13 de dezembro de 2017

Relato de parto da Daniele: parto normal hospitalar em Porto Velho

 

História linda da Daniele que teve seu filho Gabriel de parto hospitalar com doula, em Porto Velho.
Desfrute!




Nunca fui daquelas que sonham com casamento ou maternidade, mas quando conhecemos uma pessoa especial há uma mudança nos conceitos sobre família. Mesmo sem muitas expectativas para o crescimento de nossa família, decidimos então não nos preocuparmos com métodos contraceptivos.

Já tinha feito inúmeros testes de farmácia, inclusive na primeira semana de dezembro de 2016. E no dia 07/12/2016 resolvi fazer um beta só para provar à uma amiga que eu não estava grávida. Ao abrir o exame fiquei em choque! O chão saiu debaixo dos meus pés e senti vários calafrios pelo corpo.

Estou grávida! E agora? Como contar ao marido que ele seria o pai do ano de 2017? Resolvi então comprar algo especial e simbólico para esse momento, comprei um body branco com a oração do Santo do Anjo, embalei para presente e fiz um cartão de boas-vindas do filhote para o papai.



Lágrimas de alegria transbordaram e nossa caminhada começou. Primeiro trimestre se passou, nada de enjoos, apenas o cansaço, normal numa gestação saudável. Sempre fiz atividade física e mantive minha rotina com o personal training Fabrício Souto e decidi complementar com pilates para gestante na Clínica Vitalle sob a supervisão das queridas Maysa e Gisele. E pensando em todos os benefícios que meu corpo teria, complementei com drenagem linfática realizada pela querida Rosa Márcia.

E assim segui com minha rotina de cuidados por toda a gestação. Segundo trimestre chegou e descobrimos o Gabriel: um anjo em nossas vidas! Igual como sonhamos num belo dia de missa ao ouvirmos o sermão sobre o Arcanjo Gabriel. Nos encantamos com seu significado e decidimos que esse filho seria recebido em nossas vidas da mesma forma: como o mensageiro de Deus, um homem de Deus, portador de notícias abençoadas e servo do senhor.

Nome escolhido, faltava decidir sobre o parto. Assistimos “O Renascimento do Parto” e foi suficiente para que eu ficasse em choque na frente da TV. Quanta violência obstétrica, quanto despreparo de muitos profissionais, então ficou claro o motivo de tantas experiências ruins de parto. Conversamos com o obstetra sobre a decisão do parto, esclarecemos muitas dúvidas e medos. Seguimos assim ao longo dos meses, buscando conhecimento, histórias e conversando muito sobre tudo que aprendíamos.

Após muitas histórias e muita leitura, tomei coragem e decidi enfrentar o parto normal. Considerei importante meu filho escolher o momento do seu nascimento e os benefícios do parto normal pra nós dois. Tive 100% de apoio do meu marido e tinha certeza que estaríamos juntos em todo o processo. E assim, seguimos para o último trimestre da gestação. Chegamos no 7º mês, confesso que pensei em desistir, pois ainda estava confusa e cheia de medos, mas o medo de uma cirurgia era muito maior.

Decidimos contratar o serviço de doula para me acompanhar e apoiar nessa caminhada, então chegamos até a Talita e Helena do Grupo Araripe. Meu maior medo era desistir e pedir uma cesárea nas primeiras contrações, no fundo eu não acreditava que era capaz. E na semana 37 percebemos como o tempo passou rápido, principalmente com a chegada dos falsos pródromos e com a saída do tampão mucoso. Nos vimos atrasados com os preparativos para a chegada do Gabriel e pensamos: precisamos agilizar!

Chegamos na semana 38 e eu não queria que ele nascesse ainda, meu obstetra estava viajando e eu fazia questão que o parto fosse com ele. Fiquei a semana inteira de repouso absoluto para garantir que chegaríamos na 39º semana. E finalmente a semana 39 chegou. Estávamos prontos para o encontro mais importante de nossas vidas. Eu tinha certeza que Gabriel nasceria naquela semana. Retornei paras as atividades físicas pensando que isso poderia ajudar no “início do trabalho de parto”. Saiu lua, entrou lua e Gabriel não deu sinais. A frustração chegou, pois eu já sabia que tinha um prazo para parir normal. Ao entrar na semana 40 comecei a ficar ansiosa, o médico já havia conversado conosco e informado que ele só poderia esperar até o início da semana 41. Comecei a pensar o que eu poderia fazer para ajudar, pois já estava convicta de desejava o parto normal.

