu fiz, me deitei mesmo com aquela dorzinha chata e não senti mais nada.

Acordei 9 e meia e sem dor alguma, fiquei conversando na cama com o meu marido. Após uma meia hora, as dorzinhas voltaram e começaram a ficar mais fortes e regulares. Tomei um belo café da manhã e liguei para a Renata.

Assim que ela chegou as contrações pararam completamente, não senti mais nada. Ao me examinar constatou que já estava com 5 cm de dilatação e o colo bem macio. Só faltavam então as contrações voltarem pra valer.

Era 18 de março, domingo, um dia lindo de verão, com o céu límpido e com um brilho especial... O forte calor dos últimos dias havia finalmente dado uma trégua. Eu sentia: é hoje o grande dia, minha florzinha finalmente vai nascer.

Lá pelo meio dia as contrações voltaram, e começaram a aumentar a intensidade da dor. Pedi pro meu marido encher a piscina e colocar a água pra esquentar. Minha mãe preparava o almoço e começou então a organização da casa para o parto. A esta altura já havia ligado para a Renata novamente.

Minha amiga do peito e cunhada Denise já não cabia em si de ansiedade e já estava a caminho, junto com meu irmão Giordano.

Colocamos na sala o CD que gravamos pra este momento, e a emoção tomou conta da casa. Meu filho Tiago começou a chorar assim que a primeira música tocou, dizendo que nem acreditava que a maninha estava chegando. E eu, como uma boa gestante, chorei junto, lembrando do carinho com que selecionamos aquelas músicas, a dedicação que tivemos com a preparação do seu enxoval, seu cantinho... e por ver este momento chegar, exatamente do jeito que planejamos.

Quando a Rê chegou eu estava almoçando e a Dene e o Gi já estavam aqui, era 14:20 hrs. Não foi nem preciso me examinar pra ela ver que agora sim era pra valer. Meu marido avisou nossa amiga Juliana, a dinda Bety e a dinda Andréa, que imediatamente vieram presenciar o belo momento. O resto da equipe já estava a caminho.

A Ju ficou tão nervosa que nem se lembrava do endereço da minha casa.

As contrações já eram bem mais fortes e a Rê ensinou a Dene a massagear minha lombar com um óleo essencial de lavanda. Ela assim o fazia, com “aquela delicadeza” só dela. Nossa, como aliviava!

Pedi pra Rê ligar pra Iara e então chorei novamente. Chorei de saudades daquela que estava tão presente em meu coração, responsável por tudo o que estava acontecendo e que tinha tudo haver com aquele momento.

Quando a Rê foi escutar o coraçãozinho da Alice, a dinda Bety não aguentou, começou a chorar. Observei que ela se escondia pra que eu não percebesse, mas falei: “pode chorar cumadre”. E assim ela o fez, até o fim do trabalho de parto.

Minha filha quis presenciar o nascimento da irmã e estava conosco, auxiliando no que fosse preciso.

A casa foi tomada por uma alegria tremenda. Entre uma contração e outra dei boas risadas com o jeito alegre da Andréia, o nervosismo da Dene, o choro da Bety, as brincadeiras do Gi e a sinceridade da Ju.

Minha mãezinha querida estava auxiliando no que fosse preciso e meu marido na empreitada de encher e aquecer a piscina. O Gi ficou encarregado de tirar as fotos e filmar todo o processo.

Eram 16 horas quando a Clariana e a Vânia chegaram com todos os equipamentos para o parto. Pronto, agora não faltava mais ninguém. Neste momento as contrações estavam me partindo ao meio e já não conseguia me distrair. Pedi pra que meu marido temperasse a água da piscina logo, pois sentia que estava se aproximando o momento de conhecer minha filhinha.

Fui ao banheiro antes de entrar na piscina e o sangue lavou minhas pernas. Assustada, chamei a Clara que me tranquilizou e disse que estava tudo certo.

Então entrei na piscina. Agora éramos só nós duas, eu e a Alice, nos sintonizando pro grande momento. Já não via mais nada ao meu redor, todas aquelas pessoas já pareciam não estar mais ali. Ouvia apenas as músicas que tocavam naquele momento.

Meu marido ficou segurando a minha mão e me dando força para trazer ao mundo a nossa Alice. Minha mãe e minha filhota Beatriz ficaram próximas a mim, me acariciando e secando o meu rosto.

