13 de dezembro de 2017

Relato de parto da Daniele: parto normal hospitalar em Porto Velho

 

História linda da Daniele que teve seu filho Gabriel de parto hospitalar com doula, em Porto Velho.
Desfrute!




Nunca fui daquelas que sonham com casamento ou maternidade, mas quando conhecemos uma pessoa especial há uma mudança nos conceitos sobre família. Mesmo sem muitas expectativas para o crescimento de nossa família, decidimos então não nos preocuparmos com métodos contraceptivos.

Já tinha feito inúmeros testes de farmácia, inclusive na primeira semana de dezembro de 2016. E no dia 07/12/2016 resolvi fazer um beta só para provar à uma amiga que eu não estava grávida. Ao abrir o exame fiquei em choque! O chão saiu debaixo dos meus pés e senti vários calafrios pelo corpo.

Estou grávida! E agora? Como contar ao marido que ele seria o pai do ano de 2017? Resolvi então comprar algo especial e simbólico para esse momento, comprei um body branco com a oração do Santo do Anjo, embalei para presente e fiz um cartão de boas-vindas do filhote para o papai.



Lágrimas de alegria transbordaram e nossa caminhada começou. Primeiro trimestre se passou, nada de enjoos, apenas o cansaço, normal numa gestação saudável. Sempre fiz atividade física e mantive minha rotina com o personal training Fabrício Souto e decidi complementar com pilates para gestante na Clínica Vitalle sob a supervisão das queridas Maysa e Gisele. E pensando em todos os benefícios que meu corpo teria, complementei com drenagem linfática realizada pela querida Rosa Márcia.

E assim segui com minha rotina de cuidados por toda a gestação. Segundo trimestre chegou e descobrimos o Gabriel: um anjo em nossas vidas! Igual como sonhamos num belo dia de missa ao ouvirmos o sermão sobre o Arcanjo Gabriel. Nos encantamos com seu significado e decidimos que esse filho seria recebido em nossas vidas da mesma forma: como o mensageiro de Deus, um homem de Deus, portador de notícias abençoadas e servo do senhor.

Nome escolhido, faltava decidir sobre o parto. Assistimos “O Renascimento do Parto” e foi suficiente para que eu ficasse em choque na frente da TV. Quanta violência obstétrica, quanto despreparo de muitos profissionais, então ficou claro o motivo de tantas experiências ruins de parto. Conversamos com o obstetra sobre a decisão do parto, esclarecemos muitas dúvidas e medos. Seguimos assim ao longo dos meses, buscando conhecimento, histórias e conversando muito sobre tudo que aprendíamos.

Após muitas histórias e muita leitura, tomei coragem e decidi enfrentar o parto normal. Considerei importante meu filho escolher o momento do seu nascimento e os benefícios do parto normal pra nós dois. Tive 100% de apoio do meu marido e tinha certeza que estaríamos juntos em todo o processo. E assim, seguimos para o último trimestre da gestação. Chegamos no 7º mês, confesso que pensei em desistir, pois ainda estava confusa e cheia de medos, mas o medo de uma cirurgia era muito maior.

Decidimos contratar o serviço de doula para me acompanhar e apoiar nessa caminhada, então chegamos até a Talita e Helena do Grupo Araripe. Meu maior medo era desistir e pedir uma cesárea nas primeiras contrações, no fundo eu não acreditava que era capaz. E na semana 37 percebemos como o tempo passou rápido, principalmente com a chegada dos falsos pródromos e com a saída do tampão mucoso. Nos vimos atrasados com os preparativos para a chegada do Gabriel e pensamos: precisamos agilizar!

Chegamos na semana 38 e eu não queria que ele nascesse ainda, meu obstetra estava viajando e eu fazia questão que o parto fosse com ele. Fiquei a semana inteira de repouso absoluto para garantir que chegaríamos na 39º semana. E finalmente a semana 39 chegou. Estávamos prontos para o encontro mais importante de nossas vidas. Eu tinha certeza que Gabriel nasceria naquela semana. Retornei paras as atividades físicas pensando que isso poderia ajudar no “início do trabalho de parto”. Saiu lua, entrou lua e Gabriel não deu sinais. A frustração chegou, pois eu já sabia que tinha um prazo para parir normal. Ao entrar na semana 40 comecei a ficar ansiosa, o médico já havia conversado conosco e informado que ele só poderia esperar até o início da semana 41. Comecei a pensar o que eu poderia fazer para ajudar, pois já estava convicta de desejava o parto normal.

Não queria cesárea desnecessária, considerando que eu e meu bebê estávamos em ótimo estado de saúde. Conforme os dias iam passando a decepção se instalou e comecei a pensar que não conseguiria. Intensifiquei as atividades físicas (sempre com orientação dos profissionais que me acompanharam) e nada do Gabriel. Comecei a considerar fazer a indução do parto, mas sem muito ânimo pois não tinha planejado ou desejado que fosse assim.

Descobri a indução natural do parto usando técnicas não farmacológicas (acupressão, alimentação, massagens relaxantes e etc) e segui todas as orientações das doulas e dicas recebidas de amigas. Nada ainda. E chegou o domingo, era dia dos pais e eu completava 40 semanas e 6 dias. O dia seguinte era o limite do prazo acordado com o médico. Já estava preparada psicologicamente para decidir entre a indução ou a cesárea.

Em homenagem ao “novo papai”, decidi fazer seu bolo preferido e às 10 horas da manhã, ao me abaixar para olhar o forno, eis que veio a surpresa. Ouvi um “ploc” e em seguida um líquido escorreu pelas minhas pernas: a bolsa estourou. Até que enfim, pensei. Já estava desacreditada que esse momento chegaria, depois de muito engano (por causa dos pródromos e perda do tampão) finalmente a hora chegou.

A família ficou eufórica, mas eu respirei, mantive minha calma e segui meu dia normalmente. Resolvi descansar após o almoço, já considerando que que eu poderia ter uma madrugada bem agitada. Dito e feito: a primeira contração chegou às 17h, leve e suportável. Às 19h resolvi fazer caminhadas no condomínio com a companhia do marido, bebendo muita água e me distraindo sempre que possível. Após 30 minutos de caminhada, a dor apertou e só consegui pensar num banho bem quente.

E assim seguimos ao longo da noite, entre contrações, massagens, técnica de respiração, risadas e amor, muito amor. Ora preferia ficar embaixo do chuveiro, ora abraçava o marido, ora deitava. As contrações estavam tão arrítmicas que não conseguia identificar o quão próximo estávamos de chegar nos 10 cm de dilatação. Às 23h fomos ao consultório do médico Rodrigo Carrapeiro para realização do toque, eu acreditava que estava na fase ativa do trabalho de parto, estava sentindo muita dor. Passei mal à caminho do consultório, vomitei várias vezes, tive calafrios e já tinha me convencido que o final estava próximo. E quando o médico falou que estava apenas com 2 cm de dilatação me desesperei. Pensei: não vou aguentar!




Pedi anestesia (mesmo sabendo que não ganharia) e então me descontrolei. Precisei de muita oração para recuperar o controle da situação. Cheguei no hospital por volta de 01:00 hora e fui direto para a sala de parto normal (meu médico já havia falado com o plantonista) na companhia do meu esposo e das minhas doulas. Só aí que pude ficar mais confortável, então sentei na bola de pilates embaixo do chuveiro e namorei a água quente escorrendo pelo meu corpo. Enquanto isso pedi que enchessem a banheira de hidromassagem e comecei a me concentrar no meu mundo.

Após alguns minutos de massagens, algumas conversas e exercícios para acelerar a dilatação, resolvi entrar na banheira. A água estava perto dos 40º e finalmente a dor se foi. Que alívio! Fiquei ali por horas, me concentrando nos sinais do meu corpo, na minha decisão e no meu filho. Não sei se a reclusão no meu mundo foi tão intensa que me fizeram não mais perceber as contrações ou se de fato a dor tinha ido embora. 

Às 4h da manhã senti a primeira vontade de “empurrar” que era incontrolável, resolvi então sair da banheira e me posicionar para iniciar o expulsivo. Fiquei de pé e apoiada no espaldar fazia força para a posição de cócoras em cada contração que chegava. Já não sentia mais nenhuma dor, apenas meu corpo trabalhando para expulsar Gabriel do meu ventre. Após muitas tentativas, passei por novo toque e descobrimos que Gabriel já estava na metade do caminho. Mais força, mais concentração e mais expectativas. Estava ficando cansada já. Depois de passada 1h do último toque, ainda usando a mesma posição, um novo toque foi feito e veio a surpresa: Gabriel continuava no mesmo lugar. Não tinha descido mais nada. Veio novamente o desespero!!! E agora? Fiquei preocupada com meu filho e comecei a pensar o que eu estaria fazendo errado. 

Concluí que precisava me concentrar e fazer acontecer, afinal de contas eu tinha decidido desta forma. Respirei fundo, me empoderei totalmente do meu corpo, da minha mente, relembrei tudo que havia aprendido ao longo das 41 semanas de gestação e mudei de posição. Decidi que Gabriel deveria nascer logo e escolhi a posição de 4 apoios na bola de pilates para fazer acontecer.

Em cada contração eu controlava a respiração e executava tudo aprendido na fisioterapia com a Camilla Patriota. Assim empurrei Gabriel pro mundo. Imagino que quatro contrações depois da minha decisão, senti meu filho coroar. Que euforia, que alegria. 

Me preparei, respirei fundo e na contração seguinte Gabriel nasceu!! Às 07:50h da manhã do dia 14 de agosto de 2017, com 52 cm e 3.955kg, piscando para o mundo. Que momento único!! Nosso nascimento foi inesquecível: minha versão materna e a chegada do meu bebê. Não tem preço que pague esse momento. Quanto orgulho e alívio meu marido sentiu. Finalmente conhecer nosso filho foi inexplicável.



E quando veio a calmaria pensei: Meu Deus, eu fui capaz de parir. Logo eu! Que orgulho de mim! Não tive lesões no períneo, não passei por nenhum procedimento desnecessário, fui tratada com muito carinho por todos os profissionais que me acompanharam em toda gestação e com toda certeza digo que faria novamente. 