Não queria cesárea desnecessária, considerando que eu e meu bebê estávamos em ótimo estado de saúde. Conforme os dias iam passando a decepção se instalou e comecei a pensar que não conseguiria. Intensifiquei as atividades físicas (sempre com orientação dos profissionais que me acompanharam) e nada do Gabriel. Comecei a considerar fazer a indução do parto, mas sem muito ânimo pois não tinha planejado ou desejado que fosse assim.

Descobri a indução natural do parto usando técnicas não farmacológicas (acupressão, alimentação, massagens relaxantes e etc) e segui todas as orientações das doulas e dicas recebidas de amigas. Nada ainda. E chegou o domingo, era dia dos pais e eu completava 40 semanas e 6 dias. O dia seguinte era o limite do prazo acordado com o médico. Já estava preparada psicologicamente para decidir entre a indução ou a cesárea.

Em homenagem ao “novo papai”, decidi fazer seu bolo preferido e às 10 horas da manhã, ao me abaixar para olhar o forno, eis que veio a surpresa. Ouvi um “ploc” e em seguida um líquido escorreu pelas minhas pernas: a bolsa estourou. Até que enfim, pensei. Já estava desacreditada que esse momento chegaria, depois de muito engano (por causa dos pródromos e perda do tampão) finalmente a hora chegou.

A família ficou eufórica, mas eu respirei, mantive minha calma e segui meu dia normalmente. Resolvi descansar após o almoço, já considerando que que eu poderia ter uma madrugada bem agitada. Dito e feito: a primeira contração chegou às 17h, leve e suportável. Às 19h resolvi fazer caminhadas no condomínio com a companhia do marido, bebendo muita água e me distraindo sempre que possível. Após 30 minutos de caminhada, a dor apertou e só consegui pensar num banho bem quente.

E assim seguimos ao longo da noite, entre contrações, massagens, técnica de respiração, risadas e amor, muito amor. Ora preferia ficar embaixo do chuveiro, ora abraçava o marido, ora deitava. As contrações estavam tão arrítmicas que não conseguia identificar o quão próximo estávamos de chegar nos 10 cm de dilatação. Às 23h fomos ao consultório do médico Rodrigo Carrapeiro para realização do toque, eu acreditava que estava na fase ativa do trabalho de parto, estava sentindo muita dor. Passei mal à caminho do consultório, vomitei várias vezes, tive calafrios e já tinha me convencido que o final estava próximo. E quando o médico falou que estava apenas com 2 cm de dilatação me desesperei. Pensei: não vou aguentar!




Pedi anestesia (mesmo sabendo que não ganharia) e então me descontrolei. Precisei de muita oração para recuperar o controle da situação. Cheguei no hospital por volta de 01:00 hora e fui direto para a sala de parto normal (meu médico já havia falado com o plantonista) na companhia do meu esposo e das minhas doulas. Só aí que pude ficar mais confortável, então sentei na bola de pilates embaixo do chuveiro e namorei a água quente escorrendo pelo meu corpo. Enquanto isso pedi que enchessem a banheira de hidromassagem e comecei a me concentrar no meu mundo.

Após alguns minutos de massagens, algumas conversas e exercícios para acelerar a dilatação, resolvi entrar na banheira. A água estava perto dos 40º e finalmente a dor se foi. Que alívio! Fiquei ali por horas, me concentrando nos sinais do meu corpo, na minha decisão e no meu filho. Não sei se a reclusão no meu mundo foi tão intensa que me fizeram não mais perceber as contrações ou se de fato a dor tinha ido embora. 