A Renata se pôs ao meu lado, o tempo todo, e jamais vou esquecer sua voz tão tranquila e amorosa naquele momento, dizendo “deixa ela nascer”. Lembrava-me do que fazer, como respirar e me tranquilizava. Sua presença naquele momento foi muito importante pra mim.

No intervalo de uma contração comecei a acariciar a barriga, ouvindo a belíssima música da Flávia Wenceslau (Te desejo vida). Neste momento me conectei com a minha cria, desejando a ela toda aquela poesia. E a contração veio com tudo e pensei “é agora”. Percebi que estava em outro mundo, deve ser a Partolândia, ouvia apenas as músicas que tocavam ao fundo.

Em um determinado momento abri os olhos e vi, na escada da minha casa, todas as minhas queridas amigas, sentadas, uma em cada degrau, observando o tão esperado momento. Foi a última coisa que me lembro, como um flash.

As contrações já eram muito intensas e me assustei com a bolsa que acabara de romper. Senti então que minha filhinha já havia coroado e confesso que, naquele momento, rezei pra que ela nascesse rápido. Minhas orações foram atendidas.

Senti a cabecinha dela saindo e, pela primeira vez nos três partos que tive, senti também seu corpinho se virando pra chegar ao mundo. Veio então a última contração, e senti ela escorregar de dentro de mim.

A Rê me entregou minha filhota, enfim ela chegou, da maneira como eu esperei, seguindo todos os planos pra este momento. E a alegria foi geral, todos estavam felizes e comemoravam sua chagada.

A Beatriz foi chamar o Tiago pra conhecer sua maninha e ele já veio chorando pela escada, muito emocionado com a chegada da sua tão sonhada irmãzinha. E neste momento a choradeira foi geral!

E com a minha princesinha nos braços chorei, mas chorei muito, emocionada por estar vivendo este momento tão sonhado, de ver seu rostinho pela primeira vez e vê-la com saúde.

O parto domiciliar foi pra mim muito mais do que esperava, me senti única e dona do meu parto. Sou grata as Hanamigas pelo respeito que tiveram com as minhas escolhas para este momento, por toda atenção dedicada a nossa família. Desejo a todas vocês que continuem acreditando no parto domiciliar, que possam proporcionar esta experiência a muitas mulheres.

Quero deixar aqui registrado um agradecimento especial a Renata por sua amizade, atenção e carinho que teve comigo. Suas palavras tão doces e tranquilas no momento do nascimento da minha florzinha me marcaram profundamente, espero que Deus guie teus passos pra poder auxiliar, cada vez mais, mulheres como nós.

Agradeço também a Clariana pela amizade e segurança que me passou, por sua mão tão “geladinha” no meu barrigão naquele verão tão quente (ai como era bom).

E a Vânia, por sua determinação em tornar possível este momento em nossas vidas, pelas boas risadas que demos aqui em casa nas consultas pré-parto e pela tranquilidade que passou pra minha mãe.

Sou grata também por existir aqui na ilha uma equipe tão maravilhosa, que pode nos proporcionar um parto natural e humanizado, respeitando-nos como mulher, mãe e família.

O parto da Alice foi uma experiência maravilhosa em minha vida e na da minha família e agradeço a Deus por tê-la vivido tão intensamente. Tudo foi perfeito, do jeitinho que imaginei, com todos os detalhes.

Hoje a Alice esta crescendo tranquila e com saúde, e enche a nossa casa de alegria todos os dias"


Ah, e me ajudem a dar os nomes de todo mundo na foto!!!

8 de novembro de 2012

Maternidade Ativa: Como amar? Larga tudo e vai se divertir com eles...



por Cariny Cielo

Esta é a semana do vínculo no Mamatraca que, segundo as próprias mamatracas, é um espaço para dar voz às mães reais, aquelas que sabem que não existem regras ou perfeição nessa jornada tão incrível e ao mesmo tempo desafiadora que é a maternidade. Não conhece ainda? Tá perdendo o que há de melhor na blogosfera materna!

A convite delas, mães de todo Brasil, inclusive essa de Rondônia que aqui vos fala tecla, enviaram vídeos e fotos sobre como amar nossos filhos.

"Como assim como amar? A gente sabe como amar um filho!". Você vai dizer daí...

Mas eu te digo daqui: Nem sempre! Afastadas que estamos de nossa essência num mundo cada vez mais consumista e descartável, muitas vezes esquecemos a simplicidade do 'amar'.

