23 de julho de 2012

Marcha do Parto em Casa: O que é que Rondônia tem a ver com isso?



por Cariny Cielo

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro editou as Resoluções ns. 265 e 266 no último dia 19. Todo o movimento nacional e internacional de humanização do nascimento está chocado com a arbitrariedade e, em tese, inconstitucionalidade e ilegalidade da norma.

Mas não estou aqui para sair fazendo discurso sobre este assunto, pois, se vc digitar no Google: cremerj + parto + casa + doula, vc consegue um banquete de informação.

Estou aqui para responder a pergunta que você que é de Rondônia pode ter feito, quando começou a ler o meu post: “o que é que eu tenho a ver com isso? Rio de Janeiro? Conselho Regional? Hein?"

Pois bem.

Um dos grandesssíssimos problemas (acabo de inventar esse adjetivo) de quem planeja melhorar qualquer coisa institucionalmente organizada (saúde, educação, política, órgãos públicos) é a falta de união para este fim. Vemos por aí que, muitas vezes, o status quo (quem fez graduação em Direito adora latim) se organiza tão bem que acaba sendo muito mais bem sucedido do que quem quer mudança. Parece que paira no ar um invisível ‘código de irmandade’ em favor de quem, por algum interesse (geralmente bem mesquinho mesmo), prefere manter as coisas como estão!

Um Conselho de Medicina deveria pensar – essa é a lógica na qual acreditamos – que, se faz bem para a mulher e faz bem para o recém-nascido, tem que mudar! Mas, estão tão 'retrogradamente' organizados que sequer cogitam discutir o assunto. Olha o status quo reinando aí...

Querem um exemplo? Meu primeiro filho nasceu há cinco anos e eu, ainda grávida, virei prum médico e disse: “gostaria que na hora do parto esperassem o cordão parar de pulsar para fazer o corte, eu já li, estudei bastante a respeito e... blá blá blá”.

Como responderia um médico aberto a mudanças?
– Interessante! Onde vc leu isso? Como funciona? Vou estudar a respeito.

Ocorre que eu aprendi a duras penas que médicos, em regra – e olha que eu detesto generalizações – não são abertos a mudanças! A medicina tradicional não é aberta a mudanças. Porque? Por que eles querem manter o tal do status quo. E porque eles querem manter? Por que está bom para eles, oras!

Mas, continuando...

Como ele me respondeu?
– HAHAHAHAHAHAHAHA. De onde vc tirou isso?

Só ele achou que era piada! E a ironia que fecha com chave de ouro este meu exemplo é que, quatro anos depois, em março de 2011, a Sociedade Brasileira de Pediatria colocou como REGRA no atendimento neonatal o “clampeamento tardio do cordão”.

Aquilo que eu pedi feito esmola em 2007, virou norma médica em 2011. (Pausa para ficar com ódio!).

Logo, as mudanças só se efetivam com união efetiva dos interessados! Se, na época, eu fizesse parte, como faço hoje, de algo maior (Rehuna, Parto do Princípio) eu não pediria esmola; eu exigiria o melhor! Tolinha, eu era...

Existem médicos em todo o Brasil e mundo que estão a todo instante se questionando para oferecer o melhor para seus pacientes. E isto sim é ser ético!

E, Rondônia tem tudo a ver com isto simplesmente porque, das últimas dez gestantes que vc viu por aí, de 7 a 8 (se for em hospital particular serão 9) vão sofrer cirurgia para o filho nascer, sendo que, em regra, apenas uma vai ter realmente precisado da intervenção. E, pior, muito pior, pior demais (!), todas vão achar que a cesárea é mais segura para ela e para o bebê!!! NÃO É!!! E não precisa ficar duvidando de mim, porque não sou eu que penso isso, ta? Ou melhor, eu penso, também, mas você vai gostar de saber que isto vem da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde, e das evidências científicas...

E você? Quer ciência ou quer conveniência? Será que seu médico sabe o que é medicina baseada em evidências científicas? Ou será que só ele também vai achar que mudar é uma piada?

Sendo você uma gestante morando em Rondônia, o assunto das resoluções do CREMERJ tem tudo a ver contigo: o que tá ruim pode piorar! Não é porque estamos em Rondônia – o Estado número 1 em cesáreas do Brasil, sil, sil – que estamos alienadas, alheias ao que é bom, ao que vem mudando a nível nacional e mundial!

Mesmo que vc não esteja grávida; ou nem queira saber de filhos; ou, ainda, que seja homem... cuidado: Mais dia, menos dia, vc pode precisar que o atendimento obstétrico de Rondônia seja melhor!!!

E, se como diz nosso amado (idolatrado salve, salve) Michel Odent: “para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”; então, para mudar Rondônia, é preciso mudar a forma como nossos rondonienses nascem...

Vai dizer que isso não tem nada a ver com você?

...

Agora é aquela hora em que vc me pergunta, empolgadíssimo, ou empolgadíssima:

– “Como eu posso participar?”

Aí vai:

1. Compartilhando este post! Espalha aí e põe lenha na fogueira...

2. Assinando o abaixo-assinado:
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=265266RJ

3. Denunciando ao Ministério Público Federal:

http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/informacao-e-comunicacao/contato/como_encaminhar_denuncia/
“Eu quero manifestação do Ministério Público acerca das resoluções baixadas pelo CREMERJ, pois entendo que são inconstitucionais (contra a Constituição Federal) e ilegais (contra a Lei do Acompanhante) e receio que isto tenha reflexos também em meu Estado.”




QUER SE INTEIRAR MAIS? Leia as resoluções na íntegra!



Fica com medo de clicar não... dá de ler rapidinho:
http://www.cremerj.org.br/legislacao/detalhes.php?id=714&item=1

http://www.cremerj.org.br/legislacao/detalhes.php?id=715&item=1

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