por Cariny Cielo
Hoje é o dia mundial do perdão e meu pedido de perdão vai para meu filho.
Filho querido, me perdoa?
Você me teve tão despreparada, tão alheia e perdida.
Quanto te ouvi, gritando em desespero, recém-nascido, dei-me conta de que, enfim, você havia mesmo me escolhido. E você foi tão corajoso por isto pois faltava tanto de mãe e de mulher em mim para merecer teu sorriso lindo de criança.
Perdão por não te dar o primeiro abraço assim que nascestes e por deixar te levarem de mim a caminho da solidão fria de um berço...
Perdão por não exigir que te deixassem receber o sangue que ainda vertia de mim pra ti, e que era teu por direito. Cortaram-te de mim, sem rodeios, sem simbologia, sem reverência...
Perdão pela pressa, filho, com que te manusearam, te empurraram, te vestiram, te violaram... pelo ardor do ácido nos olhos, pela angústia das sucções e injeções.
Me desculpa a sala fria e sem vida e aquela luz tão forte que feriram teus olhos que, até então, buscavam a mim, só a mim. E me perdoa por todas aquelas mãos te tocando, quando só o meu toque importava...
Perdão pelas horas eternas em que tu esperou para conhecer meu seio, saciar tua fome, de leite e de vida, enquanto eu ainda procurava os pedaços de mim que haviam se perdido.
Perdão por tudo aquilo que você teria direito e não teve por estar, eu, ainda tão ausente de mim mesma. Por não te ouvir e por não me ouvir...
Me perdoa por eu não ter sido tua no exato instante em que chegastes a este mundo. Por não ter gritado e exigido o respeito que merecias por ser meu filho.
Pelo cheirinho que não senti e o banho que não te dei...
Perdão, depois, pelas noites mal dormidas, em que te neguei comida, ainda tão distante de ti.
Pelo longo escuro da noite e aquele vazio no quarto que eu te fiz sentir. Tão vazia, eu sim, de mim mesma.
Desculpe todos os beijos que não te dei e os abraços que te neguei, quando gritavas por mim.
Quero te lembrar que isso tudo passou e, embora carreguemos nossas marcas, você estava certo em me escolher. Não posso ser mais nada que não sua mãe.
Você me teve tão despreparada, tão alheia e perdida.
Quanto te ouvi, gritando em desespero, recém-nascido, dei-me conta de que, enfim, você havia mesmo me escolhido. E você foi tão corajoso por isto pois faltava tanto de mãe e de mulher em mim para merecer teu sorriso lindo de criança.
Perdão por não te dar o primeiro abraço assim que nascestes e por deixar te levarem de mim a caminho da solidão fria de um berço...
Perdão por não exigir que te deixassem receber o sangue que ainda vertia de mim pra ti, e que era teu por direito. Cortaram-te de mim, sem rodeios, sem simbologia, sem reverência...
Perdão pela pressa, filho, com que te manusearam, te empurraram, te vestiram, te violaram... pelo ardor do ácido nos olhos, pela angústia das sucções e injeções.
Me desculpa a sala fria e sem vida e aquela luz tão forte que feriram teus olhos que, até então, buscavam a mim, só a mim. E me perdoa por todas aquelas mãos te tocando, quando só o meu toque importava...
Perdão pelas horas eternas em que tu esperou para conhecer meu seio, saciar tua fome, de leite e de vida, enquanto eu ainda procurava os pedaços de mim que haviam se perdido.
Perdão por tudo aquilo que você teria direito e não teve por estar, eu, ainda tão ausente de mim mesma. Por não te ouvir e por não me ouvir...
Me perdoa por eu não ter sido tua no exato instante em que chegastes a este mundo. Por não ter gritado e exigido o respeito que merecias por ser meu filho.
Pelo cheirinho que não senti e o banho que não te dei...
Perdão, depois, pelas noites mal dormidas, em que te neguei comida, ainda tão distante de ti.
Pelo longo escuro da noite e aquele vazio no quarto que eu te fiz sentir. Tão vazia, eu sim, de mim mesma.
Desculpe todos os beijos que não te dei e os abraços que te neguei, quando gritavas por mim.
Quero te lembrar que isso tudo passou e, embora carreguemos nossas marcas, você estava certo em me escolher. Não posso ser mais nada que não sua mãe.
Aquela chaga nunca foi esquecida e foi ela que me impulsionou a sair da frieza e da razão e mergulhar no mar do amor.
E isso, a cada dia, ganha uma dimensão que até então eu não conhecia. Continuo te aprendendo, mas desta vez sou eu uma completa enamorada de ti...
Todo dia é de perdão e eu relembro e me liberto!
Perdoa-me, filho, tu és meu amor eterno.
E isso, a cada dia, ganha uma dimensão que até então eu não conhecia. Continuo te aprendendo, mas desta vez sou eu uma completa enamorada de ti...
Todo dia é de perdão e eu relembro e me liberto!
Perdoa-me, filho, tu és meu amor eterno.
Imagem: Anne Guedes. Álbum do bebê, arquivo pessoal