Esquecemos que a brincadeira é mais importante que o brinquedo. Que a presença é mais importante que o presente.

Abra seu coração aos seus filhos e sente-se com eles no chã de casa... quando você piscar os olhos, a casa estará vazia, mas seu coração cheio de deliciosas lembranças!

Como amar? Aqui vai uma porção de sugestões... invente a sua!



11 de outubro de 2012

Maternidade Ativa: Dia das Crianças: compartilhe brincadeiras

por Cariny Cielo

Eu quero muito parar com tempo para escrever o porquê de não deixarmos o consumismo crescer nos nossos filhos.

Eu quero muito parar para escrever sobre o que faz nossos filhos felizes e como semear neles a chama do verdadeiro contentamento.

Eu quero muito parar para escrever sobre nossa responsabilidade, como educadores, de preparar nossos filhos para o que der e vier da vida.

Mas, hoje, véspera do Dia das Crianças, eu só quero brincar! Este post faz parte da Blogagem Coletiva do movimento Infância Livre de Consumismo. Quer vir junto e engrossar o caldo? Clica aqui.

Fui à caça de registros das brincadeiras e atividades que fizeram mais sucesso por aqui e foi uma delícia relembrar... Separei as "TOP DEZ COISAS MAIS LEGAIS" que já fizemos juntos, eu e meus meninos, e que custaram nada ou quase nada. São brincadeiras, que viram presentes e presentes feitos brincando.

Vamos lá! 'mistermãeker' em ação!


1. Casinha de papelão.

Não tem uma só caixa que vejo por aí abandonada que não levo pra casa. É muito legal e é recomendadíssimo por especialistas por desenvolver a noção de espaço e do próprio corpo e, claro, por despertar o raciocínio lúdico e a criatividade.

Já fizemos de vários temas. Dá de fazer teatro pra fantoches, fogãozinho, carro, castelo de piratas. Um dos meus filhos gosta de virar as tampas pra fora e fazer de avião.

Esta foi com sobras de papel de presentes. Eu guardo todos! (Pausa para concorrer à serie 'acumuladores' do Discovery) e enfeites de algum aniversário saído do túnel do tempo, passa fita adesiva e pronto... até que durou uns meses.

Acredite, tem três crianças aí dentro!


2. Fantoche de meia.
Imagem: Thayssa Rocha

Esse lindinho é o filho de uma amiga, que fez sozinho este fantoche de meia. Quando eu vi, gamei na hora: talvez porque, com 3 filhos, a nossa capacidade de achar meia sem par seja gigante.

Aqui já fizemos vários, com meias que se perdem do seu outro par e ficam solitárias abarrotando as gavetas: fantoche nelas!


3. Pedras coloridas.

Foi sugestão do meu filho mais velho, de cinco anos, que queria fazer um presente pra a vovó dele. Este ano, no dia dos avós, eles colheram pedras de vários tamanhos e pintaram, com tinta de tecido. Fez sucesso no jardim! Eu adorei... Temos algumas já aguardando a funilaria e pintura para futuras brincadeiras e futuros presentes.

4. Porta coisas de latinha.
Imagem daqui

Vale qualquer latinha, qualquer potinho. Essas latinhas com colagens ou pintadas já foram presentes de natal da madrinha e guardam miudezas pela casa. Passando fita adesiva elas podem até molhar que não estraga.

Eu tenho muitas latas de uma época que meu miolo era de pote e eu achava que leite que vinha escrito a 'fase' do meu filho no rótulo era muito bom pra ele. Ufa, essa fase já passou! Mas as latas ficaram...


5. Bexiga d’água.
Imagem daqui

Essa brincadeira é genial! Por aqui a gente até desenha carinha nos balões e eles viram bebês de colo quando bem cheios. Se não colocar muita água, eles duram mais na brincadeira e viram divertidas bolinhas.

Eu sei que essa brincadeira é pra quem tem espaço, mas pode ser feita até dentro do banheiro, na hora do banho, por exemplo.

Gostamos muito de bexigas! Carrego um saco dentro da bolsa para emergências com 'crianças entediadas'.


6. Marcador de livros.

Esse foi feito nas férias do ano passado e está no meu livro de trabalho. Fui com as crianças e compramos umas miçangas, uns barbantes encerados... tudo à escolha deles. Fizemos vários desses, é ótimo pra coordenação motora fina e serviu de presente para professoras, coleguinhas e familiares.