Às 4h da manhã senti a primeira vontade de “empurrar” que era incontrolável, resolvi então sair da banheira e me posicionar para iniciar o expulsivo. Fiquei de pé e apoiada no espaldar fazia força para a posição de cócoras em cada contração que chegava. Já não sentia mais nenhuma dor, apenas meu corpo trabalhando para expulsar Gabriel do meu ventre. Após muitas tentativas, passei por novo toque e descobrimos que Gabriel já estava na metade do caminho. Mais força, mais concentração e mais expectativas. Estava ficando cansada já. Depois de passada 1h do último toque, ainda usando a mesma posição, um novo toque foi feito e veio a surpresa: Gabriel continuava no mesmo lugar. Não tinha descido mais nada. Veio novamente o desespero!!! E agora? Fiquei preocupada com meu filho e comecei a pensar o que eu estaria fazendo errado. 

Concluí que precisava me concentrar e fazer acontecer, afinal de contas eu tinha decidido desta forma. Respirei fundo, me empoderei totalmente do meu corpo, da minha mente, relembrei tudo que havia aprendido ao longo das 41 semanas de gestação e mudei de posição. Decidi que Gabriel deveria nascer logo e escolhi a posição de 4 apoios na bola de pilates para fazer acontecer.

Em cada contração eu controlava a respiração e executava tudo aprendido na fisioterapia com a Camilla Patriota. Assim empurrei Gabriel pro mundo. Imagino que quatro contrações depois da minha decisão, senti meu filho coroar. Que euforia, que alegria. 

Me preparei, respirei fundo e na contração seguinte Gabriel nasceu!! Às 07:50h da manhã do dia 14 de agosto de 2017, com 52 cm e 3.955kg, piscando para o mundo. Que momento único!! Nosso nascimento foi inesquecível: minha versão materna e a chegada do meu bebê. Não tem preço que pague esse momento. Quanto orgulho e alívio meu marido sentiu. Finalmente conhecer nosso filho foi inexplicável.



E quando veio a calmaria pensei: Meu Deus, eu fui capaz de parir. Logo eu! Que orgulho de mim! Não tive lesões no períneo, não passei por nenhum procedimento desnecessário, fui tratada com muito carinho por todos os profissionais que me acompanharam em toda gestação e com toda certeza digo que faria novamente. 

Considero que tive o parto dos sonhos. Aprendi nessa jornada que um bom acompanhamento, com bons profissionais fazem sim diferença na evolução do trabalho de parto, mas se você não tiver determinação, conhecimentos da sua escolha e auto-controle, a chance de você desistir é imensa. Esse com certeza foi até hoje o momento mais feminino de toda minha vida, de uma intensidade que só quem sente é capaz de descrever. Às 9:00 h eu já estava no apartamento com Gabriel em meus braços, vivenciando o amor incondicional que é a maternidade.













 
Daniele é dentista, mãe de primeira viagem do Gabriel, apaixonada por animais e casada com Theo há 5 anos. Gabriel é fruto de uma história de amor que já dura 11 anos e veio para completar nossas vidas.

9 de dezembro de 2017

Relato de parto da Mádala: parto normal hospitalar em Ji-Paraná



Faz 6 anos que pari meu último filho e tem 3 que não amamento mais. Este distanciamento de eventos femininos tão viscerais (parir, amamentar...) me faz, muitas vezes, se afastar de minha essência, já que poucas experiências são tão impactantes para nós mulheres quanto estas. Mas eu consigo trazer à tona todas essas emoções genuínas sempre que recebo presentes como este, no email partoemrondonia@gmail.com. 

O relato de parto da Mádala que trago aqui hoje me lembrou muito o relato do parto normal do meu segundo filho, que está aqui, por conta da gratidão imensa que ela deixou transbordar nas palavras... Agradecer a experiência do parto ao filho que chegou é de uma conexão tão profunda, explicada pela Ciência do Início da Vida, que chega sufoca de emoção! 

Curta esta história linda, recheada de amor e fotos!