Considero que tive o parto dos sonhos. Aprendi nessa jornada que um bom acompanhamento, com bons profissionais fazem sim diferença na evolução do trabalho de parto, mas se você não tiver determinação, conhecimentos da sua escolha e auto-controle, a chance de você desistir é imensa. Esse com certeza foi até hoje o momento mais feminino de toda minha vida, de uma intensidade que só quem sente é capaz de descrever. Às 9:00 h eu já estava no apartamento com Gabriel em meus braços, vivenciando o amor incondicional que é a maternidade.













 
Daniele é dentista, mãe de primeira viagem do Gabriel, apaixonada por animais e casada com Theo há 5 anos. Gabriel é fruto de uma história de amor que já dura 11 anos e veio para completar nossas vidas.

9 de dezembro de 2017

Relato de parto da Mádala: parto normal hospitalar em Ji-Paraná



Faz 6 anos que pari meu último filho e tem 3 que não amamento mais. Este distanciamento de eventos femininos tão viscerais (parir, amamentar...) me faz, muitas vezes, se afastar de minha essência, já que poucas experiências são tão impactantes para nós mulheres quanto estas. Mas eu consigo trazer à tona todas essas emoções genuínas sempre que recebo presentes como este, no email partoemrondonia@gmail.com. 

O relato de parto da Mádala que trago aqui hoje me lembrou muito o relato do parto normal do meu segundo filho, que está aqui, por conta da gratidão imensa que ela deixou transbordar nas palavras... Agradecer a experiência do parto ao filho que chegou é de uma conexão tão profunda, explicada pela Ciência do Início da Vida, que chega sufoca de emoção! 

Curta esta história linda, recheada de amor e fotos!





Pois bem! Tudo começou em fevereiro de 2016, quando eu e meu então namorido Alex, descobrimos estar grávidos. Eu havia parado de tomar o anticoncepcional por quatro meses, em razão de um nódulo no seio, benigno, mas que me fez pensar em parar com o uso desse hormônio. Contudo, passados esses meses, comecei a ficar com medo de acontecer uma gravidez indesejada , e voltei a tomar o medicamento. O que eu não me atentei, foi para aquele prazo de 30 dias informado na bula dos anticoncepcionais, uma vez que já tomava há mais de cinco anos, pensei que desde o primeiro dia que tomasse a pílula já estaria prevenida. Ledo engano! Rsrs!

E aí, SURPRESA, dores nos seios, menstruação atrasada, teste de farmácia, estamos GRÁVIDOS! Foi um super susto, ainda não éramos casados, a data do casório estava marcada para maio, e além disso, meu emprego era um cargo de confiança, sem qualquer estabilidade. Chorei litros, mas depois foi só alegria, meus pais vibraram, vovó Raimunda (mãe do namorido) ficou radiante...

Primeira ultrassom, com apenas seis semanas, tudo ok! Segunda ultrassom, com 11 semanas, tivemos a triste notícia de que nosso já tão amado bebê não apresentava batimentos cardíacos. Era um aborto retido. Choramos muito. Tive que passar por uma curetagem, processo extremamente doloroso, meu coração ficou em pedaços. E então eu vi nascer em mim um desejo enorme de ser mãe. Perder aquele pequenino ser, me fez enxergar a vida de outra forma.

Eu e namorido nos casamos em maio de 2016, e nos programamos de engravidar novamente logo que eu fosse convocada para assumir o cargo de um concurso que eu havia sido aprovada. Tomei posse em setembro de 2016, e logo em seguida começamos a tentar.

Em meio a esses meses, estávamos passando pelo momento mais difícil de nossas vidas. Minha amada sogra estava lutando contra um câncer severo e raro, descoberto em junho. A perdemos no final de outubro do mesmo ano.

E assim, em meio a toda tristeza pela perda de uma pessoa tão amada, Deus nos presenteou com o sonhado positivo. Após a morte, Ele nos deu VIDA, maior motivo para seguirmos em frente.

Primeira ultrassom tudo ok. Segunda ultrassom, com 13 semanas, aquele medo enorme de acontecer um aborto retido novamente, mas fomos agraciados por fortes batimentos cardíacos. Foi quando descobrimos que teríamos um meninão, nosso Eduardo, carinhosamente apelidado de Dudu.

A partir disso comecei a pensar em que tipo de parto eu teria. Influenciada pelo estilo de alimentação que eu estava seguindo há alguns meses, baseada em menos industrializados e mais comida de verdade, decidi que não haveria melhor escolha para a minha saúde e do Dudu do que o parto natural.

Então passei a me empoderar! Comecei assistindo ao documentário ORenascimento do parto. Fiquei encantada e ainda mais consciente da minha escolha. Por meio desse filme conheci o trabalho da Dra. Melania e passei a acessar seu blog "Estuda Melania, Estuda", por meio do qual ela disponibiliza informações a respeito do parto, todas baseadas em evidências científicas. Foi quando tomei conhecimento de que, principalmente por interesses econômicos, a maioria esmagadora de nossos médicos são cesaristas, razão pela qual são realizadas muitas cesáreas desnecessárias (desnecesáreas) em nosso país.

Me empoderei e fiz o mesmo com o maridão e meus pais, que me apoiaram incondicionalmente.
Alegria enorme foi descobrir que minha ginecologista, a competentíssima Dra. Adélia F. Pompeu, na contramão dos demais profissionais da área, é a favor do parto natural humanizado, tendo, inclusive, uma sala própria para isso no hospital HCR Maternidade, em Ji-Paraná. Nunca me esqueço dela me dizendo, em uma das inúmeras consultas de pré-natal, que: "O parto está na cabeça da mulher".


Outras influências para essa decisão foram: minha mãezinha, que apesar de ter tido cesáreas (assistida por médico cesarista, infelizmente não poderia ter sido diferente), esperou pelo momento que eu e meu irmão quisemos nascer. Minha sogra, que teve os quatro filhos de parto normal.

Minha cunhada Yasmine, que também passou por essa experiência, quando nasceu nosso amado sobrinho Isaac. Minhas avós materna e paterna, que tiveram 14 e 9 filhos, respectivamente, de parto natural. Uma colega de trabalho, Mileide, cujos relatos de parto eu li, e me influenciaram muito. Minha fisioterapeuta e amiga Keila, que também optou pelo parto normal no nascimento das suas princesas. E às inúmeras mamães que redigiram os vários e vários relatos de parto que eu li e reli.

Por volta das 30 semanas de gestação, em razão de uma conversa em família, percebi que apesar de me apoiarem, maridão e meus pais não estariam preparados emocionalmente para o dia do parto, e talvez sucumbissem a uma cesárea se me vissem sofrendo. Foi quando decidi que precisava de uma Doula. Pesquisei na internet, e encontrei o nome da Layne, no site Parto em Rondonia . Entrei em contato e marcamos um encontro. Conversamos bastante, e eu e minha família gostamos muito da Layne, e então fechamos nosso contrato verbal de que ela estaria conosco nos apoiando no dia do parto.



Tive uma gestação muito tranquila. Durante o terceiro trimestre passei a ter varias contrações de treinamento (Braxton Hicks) que me assustavam muito, em razão de ser marinheira de primeira viagem, rsrs, o que fez com que me adiantasse um pouco e tirasse a licença maternidade com 38 semanas de gestação, uma vez que moro em São Francisco do Guaporé, e não queria ter Dudu por aqui, em razão da política do único hospital da cidade, onde não é permitida a entrada de acompanhante com as mulheres que estão parindo, são obrigadas a parir deitadas, e são realizados vários procedimentos desnecessários, como a episiotomia.

Então, com 38 semanas de gestação fui para Ji-Paraná, aguardar na casa dos meus pais a hora do Dudu querer nascer. A ansiedade era meu segundo nome. Então passei a fazer várias coisas que poderiam ajudar a induzir o parto de forma natural. Passei a fazer acupuntura com a Fisio e amiga da família, Juliana Oliveira. Pulava e pulava na bola de pilates. Comidas picantes, chás de canela. E nada do Dudu querer nascer. Rsrs! Poucos sinais, algumas colicazinhas que passavam rapidamente ao tomar um banho morno.

Com 39 semanas ganhei uma despedida de barriga da querida Doula Layne. Que momento maravilhoso proporcionado por ela. Ganhei uma coroa de flores feita por ela, massagem nos pés e na lombar. Rsrs! Me senti uma rainha. Maridão e meus pais participaram desse momento também.



Por fim chegou a data prevista de parto, eu me convenci que Dudu só viria depois das 42 semanas, o que fez com que ficasse menos agoniada. Me concentrei em fazer o plano de parto, onde constei tudo o que gostaria e não gostaria que fosse realizado no momento do parto e após o parto.

Já que Dudu aparentava não nascer tão cedo, meu marido, acompanhado do meu pai, retornou para São Francisco do Guaporé, a fim de olhar nossa casa e dar uma atenção para nossos cachorrinhos.

Ficamos eu e minha mãe em casa. No sábado (05/08) fomos à igreja, depois saímos para jantar com um casal de amigos da família. Tomei um pote enorme de sorvete e passei a madrugada inteira sem dormir, empanzinada, rsrsrs! Minha barriga estava enorme, se eu comesse uma ervilha a impressão é que tinha comido um boi inteiro. Rsrs!

No dia seguinte, 06/08, quando já estava com 40 semanas e 04 dias de gestação, levantei às 06 da manhã para ir ao banheiro urinar e, SURPRESA, ao me limpar percebi que saiu um pouco do tampão mucoso. Na hora fiquei super, hiper, mega, power feliz! Kkkk! Mas, logo em seguida, lembrei de alguns relatos de parto que havia lido, em que as gestantes perderam o tampão mucoso uma a duas semanas antes do parto. Resolvi me aquietar e não alardear nada para a família.

Voltei a deitar. Poucos minutos depois, comecei a sentir uma levíssima cólica, que vinha da lombar para o baixo ventre, eram as famosas contrações. Continuei quietinha, deitada. Pensando assim: Não é hoje, Mádala! Pára de ansiedade!

Quando deu umas 08 horas da manhã, percebi que as cólicas estavam ficando mais intensas, e aí comecei a cronometrar. Elas vinham a cada 15/20 minutos.

Fui para o chuveiro, fiquei debaixo da água morna caindo, e BINGO, as contrações não passaram. “Huum! Acho que realmente estou em trabalho de parto!” Rsrs!