7. Mudinhas de plantas.

Minha mãe tinha costume de enterrar tudo quanto era semente em algum vaso. Ela vivia cheia de mudas. Já demos de presente mudas de caju, de abacate e de jambo - este último super comum aqui em Rondônia.

Dá de produzir mudinhas em qualquer lugar, até em apartamento, usando garrafas pet cortadas ao meio. Na foto, o caçula mostra como fazer!

Decoradas, elas viram presente num aniversário ou para qualquer dia especial. Na festa de uma amiguinha da escola, meu filho quis fazer um pé de feijão, pois tínhamos recém assistido o filme do Gato de Botas. Fizemos o pé de feijão, que está no quintal, mas eu o convenci (às vezes dá certo) de dar presente uma mudinha de jambo.

É bem legal ver a sementinha brotar, cuidar todos os dias e acompanhar o crescimento para, finalmente, virar um presente carinhoso.


8. Cidade de fita crepe.

Esse foi legal demais! Gastamos um rolo todinho de fita, mas a pista ficou incrível! A parte de plástico, segundo eles, era um rio.

Dá de fazer cidades inteiras com fita crepe, explorando a casa toda!

Usamos carrinhos que já tinham e aqueles de plástico que vem de lembrancinha nos aniversários.


9. Obras de arte.

Fazer quadrinhos é bem legal... emoldurar depois e enfeitar a parede é top 10! Esse foi feito depois de assistir um programa na TV que ensinava a usar papel alumínio. E, vamos combinar, estragar papel alumínio é bem legal! Nunca tentou? Pois tenta... vai viciar! Ele é fácil de ganhar forma e aí... a criançada viaja na imaginação! Olha aí este astronauta!

Mas, para virar obra de arte, vale colagem, recortes, desenhos, qualquer obra inédita do seu pequeno artista. Eu costumo ter uma pasta com figuras legais que recortamos de tudo. Etiquetas de roupas (ai, 'acumuladora', eu!), lacres, sobras de pacotes. Tudo pode ser colado e vira alguma coisa que na hora não sei bem o quê, mas depois, os meninos se encarregam de encontrar um destino, uma missão praquele item (que fica eternamente grato por encontrar uma razão de existir)!


10. Fantasias malucas.

Fizemos estas com papel filme e foi muito divertido! Na hora eles não sabem muito bem de quê exatamente estão fantasiados, mas, quem se importa? A gente ri um bocado!

Tudo isso me remete muito a minha infância. Uma das coisas que eu mais gostava de fazer com meu irmão era investigar o guarda-roupa de 8 portas da minha mãe e inventar fantasias. Se eu fechar os olhos e me concentrar, consigo até sentir o cheirinho de 'quarto de mãe' e das roupas e acessórios dela.

Uma vez, eles inventaram fantasias com 'meias finas de mãe' (daquelas que rasgam no primeiro uso – alguém ainda usa aquilo?!). Bom, fato é que eu tinha (e ainda devo ter) umas perdidas pelo fundo do baú, e viraram bagunça nas mãos deles.


Diálogo:

- Vocês estão fantasiados de quê?

- Não importa, mamãe! importa que nós vamos salvar o mundo...



E quem duvida?

10 de outubro de 2012

Maternidade Ativa: Bilhete de filho...



Um dia, Mário Quintana deixou um Bilhete para sua amada...

Aqui, um filho deixa um bilhete para sua mãe, em homenagem à Semana Nacional de Incentivo ao Sling.



BILHETE 
(Cariny Cielo) 

Se tu me amas, carrega-me enroladinho 
Não me deixes sozinho sem um colo 
Tenha-me sempre slingadinho. 
Essa é a paz em mim 


Se és minha mãe, enfim,
Tem que me ter assim,
Bem carregadinho... 

Amado!
Que a infância é breve, 
e o ‘carregar’ mais breve ainda...

26 de setembro de 2012

Maternidade Ativa: A bicicleta de menino...


por Cariny Cielo

Eu não poderia deixar para escrever sobre o que me ocorreu hoje e perder essa minha versão 'saguenozóios' que tô aqui...

Vou começar dizendo que é tudo culpa de uma bicicleta! Sim, meu filho mais velho pede uma bicicleta nova desde abril. A dele, aro 12, já ficou pequena e rendeu deliciosos 3 anos!