Pois bem! Tudo começou em fevereiro de 2016, quando eu e meu então namorido Alex, descobrimos estar grávidos. Eu havia parado de tomar o anticoncepcional por quatro meses, em razão de um nódulo no seio, benigno, mas que me fez pensar em parar com o uso desse hormônio. Contudo, passados esses meses, comecei a ficar com medo de acontecer uma gravidez indesejada , e voltei a tomar o medicamento. O que eu não me atentei, foi para aquele prazo de 30 dias informado na bula dos anticoncepcionais, uma vez que já tomava há mais de cinco anos, pensei que desde o primeiro dia que tomasse a pílula já estaria prevenida. Ledo engano! Rsrs!

E aí, SURPRESA, dores nos seios, menstruação atrasada, teste de farmácia, estamos GRÁVIDOS! Foi um super susto, ainda não éramos casados, a data do casório estava marcada para maio, e além disso, meu emprego era um cargo de confiança, sem qualquer estabilidade. Chorei litros, mas depois foi só alegria, meus pais vibraram, vovó Raimunda (mãe do namorido) ficou radiante...

Primeira ultrassom, com apenas seis semanas, tudo ok! Segunda ultrassom, com 11 semanas, tivemos a triste notícia de que nosso já tão amado bebê não apresentava batimentos cardíacos. Era um aborto retido. Choramos muito. Tive que passar por uma curetagem, processo extremamente doloroso, meu coração ficou em pedaços. E então eu vi nascer em mim um desejo enorme de ser mãe. Perder aquele pequenino ser, me fez enxergar a vida de outra forma.

Eu e namorido nos casamos em maio de 2016, e nos programamos de engravidar novamente logo que eu fosse convocada para assumir o cargo de um concurso que eu havia sido aprovada. Tomei posse em setembro de 2016, e logo em seguida começamos a tentar.

Em meio a esses meses, estávamos passando pelo momento mais difícil de nossas vidas. Minha amada sogra estava lutando contra um câncer severo e raro, descoberto em junho. A perdemos no final de outubro do mesmo ano.

E assim, em meio a toda tristeza pela perda de uma pessoa tão amada, Deus nos presenteou com o sonhado positivo. Após a morte, Ele nos deu VIDA, maior motivo para seguirmos em frente.

Primeira ultrassom tudo ok. Segunda ultrassom, com 13 semanas, aquele medo enorme de acontecer um aborto retido novamente, mas fomos agraciados por fortes batimentos cardíacos. Foi quando descobrimos que teríamos um meninão, nosso Eduardo, carinhosamente apelidado de Dudu.

A partir disso comecei a pensar em que tipo de parto eu teria. Influenciada pelo estilo de alimentação que eu estava seguindo há alguns meses, baseada em menos industrializados e mais comida de verdade, decidi que não haveria melhor escolha para a minha saúde e do Dudu do que o parto natural.

Então passei a me empoderar! Comecei assistindo ao documentário ORenascimento do parto. Fiquei encantada e ainda mais consciente da minha escolha. Por meio desse filme conheci o trabalho da Dra. Melania e passei a acessar seu blog "Estuda Melania, Estuda", por meio do qual ela disponibiliza informações a respeito do parto, todas baseadas em evidências científicas. Foi quando tomei conhecimento de que, principalmente por interesses econômicos, a maioria esmagadora de nossos médicos são cesaristas, razão pela qual são realizadas muitas cesáreas desnecessárias (desnecesáreas) em nosso país.

Me empoderei e fiz o mesmo com o maridão e meus pais, que me apoiaram incondicionalmente.
Alegria enorme foi descobrir que minha ginecologista, a competentíssima Dra. Adélia F. Pompeu, na contramão dos demais profissionais da área, é a favor do parto natural humanizado, tendo, inclusive, uma sala própria para isso no hospital HCR Maternidade, em Ji-Paraná. Nunca me esqueço dela me dizendo, em uma das inúmeras consultas de pré-natal, que: "O parto está na cabeça da mulher".


Outras influências para essa decisão foram: minha mãezinha, que apesar de ter tido cesáreas (assistida por médico cesarista, infelizmente não poderia ter sido diferente), esperou pelo momento que eu e meu irmão quisemos nascer. Minha sogra, que teve os quatro filhos de parto normal.