Então me lembrei que havia lido que estimular os mamilos induz o parto naturalmente, uma vez que libera ocitocina. Peguei um gel lubrificante que havia comprado pra fazer massagem perineal, e comecei a passar nos mamilos. E não é que depois de uns cinco minutos as contrações ficaram mais intensas?! Sim! Nesse momento tive certeza, eu estava em trabalho de parto.

Liguei para o maridão super empolgada. Ele disse que já estava retornando com meu pai. Chegariam para o almoço. Em seguida, liguei para a Doula Layne, que prontamente me atendeu, e se dirigiu para a casa dos meus pais, onde eu estava.

Nisso minha mãe já estava super preocupada e querendo me levar ao hospital. Rsrs!

Por volta das 10h da manhã as contrações já estavam mais ritmadas e vindo a cada dez minutos, aproximadamente. A cada ida ao banheiro, saia mais um pouco do tampão mucoso. A única posição que me ajudava era de joelhos em cima de um colchonete apoiando os braços e tronco num banquinho à minha frente. A cada contração a Layne massageava minha lombar e fazia uma compressa morna com bolsa térmica, que me ajudavam muito.

Enquanto isso, minha mãe se controlava para me passar tranqüilidade, e se ocupava fazendo o almoço.

Ligamos para a minha ginecologista, Dra. Adélia, que me orientou ficar em casa mais um tempo, e só me dirigir ao hospital quando as contrações estivessem de 01 em 01 minuto, aproximadamente.

Liguei novamente para o maridão que ainda estava na estrada, tranqüilo e calmo, pensando ser um alarme falso. Kkkk!

Pai e marido chegaram por volta de meio dia, quando eu já estava urrando de dor. Sim, eu fui uma parturiente ESCANDALOSA! Sempre achei que sentiria as dores como uma lady, mas GRITEI feito uma condenada. Kkkkk!

Maridão ficou super preocupado e achou que devíamos seguir para o hospital. Eu concordei, pois a dor estava muito intensa. Entrei no carro do jeito que estava em casa. Por falar nisso, que terror é estar em trabalho de parto dentro de um carro. Foram 15 minutos de casa até o hospital, mas pareceu uma hora.



Enquanto isso meus pais se organizavam com as coisas que precisávamos levar para o hospital, minha mala, a mala do bebê, etc. E o almoço da minha mãe virou uma janta. Rsrs! Naquele domingo nenhum de nós almoçou.

Chegamos no hospital por volta de 12h45min. O médico plantonista fez o toque. OITO centímetros de dilatação! Estávamos quase lá!

A dor era realmente intensa, já não havia mais posição que aliviasse. Eu abraçava a Layne e urrava a cada contração. Coitados dos ouvidos da Layne. Rsrs!

Era um misto de sentimentos. DOR, ALEGRIA por já estar com quase toda dilatação necessária, MEDO de não aguentar a fase do expulsivo.

No elevador, subindo para a sala de parto, comecei a chorar e a murmurar. Pedia à Deus mais força, e que me guiasse para a aquilo que o meu corpo é naturalmente pronto. Lembrei das minhas antepassadas e todas aquelas que foram minhas inspirações para chegar até ali...

Chegando na sala de parto, as enfermeiras encheram a banheira, onde fiquei por cerca de uma hora. Maridão ficou na banheira comigo, segurava minhas mãos, massageava minhas costas, o companheirão que sempre foi.



Dra. Adélia chegou por volta das 13h30min. Fez o toque, DEZ centímetros de dilatação. Já estava na fase do expulsivo, eu sentia vontade de fazer força. A bolsa ainda não tinha estourado. Auscultaram o coração do nosso Dudu, tudo ótimo. Layne quis que eu bebesse um suco de laranja, dei um gole, mas nada descia, nem água.

Chegou um momento que não estava mais me sentindo bem na banheira, eu não encontrava uma posição confortável. E água morna estava fazendo com que as contrações diminuíssem. Sai da banheira. Foi quando não tinha mais posição confortável mesmo. A menos pior foi num banquinho próprio para parir. Ele parece um vaso e nas laterais tem alças para segurar enquanto se faz força.

Dra. Adélia fez mais um toque e disse: ele está quase aqui!

Enquanto isso, em meio à dor e meus gritos, eu ouvia tocar minha seleção de músicas para o parto. “Bem vindo meu novo ser, cercado de proteção, de tanto amor, tanta paz, dentro do meu coração. É como se eu tivesse esperado toda vida pra te embalar...”.


A sensação era de que minhas costas estavam abrindo, especialmente a lombar. Eu estava cansada e fazendo a força de forma errada. A Layne e as enfermeiras me orientavam para fazer força de cocô, falavam que eu estava fazendo a força com o pescoço. A bolsa ainda não havia estourado. Eu ouvia a minha volta que o bebê poderia nascer empelicado. Também ouvi meu pai dizer que a bolsa era de couro, rsrs, não consegui rir disso na hora. Rsrs.

Maridão, pai e mãe se revezavam atrás de mim, dando apoio para as costas. Layne o tempo todo ao lado segurando minha mão esquerda.



Chegou um momento que achei que não conseguiria mais. Minhas pernas tremiam, e se me oferecessem uma cesárea eu aceitaria sem pensar duas vezes. Rsrs! Com certeza eu já estava na famosa partolândia, não tinha mais consciência de quem estava atrás de mim dando apoio nas costas, e já não ouvia mais nada ao meu redor. Foi quando vi Dra. Adélia forrando um pano verde no chão, de frente a mim, e o pediatra, Dr. Freddy, sentando num banquinho ao lado. Dra. Adélia disse: FORÇA! Ele está aqui. Fiz mais três forças, senti o círculo de fogo, ele coroou ainda dentro da bolsa, e às 15h27min, do dia 06/08/2017, recebi Dudu nos braços, com 52 cm e 3,710kg.



"MEU FILHO", eu gritei!

Esperaram parar de bater o cordão umbilical e, ainda no meu colo, minha mãe o cortou. Rapidamente o pesaram e mediram. Apgar DEZ/DEZ. Enquanto isso, senti vontade de fazer mais uma forcinha, e pari a placenta. Senti amor por aquele órgão, afinal foi ele que alimentou meu bebê durante toda a gestação.



Levantei extremamente trêmula e fraca, e fui para uma maca, onde a Dra. Adélia deu uns pontinhos na pequena laceração que tive. Layne ao meu lado, ainda segurando minha mão.

Logo me entregaram Dudu no colo novamente, onde ele iniciou uma mamada despretenciosa, meio sem jeito, mas muito importante. Seguimos para um quarto, onde ficamos durante 48 horas sob observação, somente em razão das regras do hospital.



Eu estava cansada, mas falava feito uma maritaca, kkkk, e fiz questão de dar a notícia para todos os familiares com vários telefonemas. Dudu nasceu!!! Dudu nasceu!!! Parto natural!!!

Seria hipocrisia dizer que parir sem anestesia não dói. Mas dar à luz um filho de forma natural, fisiológica, sem qualquer intervenção, é uma força tão transformadora que equivale a nascer de novo. Parir é divino. É sagrado!

Para parir é preciso ter fé. Fé em Deus, em nós mesmas, na natureza, no nosso corpo, no próprio bebê (porque ele sabe nascer) e no que acreditamos.

GRATIDÃO!

À Deus, que nos permitiu conceber o Eduardo, nos guiando no caminho de um parto natural e saudável.

Ao Dudu, meu filho amado, que nasceu no tempo dele, e me fez renascer.

Ao maridão, que me apoiou nessa decisão e se empoderou comigo. Te amo ainda mais por ter aceito participar desse momento tão sagrado de nossas vidas.

Aos meus pais, minhas bases, por sempre me apoiarem incondicionalmente. Amo vocês de uma forma imensurável.

À Doula Layne, pelo profissionalismo, força e amabilidade transmitidos, antes, durante e após o parto.

À Dra. Adélia, por ser uma profissional competentíssima, e por proporcionar às mamães que acompanha a oportunidade de terem seus filhos da forma mais natural possível.

Ao Dr. Freddy, pediatra que estava de plantão no dia do nascimento do Dudu, o qual foi muito atencioso, respeitando os termos do meu plano de parto.

Às enfermeiras presentes durante o trabalho de parto.

Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente influenciaram para que eu vivesse esse momento divino, espetacular e SURREAL na vida de uma mulher.









Mádala Vieira tem 29 anos e é servidora pública do Tribunal de Justiça de Rondônia. E esse é o Dudu! Contato: madalavieira@hotmail.com

4 de novembro de 2017

Relato de parto da Daieny: parto normal hospitalar em Porto Velho com doula



Eu sou a Daieny Bisinella e sempre tive um grande desejo de ser mãe, desde a infância. Quero ser a melhor mãe possível e isso inclui o parto também. Meu relato é grande! Mas a empreitada também foi... e tudo valeu a pena! ❤️❤️

Quando descobri que estava grávida fiquei atônita. Não acreditei que havia chegado o momento que sempre esperei, o momento tão sonhado. Sabia que dali pra frente começaria a grande aventura de ser mãe.

Passado o primeiro impacto, fui à obstetra para dar início ao pré-natal. Desde essa primeira consulta, meu marido, Bruno, sempre esteve junto. Na segunda consulta, comecei o assunto sobre meu desejo de ter parto normal, pois na minha cabeça sempre foi natural a ideia de que meu(s) parto(s) seria(m) normal(is).

Bom, prontamente a GO que me acompanhava disse que realizava sim e era super a favor, mas seria normal SE eu estivesse bem até lá e que eu não fizesse terror de cesárea, porque hoje em dia ela era ótima, TÃO boa quanto o normal, ela mesma teve cesárea e voltou a trabalhar após 7 dias!!!!! E isso, na opinião dela, era maravilhoso. Saí de lá com o alerta laranja ligado!

Depois disso, as próximas consultas, foram, no mínimo, negligentes, ao ponto de eu ter ficado sem consulta do quarto mês e recorrer à maternidade municipal para não ficar sem o acompanhamento adequado. Nesse período, eu já havia me informado melhor sobre gestação e parto.