Fui numa cidade vizinha onde montam bicicletas de todo jeito, ao gosto do freguês. Logo na entrada vejo várias infantis e de vários tamanhos.

Segundo o macho alfa especialista em bikes daqui de casa, a bicicleta adequada ao rebento é uma aro 16 e então fomos atrás de modelos deste tamanho.

O filhote queria uma com cesto na frente e garupa, igual a do filho de uma amiga minha que foi comprada no Paraguai, azul e branca, com desenhos de bombeiro.

Eu sabia que não acharia igual, mas queria encontrar uma com garupinha (para, quiçá, carregar os irmãos) e com cesto (para, quiçá, ajudar a manter alguns brinquedinhos reunidos).

Não achei nem um, nem outro! Ou melhor, achei! Todas nas cores rosa ou lilás... e o resumo do post de hoje é:

NÃO EXISTE BICICLETA 'DE MENINO' COM CESTO E GARUPA!!!!'

Exatamente! Meninos não devem carregar coisas ou pessoas... afinal, homens devem ser gregários, no melhor estilo 'sem lenço e sem documento'! Mulheres sim, devem carregar coisas e pessoas. Homens, não, de jeito nenhum!

Fiquei horrorizada com essa chatisse do mundo dividido em duas partes, a rosa e a azul. A agressiva e arrojada e a delicada e sensível! Não tem meio termo!

Não tem bicicleta azul com cesto para um menino que simplesmente gosta ou quer carregar coisas ou bicicleta rosa estilo 'montainbike' para uma garota que goste de velocidade.

Se for menina, tem que adorar rosa ou liás, carregar coisinhas e andar flutuando por aí. Se for menino, tem que querer azul ou preta e sair dando rabeada com o pneu traseiro...


Seu filho deverá escolher um lado e 'ser encaixado' nele! Digo 'ser encaixado' porque embora haja, sem dúvida, alguns padrões de comportamentos femininos e masculinos, tenho observado que muito vem das sugestões que recebemos e não da essência do indivíduo.
Outra coisa que percebo é que isso é recente! Ninguém vê fotos antigas dos nossos pais, na infância, com utensílios tão milimetricamente divididos entre o mundo encantando do rosa ou o mundo agressivo do azul.
Até a moda está assim agora. Com grifes exclusivas para meninos e outras para meninas. Mochila para meninas e para meninos. Fantasia para meninas e para meninos. Copo de plástico para menina e para meninos. Lembrancinha nos aniversários para meninos e para meninas. Comida (sim, tem salgadinho para os dois sexos, quando eu achar, fotografo e posto aqui!) para meninos e para meninas. Aff... que chato! Se você não é rosa, tem que ser azul!

Estou eu aqui com um menino que quer uma bicicleta com cesto, só isso, e... não tem! O espanto do vendedor me fez compreender que meu pedido era praticamente absurdo. Aliás, vendo um catálogo eu achei uma modelo masculino e com cesto, o que ele me disse? "Ah, quando a gente monta, a gente tira o cesto porque é bicicleta masculina". Ó CÉUS...

Aí todo mundo na oficina e na loja começou a rir do me pedido... nesta altura até o macho alfa resolveu virar machão e soltar um "ah, eu se fosse menino tirava o cesto também". Ferrou pro meu lado... e pro lado do meu menino que queria tanto uma bicicleta para carregar coisas ou pessoas!

Aí me veio a fúria que tenho guardada (tão bom soltar aqui!) sempre que passo pela seção de brinquedos do supermercado e vejo pias, tábua de passar ferro, geladeira, fogão, todos rosa... com ilustração de meninas... definitivamente, o grosso da indústria de brinquedos não evoluiu! E de bicicletas também!

Eu não quero ter que dizer pro meu menino que só bicicletas de menina têm cestos e garupa! Ou que ele tem que escolher com o quê brincar baseando-se no fato de ser menino...

Que saudade do tempo em que minha Barbie ficava presa no Quartel General dos Comandos em Ação do meu irmão. De quando eu vestia ele de mulher e o fazia desfilar comigo. De quando eu fui fantasiada de Charles Chaplin em um evento da escola... E da minha bicicleta, de menino e com garupa...



Imagens: Google e Veja São Paulo

19 de setembro de 2012

Diário de Grávida: Dias 15...19 de setembro de 2011...