Minha cunhada Yasmine, que também passou por essa experiência, quando nasceu nosso amado sobrinho Isaac. Minhas avós materna e paterna, que tiveram 14 e 9 filhos, respectivamente, de parto natural. Uma colega de trabalho, Mileide, cujos relatos de parto eu li, e me influenciaram muito. Minha fisioterapeuta e amiga Keila, que também optou pelo parto normal no nascimento das suas princesas. E às inúmeras mamães que redigiram os vários e vários relatos de parto que eu li e reli.

Por volta das 30 semanas de gestação, em razão de uma conversa em família, percebi que apesar de me apoiarem, maridão e meus pais não estariam preparados emocionalmente para o dia do parto, e talvez sucumbissem a uma cesárea se me vissem sofrendo. Foi quando decidi que precisava de uma Doula. Pesquisei na internet, e encontrei o nome da Layne, no site Parto em Rondonia . Entrei em contato e marcamos um encontro. Conversamos bastante, e eu e minha família gostamos muito da Layne, e então fechamos nosso contrato verbal de que ela estaria conosco nos apoiando no dia do parto.



Tive uma gestação muito tranquila. Durante o terceiro trimestre passei a ter varias contrações de treinamento (Braxton Hicks) que me assustavam muito, em razão de ser marinheira de primeira viagem, rsrs, o que fez com que me adiantasse um pouco e tirasse a licença maternidade com 38 semanas de gestação, uma vez que moro em São Francisco do Guaporé, e não queria ter Dudu por aqui, em razão da política do único hospital da cidade, onde não é permitida a entrada de acompanhante com as mulheres que estão parindo, são obrigadas a parir deitadas, e são realizados vários procedimentos desnecessários, como a episiotomia.

Então, com 38 semanas de gestação fui para Ji-Paraná, aguardar na casa dos meus pais a hora do Dudu querer nascer. A ansiedade era meu segundo nome. Então passei a fazer várias coisas que poderiam ajudar a induzir o parto de forma natural. Passei a fazer acupuntura com a Fisio e amiga da família, Juliana Oliveira. Pulava e pulava na bola de pilates. Comidas picantes, chás de canela. E nada do Dudu querer nascer. Rsrs! Poucos sinais, algumas colicazinhas que passavam rapidamente ao tomar um banho morno.

Com 39 semanas ganhei uma despedida de barriga da querida Doula Layne. Que momento maravilhoso proporcionado por ela. Ganhei uma coroa de flores feita por ela, massagem nos pés e na lombar. Rsrs! Me senti uma rainha. Maridão e meus pais participaram desse momento também.



Por fim chegou a data prevista de parto, eu me convenci que Dudu só viria depois das 42 semanas, o que fez com que ficasse menos agoniada. Me concentrei em fazer o plano de parto, onde constei tudo o que gostaria e não gostaria que fosse realizado no momento do parto e após o parto.

Já que Dudu aparentava não nascer tão cedo, meu marido, acompanhado do meu pai, retornou para São Francisco do Guaporé, a fim de olhar nossa casa e dar uma atenção para nossos cachorrinhos.

Ficamos eu e minha mãe em casa. No sábado (05/08) fomos à igreja, depois saímos para jantar com um casal de amigos da família. Tomei um pote enorme de sorvete e passei a madrugada inteira sem dormir, empanzinada, rsrsrs! Minha barriga estava enorme, se eu comesse uma ervilha a impressão é que tinha comido um boi inteiro. Rsrs!

No dia seguinte, 06/08, quando já estava com 40 semanas e 04 dias de gestação, levantei às 06 da manhã para ir ao banheiro urinar e, SURPRESA, ao me limpar percebi que saiu um pouco do tampão mucoso. Na hora fiquei super, hiper, mega, power feliz! Kkkk! Mas, logo em seguida, lembrei de alguns relatos de parto que havia lido, em que as gestantes perderam o tampão mucoso uma a duas semanas antes do parto. Resolvi me aquietar e não alardear nada para a família.