No começo, as pessoas me perguntavam se realmente eu tinha coragem para me submeter a um parto normal, e o comentário clichê se repetia abundantemente: "Nossa! Como você é corajosa!". Confesso que esses pouco me abalavam, porque eu tinha muito mais medo de uma cirurgia do que da dor que todos falavam do parto normal.

Mas comecei alucinadamente a me informar e ler e pesquisar sobre parto. Uma grande amiga serviu de inspiração, pois além de me incentivar, me dar dicas sobre a importância do empoderamento da mulher, teve um parto normal humanizado após uma cesárea. Então busquei! O começo foi assistir os documentários "O Renascimento do Parto" e "Violência Obstétrica".


O primeiro me mostrou como um parto poderia ser lindo e o segundo o como poderia ser horrível. Meu marido assistiu comigo os dois, sempre achei que deveria envolvê-lo, pois com ele ao meu lado tudo seria mais fácil e, afinal, foi pra isso que nos casamos, para ficarmos unidos, principalmente nos grandes momentos.

Participamos de rodas de conversa e orientação sobre parto, conhecemos e conversamos com doulas e descobrimos o parto domiciliar, o qual criou raízes no meu coração, pois enxerguei nele a forma mais adequada de uma mulher parir e a maneira de fugir dos profissionais desumanizados do sistema.

Foi aí que decidi mudar de GO. O meu marido mesmo falava que a que eu estava ia me induzir a uma "desnecesárea". Então fomos para o segundo GO, o qual era referência em parto normal na cidade, mas confesso que, desde a primeira consulta, coisas me deram sinais de que ele não era tudo isso que falavam, mas era o que conhecia de melhor.

Comecei nessa época, por volta de 27 semanas, a fazer fisioterapia obstétrica, com a Camila Patriota Ferreira: uma maravilha! Foi de várias maneiras importante para a construção do meu empoderamento.

O tempo passava e eu me informava e aprendia cada vez mais e aumentava a minha confiança em mim mesma. Foi quando, com cerca de 32 semanas, veio a notícia de que eu não poderia parir em casa, pois, por motivos alheios a minha gestação, a empresa que realiza o parto em casa não poderia me atender. No começo tive medo. Sabia o que acontecia a muitas mulheres nos hospitais. Mas então aceitei essa mudança como parte da história da minha gestação e do meu processo de nascer como mãe, e passei a tomar as providências que eu podia para assegurar que minha filha viesse ao mundo da melhor maneira.

No sétimo mês de gestação mudei novamente de GO, por indicação. Foi ótimo, me senti mais segura. Por fim, resolvi procurar também um pediatra que fosse humanizado para acompanhar o parto.
Do oitavo mês em diante, eu já estava me sentindo completamente confiante com relação a parir. Sabia, no meu íntimo, que pariria minha filha em qualquer lugar e com qualquer profissional que fosse acompanhando. Eu tinha o poder de parir e isso não dependia de mais ninguém. Eu gostaria que tudo fosse o mais harmônico e suave possível, mas eu tinha plena convicção da minha capacidade, entendi, então, o que era o famoso "empoderamento da mulher".

Com 38 semanas e tudo ótimo, sabia que dali em diante qualquer hora poderia ser a hora, porém sempre me esforcei para controlar a ansiedade. E chegou a DPP, 24/06 e nada. Fiquei com receio, mas ainda restavam duas semanas para esperar. Quando cheguei a 41 semanas, meu receio aumentou ainda mais, pois não queria me submeter a uma cirurgia, além de ter muita vontade de viver a experiência de parir e sentir trazer minha filha ao mundo. Entretanto, também me esforçava para me preparar psicologicamente para uma possível real indicação de cesárea ou indução.

Eis que após duas semanas de pródromos, muitos alarmes falsos e muita expectativa, às 2hs da madrugada do dia 03/07/17, começo a sentir contrações. Esperei pra ver se elas cederiam e após algum tempo avisei as doulas. Eu duvidava, mas a Talita Silveira Santana, doula, parece que sentiu que a hora havia chegado, e mesmo eu dizendo pra aguardar para termos certeza, ela se pôs a caminho da minha casa e quando eu avisei que achava que ela deveria vir mesmo, ela já estava na minha porta.

Na primeira hora de contrações eu ainda duvidava de que fosse trabalho de parto, tinha receio de que elas passassem. Mas quando percebi que era de verdade, me alegrei e senti muita gratidão, tinha muita confiança que dali em diante tudo daria certo. O Bruno logo colocou as malas no carro e deixou tudo certo para nossa saída para o hospital e depois de algum tempo foi dormir para poder ficar bem durante o dia.

Foi a madrugada mais maravilhosa da minha vida, tudo muito natural, tranquilo. Passei quase todo o tempo sentada na bola, fazendo os movimentos para relaxar entre uma contratação e outra e os exercícios pra TP que aprendi na fisioterapia. A Talita esquentava uma bolsa de sementes e fazia compressas na minha lombar e pelve, e durante cada contração eu vocalizava e relaxava meu corpo, para que ele pudesse trazer minha filha a esse mundo. Conscientemente eu vivia cada contração com amor e alegria desse trabalho de parto tão desejado. Por volta de 5:30h resolvi comer algo, pois queria ficar preparada para um possível TP demorado, então pensei que seria melhor manter minhas energias carregadas.

Por volta de 6:30h o Bruno acordou. Eu estava na sala, apoiada no sofá, tirando cochilos entre uma contração e outra, por conselho da Talita (e eu cochilei mesmo!) Esperai até 7h para ligar e avisar a família que a Maria Clara estava a caminho. Depois disso, após a insistência da Talita, fui para o chuveiro quente com a bola (eu enxergava na água quente a minha maior cartada contra as dores das contrações, e como sentia pouca dor, resistia a ir para o chuveiro pois achava que ainda ia piorar muito. Mas a Talita conseguiu me convencer quando me lembrou que a água quente apressava a dilatação).

Daí em diante, logo entrei na partolândia e foi lindo. O Bruno veio ficar comigo, Talita apagou a luz, colocou um aromatizador, acendeu uma vela e nos deixou a sós. Conversávamos como dois amigos, dois namorados, e foi nosso último momento de casal antes da nossa filha. A minha impressão é de que já havia se passado muito tempo, as contrações começaram a ficar mais intensas e mais próximas.

Avisamos o GO, que disse que em breve iria a nossa casa para me avaliar. Porém, depois de pouco tempo, a Talita avisou que não havia mais tempo pra esperar, já que as contrações estavam muito próximas e que deveríamos ir até o GO logo. Eu resisti a sair do chuveiro. Estava imersa naquele momento, mas cedi e avisei, enquanto me vestia, que se eles não queriam que ela nascesse em casa, eles deveriam se apressar. Senti que minha filha estava chegando.

Entramos no carro e fomos para o hospital, vocalizei em cada contração e me agarrava ao ombro do Bruno, ele era tudo que eu queria, tudo que eu procurava naquela hora. Quando chegamos, da entrada até o consultório do GO tive duas contrações na recepção e já estava sangrando. Após a avaliação, o GO informa que eu estou com dilatação total e que, de agora em diante, deveria mudar meu padrão de respiração para fazer força.

Lembrei da fisioterapia e de como fazer a força no expulsivo. Cheguei no quarto e assim que vi a escadinha de subir na maca, instintivamente me agarrei a ela e fiquei em 4 apoios, ninguém me tirava mais dali. Bruno correu no carro para buscar a bola e o tapete de EVA, o qual foi colocado sob meus joelhos. Mandei que apagassem a luz. Daí em diante eu não vi mais nada, só Bruno do meu lado esquerdo, cuja mão eu segurei quase o tempo todo, e a Talita, que estava do outro lado e me encorajava quando eu pedia e socorro.

Após algumas contrações senti que precisava mudar de posição para que minha filha pudesse sair, então estiquei a parte de baixo das pernas e na próxima contração senti o círculo de fogo, logo após o que a cabeça da Maria Clara saiu, juntamente com um braço, na mesma posição que sempre esteve durante a gestação.

A contração passou... eu respirei... esperei... e logo veio mais uma contração e com a pouca força que eu fiz, ela nasceu! Chorou imediatamente, um choro lindo. Bruno a pegou, eu me sentei e encostei na parede e pedi minha filha. Ela veio pro meu colo, olhei-a sem acreditar. Choramos juntos, eu e Bruno, sem palavras pra expressar.



Tudo foi ótimo. Nem ela, nem eu, passamos por qualquer procedimento desnecessário: não houve corte prematuro do cordão umbilical, não foi aplicado nitrato de prata, não houve episiotomia e, ao final de tudo, períneo íntegro. Em todos os momentos ela ficou comigo ou com o pai, onde deveria ficar.

Nisso, minha noção de tempo estava completamente alterada mas, descobri depois, que chegamos ao hospital às 9:15h e a Maria Clara nasceu às 10:10h. Tudo foi muito rápido. Todos os profissionais que estiveram envolvidos foram muito respeitosos e humanizados. Me senti absolutamente dona do meu corpo e feliz por conseguir que minha filha chegasse a esse mundo com amor e respeito, no tempo dela, do jeito dela. Agradeço a Deus por essa oportunidade, ao meu marido e companheiro, Bruno, ao nosso obstetra, ao nosso pediatra e à doula querida, Talita.

Amei meu parto e foi a coisa mais forte e mais intensa que eu já vivi em minha vida, trouxe um amor que eu só imaginava que existisse.




19 de outubro de 2017

Relato de parto da Vanessa: parto na água em Ji-Paraná




Meu sonho de ter um parto natural estava engavetado desde a minha primeira gestação, onde meu desejo de parir não foi suficiente para vencer o sistema e acabei numa cesariana de indicação duvidosa após a ruptura espontânea da bolsa, com 37 semanas e 5 dias de gestação. Porém, a maternidade tem um poder curador e, quando me entreguei a ela, aos poucos, a frustração pela via de nascimento foi perdendo lugar para as inúmeras delícias de criar e amar um filho.

Quando nosso primogênito, Levi, estava com 1 ano e 7 meses, descobrimos que uma nova vida estava por vir. Foi uma grande surpresa, mas eu não imaginava que o “positivo” traria outras surpresas.