Há mais de dez anos atrás, eu participei do Encontro de Yoga da AYRON (Associação de Yoga de Rondônia) e fiquei responsável por aplicar a sessão de relaxamento com todos os participantes!

Sempre fui apaixonada por rock e, na época, quis fugir do comum e escolhi uma música do Beatles chamada Across The Universe. O refrão diz "nada vai mudar o meu mundo...".

Tá, mas o que isso tem a ver com minha retrospectiva?
Certo, vamos lá! (vai ficar bom, acredite!)

Dia 15 de setembro, há um ano, eu tive um dia difícil. Náuseas, desconforto, falta de ar, irritação, dor... fui pra casa tentar relaxar e cheguei a pensar "se for a hora, então, pelo jeito, o negócio vai ser pedreira", porque realmente estava doendo muito minhas costas, minha virilha, minhas coxas, minha cabeça... doía tudo...

Liguei um canal de músicas na TV e, que música surge?

Esta música, década depois, ouvida novamente num momento muito, muito especial... um reencontro. Além de delícia de ouvir por acaso uma música que a gente gosta muito e muito significativa (quem já passou por isso entende!), a letra parecia ter sido escrita, com carinho, para mim, para este momento único que estava se ajeitando...

Nada vai mudar meu mundo!

Sim, e o meu mundo, meu cenário, meu corpo, meu parto estavam todinhos desenhados... e foi aí que eu me convenci...

Ouvir essa música nas vésperas do parto foi a cereja do meu bolo!

Na manhã do dia seguinte, eu escrevi assim:

"As águas amanheceram calmas após o temporal de ontem, mas um tsunami se prepara, com esmero, nas profundezas do meu corpo e alma".

E saí escrevendo:

"Estamos aqui completando 39 semanas de amor e fé na Vida"

"Filho, eu confio em você! Eu confio em mim! Eu confio em seu pai! Eu confio em Deus! Nossa fé é absoluta... sei o que o melhor está por vir"

"Venha com vontade de me ver, não tenha medo"

"Quando a mente se cala, o corpo assume o comando"

"Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem"

"A medida que permitimos que nossa própria luz brilhe, inconscientemente nós damos aos outros permissão para fazer o mesmo. A medida que somos libertados do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente liberta os outros."

Definitivamente, eu era uma mulher focada!!!


Eu sonhei com o Ric Jones (vc tem que saber quem ele é! Autor de "Memórias do Homem de Vidro" e "Entre as orelhas: hitórias de parto" que podem ser comprados aqui).

Eu tomei banho de rio, comi bolinho de chuva feitos com carinho pela minha sogra, chorei de emoção ao ler a Carta da Nona Lua, procurei qualquer nozinho dentro de mim que pudesse me prejudicar... eu queria liberdade!!! 


Acordei no dia 20 pensando: vou chamá-las mas não esperá-las. Ou seja, eu iria chamar a assistência de Porto Velho, capital, mas sentia que não poderia ficar à espera delas! À noite, tive muitas contrações... eu sabia que seria no dia da árvore... como eu sabia tão bem? Nem eu sei... até hoje, tem vezes que eu me assusto com tanta conexão.

Ah, eu não esqueci da música não! Aí vai... (e diz se não dá de relaxar e se entregar!!!)



Através do Universo
Palavras flutuam como uma chuva sem fim dentro de um copo de papel
Elas se mexem selvagemente enquanto deslizando através do universo.
Piscinas de mágoas, ondas de alegrias estão passando por minha mente
Me possuindo e acariciando

Glória ao mestre

Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo

Imagens de luzes quebradas que dançam na minha frente como milhões de olhos
Eles me chamam para ir através do universo.
Pensamentos se movem como um vento incansável dentro de uma caixa de correio
Elas tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho pelo universo

Glória ao mestre

Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo

Sons de risos, sombras de amor estão tocando meus ouvidos abertos
Incitando e me convidando.
Ilimitado amor eterno, que brilha em minha volta como milhões de sóis,
E me chamam para ir pelo universo

Glória ao mestre

Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo

Glória ao mestre

Glória ao mestre

13 de setembro de 2012

Diário de Grávida: Dias 10... 14 de setembro de 2011...

Há um ano eu completava as 38 semanas! Para os GOs anti-éticos, é o dia perfeito para marcar a cirurgia...

Eles dizem "seu bebê já está maduro", mas meu raciocínio - que eu nada modestamente acho bem coerente - diz: se ele estiver pronto mesmo, vai avisar, obrigada!