Tivemos algumas complicações de início. Sofri um atropelamento, tive descolamento do saco gestacional e sofri com os resultados de alguns laudos precipitados de ultrassonografias. Tinha muito medo de perder minha filha ou de ter um parto prematuro. Quando estava com 29 semanas fui convidada a participar de um grupo virtual de apoio ao parto humanizado e lá descobri que poderia sonhar de novo com um parto natural, mesmo após uma cesárea. Através desse grupo cheguei ao blog “Parto em Rondônia” e os relatos de parto que encontrei me encorajaram a lutar pelo vbac (do inglês 'Vaginal Birth After Cesarean' parto normal após cesárea).

Conversei com meu esposo, Anderson, que passou a sonhar junto comigo e concordamos que se tudo corresse bem na gestação, iríamos receber nossa filha da forma mais natural possível. Li tudo o que podia sobre o assunto, busquei apoio nas redes sociais, encontramos pessoas maravilhosas para nos ajudar. Minha xará Vanessa Rolim nos emprestou o filme “O Renascimentodo Parto”, que teve um grande impacto sobre nós.

Toda essa preparação foi dissipando os medos relacionados à gestação e eu passei a finalmente curtir o momento. Conhecemos nossa doula, Jeiéli Laís Borges, que passou a nos auxiliar em nossa jornada. Com 33 semanas de gestação, dei o grande passo: mudar de obstetra, pois sabia que essa era uma decisão essencial. Já na primeira consulta com a Dra. Adélia Pompeu ficou claro que a cesariana anterior não seria um impedimento. Algumas semanas depois, derrubados os medos levantados pelas ultrassonografias anteriores, confirmamos que estava tudo muito bem com a gestação e que o parto natural seria totalmente possível.

Comecei a fazer pilates com a linda Cristiely Oliveira Ecairo, que hoje se tornou uma amiga querida. Passei a fazer caminhadas com meu filho mais velho e segui normalmente a rotina de casa e trabalho. Eu e meu esposo continuamos nos preparando e fizemos nosso Plano de Parto.

No dia 16/07/2015 completamos 40 semanas e eu comemorei 31 anos de vida. Nervos à flor da pele, lágrimas escorrendo à toa e milhares de perguntas sobre “quando ela iria nascer”. A ansiedade das pessoas ao meu redor se tornou a minha ansiedade. Foi aí que minha doula teve uma ideia brilhante: a despedida da barriga. Marcamos para ela vir no sábado seguinte e aquilo me deu um novo ar e uma tranquilizada. Aproveitei para escrever uma carta de despedida para a barriga, avisando à minha pequena que já estava tudo pronto e que ela podia vir. “O amor está tão perto mas só no tempo certo vai chegar” (Música Escolhi te esperar – Marcela Taís).

Dra. Adélia havia feito o exame de toque pela primeira vez na consulta de 40 semanas e mencionou sua expectativa de que nossa princesa poderia chegar no final de semana seguinte. Deixamos uma consulta marcada para segunda-feira, dia 20/07, para reavaliar um pouco antes das 41 semanas.

Na sexta-feira, dia 17, meu tampão começou a sair, o que não quer dizer muita coisa mas já é suficiente para liberar uma boa dose de adrenalina. As contrações não ritmadas, que já vinham aumentando de duração e intensidade nos últimos dias, passaram a ser mais frequentes. Às vezes vinham a cada 20 minutos, no entanto, não se tornavam regulares. Nessa noite resolvi ir tomar um banho de piscina para dar uma acalmada e ficamos ali por algum tempo, eu, minha filha e Deus, entre as músicas da trilha do nosso parto, mergulhos, orações e contrações. O céu parecia estar muito perto.

Mais tarde, embaixo do chuveiro, comecei a ouvir uma canção que dizia “Ela é forte, só não sabia” (Menina não vá desanimar – Marcela Taís) e comecei a chorar pensando no quanto aquilo era verdade a meu respeito. O meu corpo não era defeituoso, mas perfeito e forte o suficiente para trazer uma nova vida ao mundo.

O sábado chegou e o clima na casa já tinha mudado, definitivamente. Anderson tinha marcado com a filha para que ela nascesse na segunda-feira, para que ele pudesse aproveitar melhor os dias de licença-paternidade. Fomos ao supermercado pela manhã e as contrações vinham mais fortes enquanto fazíamos compras. Depois do almoço elas deram uma acalmada e dormi bastante.

No final da tarde, quando a campainha tocou anunciando a chegada da Doula Jeiéli, senti uma contração forte e intensa. Enquanto ouvia mais uma vez nossa trilha sonora, sentindo aquele aroma gostoso de canela no ambiente, recebi escalda pés, massagem e dei boas risadas. Depois disso foi o momento de desenhar nossa bebê na barriga, tirar fotos e encher a bola de pilates, que seria minha companheira inseparável nas próximas horas.

Meu coração se tranquilizou quando a Jeiéli disse que já tinha vindo da sua cidade preparada para ficar em Ji-Paraná e que pretendia permanecer até segunda-feira. Nos despedimos e fui dormir. As contrações fizeram uma graça e sumiram no domingo, retornando só no final da tarde.

Tentei dormir na noite de domingo mas quem mandava em mim nessa hora eram as contrações. Minha filha avisava que estava mais perto e eu procurava ser forte para lhe dar as boas vindas. Às 02:00 da manhã desisti de lutar para ficar deitada e resolvi ir para o chuveiro. Coloquei música e fiquei lá o tempo que pude. Depois, voltei para o quarto e tentei dormir novamente mas sentir contrações deitada é a coisa mais insuportável desse mundo. Nessa hora até parei de monitorar o intervalo entre as contrações no aplicativo do celular. Enviei uma mensagem para a Jeiéli avisando da evolução, mas ela estava dormindo e não visualizou.

Como não dava mais para ficar sozinha, acordei o marido e lá foi ele me ajudar a passar a bola de pilates pelo box minúsculo do banheiro. Esse foi o meu momento de refrigério: ficar no chuveiro em cima da bola. Quis chamar a doula mas ele pediu para esperarmos amanhecer, o que me deixou um tanto quanto brava na hora. Resiliente, me contentei em tentar dormir em cima da bola de pilates, com o tronco apoiado na cama. Deu certo e tirei alguns cochilos entre as contrações.

Quando vi que eram 5:00 da manhã, só não gritei de alegria porque não tinha forças. O marido ligou para a doula e saiu para buscá-la. Quando a Jeiéli chegou eu estava jogada na cama, me sentindo destruída. O aroma de canela no ambiente e as mãos abençoadas da doula massageando minhas costas trouxeram um novo fôlego. Consegui dormir de verdade por algum tempo. O renovo chegou. Levantei animada e fomos tomar café.

Jeiéli foi preparar o famoso chá da Naoli (Naoli Vinaver, parteira) e eu tentei comer alguma coisa enquanto observava meu filho brincando e meu esposo todo sorridente, como se soubesse de algo que eu não sabia. Depois do parto, descobri que ele e a doula vinham conversando no carro e ela havia dito que achava que nossa menina nasceria até o dia seguinte. Ele, por sua vez, tinha certeza que sua filha seria obediente e nasceria naquela segunda-feira, conforme combinado.

A manhã seguiu com chá, massagem e casa perfumada por canela e alegria. As contrações apertaram novamente e lá fomos nós – eu e a doula – para uma nova sessão de massagem e pressão na lombar. Dessa vez a massagem parecia não ter efeito, o chuveiro parecia não funcionar e senti vontade de ir ao banheiro. Voltando ao quarto, vi uma poça de água no chão. Líquido transparente e grumoso. A bolsa rompeu! Arrumei um jeito para não ficar alagando tudo por onde passasse, pois já sabia que aquela água parece não ter fim, e segui o meu dia.

Eram 12:00 e esperei a fome chegar para almoçar, pois sabia que precisava me alimentar para encarar o que estava por vir. Almocei em cima da bola de pilates, para driblar as contrações e ganhei um novo massagista: meu filho.

Por volta das 14:00, Anderson ligou para a Dra. Adélia para informar em detalhes o ocorrido. A essa altura eu já estava tão conectada com Deus e com meu corpo que nem lembrei do episódio da primeira gestação e não tive medo de uma nova cesariana. As palavras da obstetra vieram confirmar meu sentimento de que tudo daria certo: “não precisam ter pressa, se tudo continuar como está, deixem para vir ao consultório mais tarde”. O consultório e a maternidade ficavam a 400 metros do nosso apartamento.

Nesse instante as contrações resolveram brincar de esconder e o processo desacelerou. Subi e desci as escadas do prédio, caminhei pelo estacionamento, recebi a visita da minha irmã mais nova (morrendo de medo de ela se assustar com as caras que eu fazia durante as contrações). Fiz o esposo sair de casa para comprar um guaraná, do qual só conseguir tomar um gole...

No final da tarde checamos as bolsas de maternidade e fomos para a consulta. Nosso filho ficou em casa com a Lola, minha amiga e filha espiritual. Fizemos tudo tão devagar que chegamos lá quase às 19:00, no horário da consulta. As contrações haviam retomado o intervalo de 7 minutos (estavam assim desde a madrugada do domingo). Quando cheguei à sala de espera elas desaceleram de novo. Entrei no consultório sem contrações e a Dra. Adélia me examinou, fez o toque e disse que era hora de internar.

Adrenalina correndo novamente! Recebi algumas orientações da equipe do hospital e continuei conforme meus instintos. Devido o parto humanizado ser algo novo no hospital, a equipe de enfermagem ficou tensa ao receber a cópia do Plano de parto, mesmo já tendo a assinatura prévia da minha obstetra e da pediatra. Plano de parto parece soar como processo aos ouvidos de uma instituição hospitalar mas espero que mude na medida em que as práticas hospitalares forem sendo submetidas à humanização do nascimento.

Já na suíte de parto, nossa trilha sonora começou a tocar “Quando o mundo cai ao meuredor” (André Valadão). A enfermeira conhecia a música e cantarolou junto, parece que a música serviu para quebrar o clima chato do início e nos unificar como equipe.

Uma conhecida nossa estava na recepção do hospital e, ao ver meu esposo dando entrada na minha internação, pediu para ir me ver. Ele sabia que isso estava totalmente fora de cogitação em nosso plano de parto mas ficou sem jeito de dizer não. Quando ele subiu, a conhecida foi atrás e fez aquela cara de horror ao me encontrar. Que dó, que pena, finalizando com a frase: “ih, o primeiro foi cesárea, então esse não vai vir normal, não”. Diante de tal afirmação, apenas sorri, confiante e me senti grata quando ela foi embora.

Ficamos na suíte apenas eu, Anderson e nossa doula. Meu esposo já estava cansado da jornada e tentava se distrair um pouco no celular, o que me fazia querer atirar o aparelho pela janela. Fiquei um tempo na bola de pilates, quando os plantonistas do hospital vieram se apresentar.

O momento não era muito propício e eles logo foram embora. Decidi ir para o chuveiro, mesmo com uma enfermeira dizendo que aquilo poderia atrasar o trabalho de parto e, conforme diziam meus instintos, saí de lá com o trabalho de parto realmente engrenado. As contrações vinham uma atrás da outra, tão próximas que a doula nem quis cronometrar o intervalo.

Passei a pedir pressão no quadril constantemente. Jeiéli já não dava conta de pressionar sozinha e meu esposo começou a ajudá-la. A contração vinha e cada um pressionava de um lado. Agachei ao lado da banheira e me senti menos desconfortável durante as contrações. Ouvi o som dos sapatos da Dra. Adélia e me senti um pouco temerosa, pois sabia que ia rolar o exame de toque e, se eu pudesse abolir alguma coisa da experiência do parto, certamente o tal toque seria eliminado.

O exame foi feito comigo na banqueta de parto. Essa parte não foi legal. Continuei na banqueta e a Dra. disse que a bebê teria que nascer até meia-noite. Conversando depois, ela me explicou que a frase seria para expressar que, com aquele andamento do TP, se não nascesse até meia-noite é porque tinha algo atrapalhando o parto. Na hora, porém, ouvir o até meia-noite me deixou nervosa por alguns segundos. Eram por volta de 22h. Respirei fundo, relaxei o máximo possível e sorri para mim mesma dizendo em pensamento: sim, ela nascerá até meia-noite.

Dra. Daniele, pediatra do hospital com quem eu havia conversado sobre meu plano de parto dias antes, era a plantonista da noite (Yesss! Deus é perfeito!) e passou no quarto para ver como estava o TP. Ao me ver ali na banqueta, não conseguiu disfarçar a empolgação e soltou um “mas já?”. Dali em diante foi tudo muito rápido. Equipe enchendo a banheira. Eu sentindo os puxos, tentando escolher entre banqueta ou banheira e minha filha querendo muito vir ao mundo. Dra. Adélia perguntou ao Anderson se ele entraria na banheira e já deu a roupa para ele trocar, sem nem dar tempo de ele pensar (sou grata a ela por isso, pois se ele tivesse tempo de pensar, teria desistido).

No plano de parto eu havia decidido que escolheria o lugar e posição de parir durante o TP, da maneira que me sentisse mais confortável, por isso os puxos me pegaram de surpresa e eu até esqueci que o parto na água era o meu sonho acalentado e engavetado. Dra Adélia auxiliou minha memória me convidando a ir para a banheira, que daria tempo de eu entrar lá.

Entramos na água, eu e Anderson. A iluminação da suíte não ajudava muito e me senti incomodada quando tiveram que ascender as luzes. O silêncio também não estava absoluto como eu queria, mas tentei ir ouvindo nossas músicas e me concentrando no momento. Foram dois ou três puxos e, no último, às 23:45, Ana Leticia veio numa força só, ao som de “pra maior festa da vida quem convida é o amor”.









Ela veio virada para mim, saindo da água na minha direção e com o bracinho estendido como que pedindo para eu pegá-la. Minha emoção não me deixou ser tão rápida. Dra Adélia a amparou pelas costas para que ela chegasse na minha perna e daí eu a peguei. Quentinha, com aquele cheiro inesquecível, de olhinhos abertos, serena, sem chorar.

Éramos nós quatro na água: Deus, Ana Leticia, eu e o pai. A equipe assistia do lado de fora. Ninguém tocou nela enquanto estava no meu colo. Dra. Daniele pediu para que eu visse se ela estava respirando. Ficamos ali, com o tempo suspenso, aproveitando o momento. Depois que o cordão parou de pulsar, meu esposo foi pego novamente de surpresa com a pergunta se queria cortá-lo. Entre o medo e o desejo, ele optou por fazê-lo.

Senti um novo puxo e imaginei que era a placenta que nasceria. Com o auxílio da equipe, Anderson e Ana Leticia saíram da água primeiro, em seguida eu saí para a expulsão da placenta. Fui para a mesa para ser examinada. Tive alguma laceração e precisei de pontos. Enquanto isso, minha filha estava no berço ao meu lado, sendo aquecida e vestida com a roupa que escolhi, recebendo os primeiros cuidados com todo o respeito, sob o olhar dos pais, sem intervenções desnecessárias.

De volta ao meu colo, ela mamou como quem já nasce especialista no assunto. A vitamina K foi aplicada gentilmente pela pediatra durante a mamada. Dra. Daniele e a enfermeira Daiane estavam ali para orientar a pega correta. Anderson e Dra. Adélia elogiavam a obediência da Ana Leticia por ter nascido antes da meia-noite.

Após a sutura (sim, essa parte é bastante incômoda mas a equipe ajudou muito a suavizar o processo), fui ao banheiro tomar um banho rápido. Daiane estava ali me encorajando e pronta a dar apoio caso eu pedisse. Jeiéli seguia nos observando e dando o suporte necessário. De banho tomado e vestida com minha própria roupa, senti uma fome do tamanho do mundo inteiro e pedi um lanche.

Fomos para o nosso quarto e optei pelo suporte da cadeira de rodas no trajeto, pois estava cansada da longa maratona. Nos despedimos da nossa doula e ficamos ali na atividade que Ana Leticia mais gosta até hoje: mamar.

Há dois anos essa princesa alegre, bagunceira e cheia de personalidade chegou na nossa família e meu coração transborda de amor, de gratidão a Deus, ao meu esposo e a todos que fizeram parte desse momento. No dia 20/07/2015, às 23:45, Ana Leticia nasceu e eu renasci como mulher e como mãe.


por Vanessa, esposa do Anderson, mãe do Levi, da Ana Leticia e esperando a Liz. 





2 de outubro de 2017

Projeto Doulas Voluntárias em Ji-Paraná





Radiante com a notícia que recebi - em primeiríssima mão - de que o hospital público de Ji-Paraná agora conta com projeto de doulas voluntárias, abro espaço para que a idealizadora do projeto, Doula Layne, nos conte como tem sido a experiência.

O Doulas Voluntárias é uma sementinha que lancei com muito amor em 2014, em Cacoal, e já tenho dados frutos em outras cidades do país!

O serviço voluntário é legítimo, amparado por lei e costuma ser excelente ferramenta de melhorias. Em se tratando do trabalho de doulas, ainda pouco comum no brasil, o serviço voluntário ganha aspectos positivos com relação à mutualidade, ou seja, benefícios para ambas as partes. Ganha a doula com experiência e vivências únicas relacionadas à realidade obstétrica do local e ganha a unidade de saúde e, mais ainda, as usuárias do serviço de saúde por poderem dispor de um serviço da mais alta qualidade e com resultados comprovadamente positivos.

Vamos ouvir a idealizadora do projeto em Ji-Paraná:



"Desde quando conheci o trabalho das Doulas, em 2015, me capacitei e mergulhei profundamente nesse universo do parto e nascimento, logo tive a oportunidade de acompanhar alguns partos em hospitais particulares de Ji-paraná, e comecei a perceber o quanto faltava (e ainda falta) levar informações sobre parto e apresentar o trabalho das doulas para nossa cidade.

Foi quando eu encontrei no blog Parto em Rondônia, uma matéria Doulas Voluntárias, desenvolvido pela doula de Cacoal Cariny Cielo, que com grande generosidade disponibilizou para que outras profissionais de outras cidades pudessem utilizar.

Então iniciei as adaptações para trazer o projeto para Ji-Paraná. A ideia ficou pausada por quase um ano, até que iniciei um estágio do meu curso de Psicologia nas UBS (unidade básica de saúde).

Levando informações importantes para as gestantes, como o trabalho das doulas, técnicas utilizadas para o alivio da dor do parto, vínculos afetivos desenvolvidos durante a amamentação entre outros.

Foi aí que despertou ainda mais o desejo de estar ao lado dessas mulheres na hora do nascimento dos seu filhos e ter a oportunidade de demostrar na pratica o trabalho da Doula no parto e pós parto, apresentar não somente para as gestantes, mais toda a equipe multidisciplinar da maternidade do Hospital Municipal de Ji-paraná.

Depois de algumas poucas alterações no projeto anterior, surgiu o "Projeto ReNascer": Doulas voluntárias de Ji-Paraná.

Entrei em contato com o enfermeiro Rafael Pappa, chefe da maternidade do HM que, com gentileza, recebeu o projeto e apresentou a direção do hospital, o qual aprovou, para que eu e outras Doulas, cadastradas no projeto possam atuar na maternidade.

Estou atuando duas vezes na semana na sala de pré-parto, ajudando as mulheres que desejam o acompanhamento da Doulas. Proporcionando um apoio continuo emocional e físico durante o parto, para seja o mais tranquilo possível, em um momento que é tão importante para uma família.



Levar um atendimento de respeito a essas mulheres com um toque de carinho, massagem, um olhar de tranquilidade e no final de cada parto essas mulheres segurar seu filho e logo te olhar com gratidão não tem preço, me emociono a cada parto e nascimento.

Quero aqui agradecer à Cariny Cielo que idealizou o projeto e o disponibilizou para que outras Doulas possam ajudar outras mulheres também, ao enfermeiro Rafael Pappa e toda a equipe da maternidade do Hospital Municipal de Ji-paraná que me recebeu com tanto carinho."


Gostou da novidade?
Você é Ji-Paraná e fez parte do projeto? Conta pra nós como foi!