Grávidas que me leem, é simples: se o bebê está pronto ele não vai ficar perdendo tempo dentro da barriga, nem se enforcando no cordão, nem envelhecendo sua placenta, nem nada... ele nasce! Simples, mas imensamente mal compreendido.
Só não entra em trabalho de parto, a mulher que é operada antes. Simples assim mesmo, insisto!
Como aqui eu posso falar, vou tentar te convencer de que escolher o dia do teu filho nascer não é bom para ele, nem pra ti! "Quem ela pensa que é?", você vai dizer daí e eu me defendo dizendo que vou usar a lista da Médica Obstetra Doutora (com doutorado) Melania Amorim!

Melhorou, né?

Um nascimento programado por cesariana eletiva (ou seja, antes de entrar em trabalho de parto) pode acarretar problemas de saúde no bebê, por exemplo (o rol não é se esgota, tá?):

1. Maior frequência de problemas respiratórios, de admissão em UTI neonatal e pequeno, porém significativo aumento, do risco relativo de morte neonatal;

2. Maiores dificuldades para estabelecer amamentação;

3. Maior chance de afastamento mãe-bebê e todas as sequelas decorrentes;

4. Nascimento prematuro por erro de datação de idade gestacional ou simplesmente, por retirar antes da hora um bebê que, mesmo a termo, não estava biologicamente programado para nascer;

5. Aumento do nascimento de recém-nascidos "termo precoce", entre 37 e 38 semanas, com maior morbidade em relação aos recém-nascidos com 39 e 40 semanas;

6. Aumento do risco de alergias, atopias, no futuro;

7. Aumento do risco de obesidade na infância e idade adulta;

Isso tudo falando somente do ponto de vista do bebê, ainda têm as complicações maternas.
Dia 12, há um ano, eu tive consulta pré-natal! Minha cara de paisagem nas consultas era comédia pura! Lembro do médico perguntar:
Alguma dor, alguma queixa, sangramento, pressão irregular???
E eu: nada..

Meu marido brincava dizendo que provavelmente os médicos detestavam me atender pois eu os fazia se sentir impotentes! ha ha ha

Discuti com 3 médicos sobre a questão da episiotomia, o 'pique'. Mesmo eu dizendo que não queria, todos diziam que só iriam poder decidir isso na hora. O que em bom português significa "se eu quiser, eu vou fazer sim".
Ao que parece, o índice de episiotomia em Rondônia gira em torno de algo como 110%, tem mais 'pique' do que vagina por aqui...


Dia de consulta, pra mim, era um dia triste de constatar que eu caminhava para um tratamento frio e distante e que meu bebê sofreria todas as intervenções horrorosas que já são desaconselhadas pela OMS... como a questão do corte abrupto do cordão umbilical, que eu já falei aqui.

Acabo de constatar que se eu fiz o diário para mostrar pros filhos quando estiverem maiores, eu já comecei com o pé esquerdo! Não sei que meleca que deu na caneta que usei... borrou tudo, pra todo lado...enfim, mas grávida tem que ter diário...


Teve Conferência de Políticas Públicas para Mulher aqui em Cacoal ano passado. Eu fui representando a Rede Parto do Princípio. Consegui a palavra, falei do não cumprimento da Lei do Acompanhante, das episiotomias de rotina, do excesso de cesáreas, do não apoio à amamentação... parecia outro idioma! Ponto negativo pra Rondônia... snif snif snif
Eu leio este singelo diário e, ao que parece, vejo que eu não conseguia me permitir dizer "quero parir sozinhaaaaa".
Sim, vejo em mim uma eterna ambivalência entre me submeter ao que os hospitais podiam me oferecer e ao desejo profundo da minha alma de ficar em casa e receber meu filho assim, com naturalidade.

Eu chamei pela força, eu chamei pela Deusa do Parto, Ártemis, e ela foi devagarzinho invadindo meu ser e me formando como mulher. Quando penso, hoje, em como eu estava focada, direcionada, segura, tranquila, até assusta... de fato, eu estava assustadoramente calma e serena.

Lia os livros 'Empoderando as Mulheres' e 'Origens Mágicas' e tudo aqui me dava ainda mais certeza do meu feminino...

Há um ano eu estava prestes a viver a maior aventura da minha vida...
Alguém duvida?
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