Elaine Regina é Doula em Ji-Paraná, Educadora perinatal eAcadêmica do curso de Psicologia da UNIJIPA. Contato: <laineregina250543@gmail.com>


21 de agosto de 2017

Relato de parto da Sandra: terceiro parto normal hospitalar em Ji-Paraná


Trazer ao blog o SEGUNDO relato de parto é motivo para comemoração em dobro não é? A Sandra já pariu e nos emocionou com uma história leve e divertida. Desta vez, grávida do terceiro filho, ficamos todos acompanhando no grupo Parto Em Rondônia e na torcida por um desfecho igualmente feliz! E esse dia chegou...







Sou a Sandra, de Ji-Paraná - RO, agora mãe de 3 meninos.
Três histórias diferentes para contar.
Três partos absolutamente diferentes um do outro, no mesmo hospital.

Primeiro parto, traumático, violento, anormal.
Segundo parto, normal com menos intervenções.
Terceiro parto, um parto a jato, lindo, natural e é desse que quero falar!

Leonardo estava previsto para dia 10-11-13/08 segundo as ultrassonografias, mas isso não me deixava tão ansiosa quanto ao atendimento que me esperava no hospital daqui. Dia 15 de agosto acordei com contrações doloridas de madrugada mas não dei crédito pra elas. Às 10 horas, comecei a fazer almoço porque tinha um compromisso às 11 horas e precisava deixar tudo pronto. Mas, nesse momento entendi que as contrações eram sinal do Leo querendo vir.

Contei para as amigas de um grupo de mães no whats só pra deixar todas ansiosas junto comigo kkkkkkk. Terminei o almoço e fui preparar minha mala que levaria para o hospital (sim, enrolei a gravidez toda)... terminada a mala, já estava me exercitando esperando o trabalho de parto engrenar.

Passei a tarde tranquila, sentindo que as contrações aumentavam, mas não quis alarmar ninguém porque estava na casa da minha mãe e ela é um pouco desesperada e não ajuda muito. kkkkkkkkk

Enfim, decidi ir pro hospital às 18:35, e já fui sabendo que estava próximo. O hospital não aceitava acompanhante homem e uma tia ia me acompanhar. Tudo certo, fui com meu esposo que me deixaria e aguardaria notícias do lado de fora.

Demos entrada às 18:45, médico naturalista me atendeu, fez toque (por incrível que pareça não senti dor) disse que eu podia ir pro pré parto, enquanto meu marido faria minha internação. Fui. Contração atrás de contração e nada da minha tia chegar.

Às 19:34, com uma contração muito forte e uma força involuntária, a bolsa rompeu, coloquei a mão e senti o círculo de fogo. Gritei pro meu esposo que ia nascer e pedi pra chamarem a enfermeira. Ela chegou, agachou na minha frente e pacientemente me guiou, me ajudando a respirar, me amparando.

Meu esposo me manteve de cócoras e ajudou aparar o bebê que foi muito parceiro e juntos conseguimos realizar mais um sonho. Papai cortou o cordão (cordão esse que tinha um nó verdadeiro e que fizemos questão de registrar).

Foi lindo, foi uma experiência de renascimento, tanto pra mim quanto pro pai que pôde participar de tudo. E a minha tia que ia me acompanhar, chegou no exato momento do nascimento mas não quis "atrapalhar".

Leonardo Gael nasceu com 3,590kg e 52cm de PARTO NATURAL HOSPITALAR




7 de agosto de 2017

Relato de parto da Izabela: Nascimento de Clarice: Parto domiciliar assistido, em Porto Velho




Nasceu a Luminosa!

Clarice significa a que é brilhante, a que produz luz! Assim, na calada da noite e na virada da lua, chegou essa menina intensa. Escolheu uma parteira para mãe e não poderia ter acertado mais!

Izabela é parteira e intensa... igual sua menina Clarice.

Em 2013, veio de Porto Velho para Cacoal só para assistir a estreia no cinema do filme O Renascimento do Parto. Saiu aos prantos, me emocionando, dizendo perceber tão nitidamente, a razão pela qual havia nascido.

Se é pra marchar, Izabela marcha! Se é pra instruir, Izabela instrui e realiza! Que frutos poderiam colher aquela que luta por nascimento respeitoso e digno, por parto baseado em evidências científicas... que luta por ser exatamente aquilo que prega e defende?

Acredito que ninguém esperava mais a concretização deste relato, do que eu, Cariny! Isto porque, há pouco mais de 5 anos, não havia relatos de partos na internet do nosso Estado! Hoje, temos Doulas, temos relatos, temos Grupos de apoio, temos histórias felizes de escolhas seguras espalhadas por toda Rondônia!

Podemos agora ver, e nos emocionar, viajando nas histórias dos partos desta enfermeira obstetra que precisou vencer muitos medos... navegou nos mares da ambivalência entre a visão profissional e técnica e sua essência, seus instintos de mulher, de mãe. Que bom que ela abriu seu coração, deixou-nos entrar em sua intimidade e nos mostrou um mar de amor e fé...

O resultado está todo aqui. Desfrutem.






Desde que comecei a acompanhar partos sonhei como seriam os meus, porém nem nos meus melhores sonhos eu imaginaria viver as duas melhores experiências de transformação e amor.

Me arrepio só de lembrar!


Nascimento do Valentin

Meu primeiro filho veio cheio de desafios, fruto de uma gravidez mais que planejada, tranquila e sem intercorrências ❤

Nasceu num parto domiciliar, assistido pela Equipe Hannami de Cuiabá (Enfermeiras Bruna e Damaris, Doula Amanda), na casa da minha amiga Elis Freitas (Fotógrafa e Doula).

Não poderia ter dado mais certo ❤!

Assim vivi junto ao meu marido Helton, a nossa primeira experiência de nascimento do nosso primogênito Valentin.



Vídeo aqui!


Nascimento da Clarice

Desde o nascimento do Valentin, já tínhamos em mente que o nosso segundo filho nasceria em nossa casa, planejamos e enfim, em 2017, começamos o ano de casa nova. No dia 23 de outubro de 2016 descobrimos que estávamos grávidos novamente. Conversei com Elis e disse que ela não poderia faltar nesse momento em nossas vidas.



Clarice desde cedo, com 34 semanas aproximadamente, já demonstrava que chegaria rapidamente, eu sentia... a forma com que ela se encaixava no meu corpo era diferente, era forte, intensa. Me fez desacelerar meu ritmo, me tirou do controle, ainda na gestação. Mesmo sendo tranquilizada e acalmada pelo meu médico, que sempre apoiou a minha decisão e soube das minhas escolhas de parir, eu me sentia insegura.

Quando uma parturiente e uma parteira estão no mesmo corpo, há um sensação estranha de poder enxergar tudo de fora para dentro, como um mergulho dentro do próprio corpo, precisei me despir dos medos da prematuridade, do controle para parir.



Com o meu chá de bênçãos que minhas doulas Helena e Talita organizaram, consegui me entregar, dividir com mulheres que também acreditavam no meu corpo e na minha historia, foi uma conexão incrível.



Tudo pronto, Julho chegou! Elis chegou! Sandra e Nayra, minhas parteiras, deixaram tudo prontinho... minha casa estava toda arrumada para a chegada de Clarice ❤

No dia 9 de julho, fui a um evento de uma amiga junto com meu filho e, por volta das 17 horas comecei a sentir umas cólicas leves que eu não sabia nem descrever ... sim eu não soube descrever kkkkkkk. Às 19 horas, quando eu estava saindo do evento, ainda com aquelas cólicas, sem rumo, sem descrição. Ali eu senti, que estava próxima a chegada da Clarice.

Liguei para o meu marido, avisei que estava sentindo umas cólicas, porém aquilo não seria motivo de alardes, poderiam durar semanas, horas, tudo poderia acontecer.

A Lua estava linda, sim era uma virada de lua ❤

Meu marido veio de um plantão de 36 horas exausto. Ao chegar em casa, comecei a organizar as coisas para que tudo ficasse lindo para o tão esperado dia. As cólicas, ainda irregulares e leves, começaram a dar sinais de incomodo por volta de 23 horas, quando pedi ao meu marido que fosse descansar, que naquela noite poderia ser que Clarice chegasse!

Avisei a minha parteira Sandra e minha Doula Helena sem alardes, sem sustos, porque eu realmente me sentia bem e estava tranquila, fiz minhas orações.

Às 23:30 comecei a sentir umas coisas estranhas e avisei Helena. Pedi que viesses ficar comigo em casa... eu não sabia descrever o que estava sentindo! Sem perda de tampão, sem contrações, apenas cólicas mais intensas. Helena chegou por volta de meia noite, as dores começaram a intensificar, apertarem de verdade, nada servia mais, nem bola, nem massagem, apenas o chuveiro de água quente aliviava a minha dor. Helena chamou meu marido para que preparasse a banheira, ligou para Sandra e para Elis. Tudo aconteceu dali muito rápido.



Agora sim eu sabia o que estava ocorrendo, eu estava parindo! De olhos fechados, eu sentia cada vez mais Clarice passando por mim... às vezes eu mal tinha tempo de respirar, ela veio realmente muito intensa. A todo tempo eu perguntava pela Sandra e pela Elis. Como no sonho das minhas amigas Doulas Mileide e Talita e no meu sonho: tudo seria muito rápido, e era assim que estava acontecendo!

Meu coração se acalmou quando vi Elis me olhando na porta do banheiro, com um sorriso que dizia: "eu cheguei, vim de tão longe e já deu certo". Faltava Sandra que veio voado e já me encontrou dizendo que ela já estava ali, que Clarice ia nascer. Tínhamos sonhado isso tantas vezes, viver essa experiência juntas, como queríamos da primeira gestação.

Fomos para sala , organizamos o sofá, e às 01:59 da manhã, rodeada de muito amor, com o meu marido segurando minhas mãos e com olhar amoroso que sempre acreditou em mim e nas minhas escolhas ❤ , minha equipe , minha doula...

Clarice nasceu ❤



A palavra que define esse nascimento é: intensidade! Eu me senti muito completa, muito imersa na minha dor e no meu corpo.

Foram praticamente as 2 ou 3 horas mais intensas da minha vida, que me deram um amor de 51 cm, 3.490g, nas minhas 38 semanas e 2 dias (10/07/2017)! Minha menina, minha força, minha Clarice.

A escolha desse nome, Clarice, veio de uma historia muito especial que vivi em Recife, no meu curso de Parteria Urbana. De uma bebê linda e guerreira que acompanhamos nascer e nos provou que o milagre da Vida existe porque as mulheres sabem parir e os bebês sabem nascer! E o quão importante é o nosso trabalho, e a responsabilidade dele. ❤



Obrigada a todas!


Na foto: Parteiras Nayra e Sandra, Izabela, Doula Helena, Fotografa Elis e Clarice.

Equipe: Enfermeiras obstetras Sandra e Nayra

Fotografia: Elis Freitas. Não deixe de ver mais fotos: Aqui

Doula: Helena Grupo Araripe de Apoio ao Parto







18 de julho de 2017

Relato de Parto da Anne: Parto normal hospitalar em Porto Velho com doula




Começo meu relato de parto talvez com a mais óbvia das poucas certezas que temos na vida, que é o fato de que quase sempre o que mais tememos, acontece.

Quando eu completei 36 semanas de gestação, passei a acreditar que iria parir logo, talvez antes mesmo de completar 38 semanas. Não sei se esse pressentimento era pura ansiedade ou consequência de uma ultrassonografia que fiz, onde a médica disse que minha placenta já tinha atingido o grau III, ou seja, em tese já estaria velha.

Após consultar meu médico, ele disse que isso não significava absolutamente nada e que eu podia ficar tranquila. Assim fizemos.

Meu parceiro e eu decidimos não compartilhar essa informação, uma vez que poderia gerar uma apreensão desnecessária nas pessoas, amentando ainda mais os questionamentos sobre o nascimento da Luiza. Comentei com a Helena, minha doula, e com minha cunhada, que também é doula... ambas falaram a mesma coisa: Não havia motivo para preocupações.

Quando eu completei 37 semanas, durante uma noite, comecei a sentir cólicas seguidas de contrações, as quais se estenderam pela madrugada. Sabia que para o trabalho de parto começar, elas precisam de ritmo. Avisei minha doula e fui dormir, porque se fosse mesmo a hora eu precisava estar descansada.

No decorrer dos dias, continuei a sentir as contrações de treinamento, algumas vezes com a presença de cólicas, outras não. Meu tampão mucoso também começou a sair e continuou até o dia do parto. Como eu havia me preparado durante os nove meses da gestação, sabia que meu corpo já vinha dando sinais de que o grande dia estava próximo, mas que eu também saberia o momento certo. Não há como se enganar.

Já com 38 semanas, fui informada pelo médico de que ele não estaria na cidade no final de semana do dia 25 de maio. A partir dai, comecei a ficar apreensiva, pois na minha cabeça, meu trabalho de parto seria inicio no exato momento em que ele saísse de Porto Velho.

Os dias foram passando e na sexta-feira, dia 19, fui à consulta de rotina e mais uma vez o médico deixou claro que não estaria na cidade no final de semana do dia 25. Ele me perguntou se eu continuava firme no propósito do parto natural e disse que estava receoso com o fato de eventualmente eu ser atendida por outra pessoa em sua ausência. Eu disse que nada havia mudado e que só me restava aguardar o momento em que ela quisesse nascer.

Sai da consulta tensa. Mandei mensagem pra minha doula e ela mais uma vez tentou me tranquilizar. Disse que eu iria parir, com ou sem a presença do médico. No final da manhã, mandei mensagem a ela novamente dizendo que estava com muito medo de acabar sendo atendida por outra equipe médica, que não respeitasse minha vontade e então perguntei se haviam meios naturais de induzirmos o trabalho de parto.

Ela então me disse que até poderíamos tentar, mas que eles não funcionariam se não fosse a hora certa. Como eu estava muito aflita, ela me perguntou se eu gostaria de ir ate sua casa, para receber uma massagem e fazer a acumpressão.

Ao chegar a sua casa, comecei a chorar e disse que tinha muito medo de vir a sofrer violência obstétrica, de não ter o parto da maneira tão sonhada durante esses nove meses. Disse que meu pressentimento era de que no momento em que o médico viajasse, o trabalho de parto teria início, mas que também não queria ser submetida a uma cesariana, tampouco ter o TP induzido, porque me passava a sensação de que eu estaria desrespeitando a hora certa da minha filha nascer.

Após a massagem, ela me tranquilizou. Disse que não faria a acumpressão, pois sua intuição dizia que a hora estava próxima. Voltei para casa aliviada. Chamei meu parceiro para jantar fora, tivemos uma noite agradável. Dormimos até as nove do dia seguinte e ao acordar, ele disse que a Luiza nasceria logo, por isso tínhamos dormido tão bem.

Na noite de sábado, dia 2o, comecei a sentir contrações acompanhadas sempre de uma cólica, que agora se apresentava mais forte, como cólica de menstruação mesmo. Passei então a monitora-las e elas vinham em intervalos de dez minutos. Como já tinha sentido isso algumas outras vezes, não botei fé que o negocio ia engatar. Para mim, era mais um alarme falso.

Dormi bem, mas acordei cansada. A sensação que eu tinha era que estava cansada de correr e que havia tomado um porre daqueles. O ritmo do meu corpo havia mudado. Dormi a manhã toda, entre uma contração e outra.

Consegui almoçar e fui me deitar novamente. Mandei mensagem pra doula e para o médico, que não me respondeu. A partir de então, as contrações começaram a ficar mais intensas e a cólica também. Passe instintivamente a vocalizar na hora da contração e a segurar na mão do meu parceiro, que delicadamente acariciava meus cabelos.


      

Às 14 horas mandei mensagem pra doula e ela disse que viria me ver. Quando ela chegou, por volta das 15 horas, eu estava deitada e ela começou a cronometrar as contrações, que estavam irregulares no começo.

Após um período deitada, ela me convidou a sentar na bola de pilates e ali eu fiquei recebendo massagem nas costas e segurando na mão do meu parceiro. A cada nova contração, eu me concentrava na dor e só pensava que logo iria passar, era só mais uma. Ainda conseguia conversar.

Me concentrei em tudo que havia aprendido durante a gestação e permaneci firme no meu propósito. De repente, por volta das 16 horas, a bolsa estourou. Junto com o liquido que passou a sair de mim, saiu também um choro, o mais sincero e profundo da minha vida, um misto de felicidade e prazer, porque somente naquele momento eu percebi que a hora havia chegado.

Desci para tomar banho. Já não consegui mais subir e conversava quase nada. Meu parceiro tentou por várias vezes ligar para meu médico e seu telefone só dava desligado. Fiquei mais algum tempo sentada na bola e então a doula sugeriu que fossemos para o hospital e esperássemos o médico lá.

As contrações continuam muito fortes e agora em intervalos bem pequenos. Chegamos ao hospital por volta das dezessete horas e vinte minutos. Eu só conseguia me concentrar na dor e não consegui deixar que medissem minha pressão. Nesse momento, meu maior medo se concretizou.

Não sei por qual motivo, meu médico não estava na cidade. Quando ainda estávamos a caminho do hospital, ele mandou mensagem dizendo que em duas horas chegaria a Porto Velho e que eu fosse para o hospital. Ao ser examinada pelo médico plantonista, descobri que já havia dilatação completa e que o parto seria feito por ele, um médico antigo e que ao perguntar quem era a moça que me acompanhava, disse de pronto que não aceitaria a presença de doula na sala de parto.

Graças às preces da minha doula, ele voltou atrás e disse que aceitaria sua presença, desde que ela não mandasse em seu trabalho. Consegui ainda explicar que ela jamais faria isso e então, fui levada para a sala de parto, sala essa que nem o médico sabia que existia. Consegui ainda dizer ao médico que eu não queria que ele fizesse episiotomia em mim.

Não sei dizer quanto tempo o expulsivo demorou, só sei que foi rápido e muito intenso. Além de ter que administrar o médico forçando meu períneo na crença de que isso facilitaria a saída do bebe, tive que administrar a presença da pediatra, que não entendia nada sobre parir.

Naquele momento, sabia que tudo que ela estava falando estava errado e passei a me concentrar na voz do meu parceiro e no olhar da minha doula. Mantive-me firme neles. Quando o médico disse que a Luiza estava quase nascendo, perguntei a doula se era verdade e ela disse que sim, que já dava para ver os cabelinhos.

Tentei respirar na folga da contração e quando veio a próxima, Luiza chegou ao mundo, as 18h5min, do dia 21 de maio desse ano. O médico não permitiu que ela saísse naturalmente, o que também motivou a laceração que eu sofri. Quando eu a vi, estava em êxtase, conseguia apenas ouvir a voz do meu parceiro dizendo que ela havia nascido.

Uma paz passou a habitar meu ser. Tudo passou a ter um novo significado na minha vida. A sensação de ter conseguido apesar de todos os percalços, é maravilhosa. Só conseguia pensar em como valeu a pena esperar, que meu corpo sabe parir e que acreditar nisso fez toda a diferença. Eu, que passei a vida toda achando que não tinha foco para terminar o que começava, me vi encerrando um ciclo e dando início a outro, utilizando meu corpo para trazer ao mundo um ser humano.

Após os procedimentos padrões, a Luiza veio definitivamente para meu colo e não saiu mais. Minha placenta nasceu, recebi os atendimentos ali na sala de parto e depois fui para o quarto. Tomei banho sozinha, jantei e passei a noite tentando entender a grandeza do que eu havia vivido. Meu médico chegou na cidade pouco depois que a Luiza chegou ao mundo e as 21 horas do mesmo dia, iniciou seu plantão no hospital em que eu estava. De fato não era pra ser.

Meu parto não foi como eu havia planejado na minha cabeça, mas foi encorajador o suficiente para que eu me concentrasse no meu desejo, mantendo-me firme no meu propósito.

Atribuo a evolução do meu trabalho de parto a minha simples dedicação em não tentar controlá-lo, deixando que as coisas caminhassem no seu tempo. Apesar de intenso, não consigo me lembrar da dor. Talvez seja pelo fato de jamais ter aliado o ato de parir com qualquer coisa negativa. Tudo passou a ser ressignificado na minha vida.

Sou grata pela oportunidade de ter vivenciado tamanha experiência, juntamente com meu parceiro. Vimos a vida saindo de dentro de mim, na hora dela, no tempo dela. Parir é visceral. De fato, eu não poderia passar por essa vida e não me permitir viver tudo isso. Gratidão.










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