Voltei a deitar. Poucos minutos depois, comecei a sentir uma levíssima cólica, que vinha da lombar para o baixo ventre, eram as famosas contrações. Continuei quietinha, deitada. Pensando assim: Não é hoje, Mádala! Pára de ansiedade!

Quando deu umas 08 horas da manhã, percebi que as cólicas estavam ficando mais intensas, e aí comecei a cronometrar. Elas vinham a cada 15/20 minutos.

Fui para o chuveiro, fiquei debaixo da água morna caindo, e BINGO, as contrações não passaram. “Huum! Acho que realmente estou em trabalho de parto!” Rsrs!

Então me lembrei que havia lido que estimular os mamilos induz o parto naturalmente, uma vez que libera ocitocina. Peguei um gel lubrificante que havia comprado pra fazer massagem perineal, e comecei a passar nos mamilos. E não é que depois de uns cinco minutos as contrações ficaram mais intensas?! Sim! Nesse momento tive certeza, eu estava em trabalho de parto.

Liguei para o maridão super empolgada. Ele disse que já estava retornando com meu pai. Chegariam para o almoço. Em seguida, liguei para a Doula Layne, que prontamente me atendeu, e se dirigiu para a casa dos meus pais, onde eu estava.

Nisso minha mãe já estava super preocupada e querendo me levar ao hospital. Rsrs!

Por volta das 10h da manhã as contrações já estavam mais ritmadas e vindo a cada dez minutos, aproximadamente. A cada ida ao banheiro, saia mais um pouco do tampão mucoso. A única posição que me ajudava era de joelhos em cima de um colchonete apoiando os braços e tronco num banquinho à minha frente. A cada contração a Layne massageava minha lombar e fazia uma compressa morna com bolsa térmica, que me ajudavam muito.

Enquanto isso, minha mãe se controlava para me passar tranqüilidade, e se ocupava fazendo o almoço.

Ligamos para a minha ginecologista, Dra. Adélia, que me orientou ficar em casa mais um tempo, e só me dirigir ao hospital quando as contrações estivessem de 01 em 01 minuto, aproximadamente.

Liguei novamente para o maridão que ainda estava na estrada, tranqüilo e calmo, pensando ser um alarme falso. Kkkk!

Pai e marido chegaram por volta de meio dia, quando eu já estava urrando de dor. Sim, eu fui uma parturiente ESCANDALOSA! Sempre achei que sentiria as dores como uma lady, mas GRITEI feito uma condenada. Kkkkk!

Maridão ficou super preocupado e achou que devíamos seguir para o hospital. Eu concordei, pois a dor estava muito intensa. Entrei no carro do jeito que estava em casa. Por falar nisso, que terror é estar em trabalho de parto dentro de um carro. Foram 15 minutos de casa até o hospital, mas pareceu uma hora.



Enquanto isso meus pais se organizavam com as coisas que precisávamos levar para o hospital, minha mala, a mala do bebê, etc. E o almoço da minha mãe virou uma janta. Rsrs! Naquele domingo nenhum de nós almoçou.

Chegamos no hospital por volta de 12h45min. O médico plantonista fez o toque. OITO centímetros de dilatação! Estávamos quase lá!

A dor era realmente intensa, já não havia mais posição que aliviasse. Eu abraçava a Layne e urrava a cada contração. Coitados dos ouvidos da Layne. Rsrs!

Era um misto de sentimentos. DOR, ALEGRIA por já estar com quase toda dilatação necessária, MEDO de não aguentar a fase do expulsivo.

No elevador, subindo para a sala de parto, comecei a chorar e a murmurar. Pedia à Deus mais força, e que me guiasse para a aquilo que o meu corpo é naturalmente pronto. Lembrei das minhas antepassadas e todas aquelas que foram minhas inspirações para chegar até ali...

Chegando na sala de parto, as enfermeiras encheram a banheira, onde fiquei por cerca de uma hora. Maridão ficou na banheira comigo, segurava minhas mãos, massageava minhas costas, o companheirão que sempre foi.



Dra. Adélia chegou por volta das 13h30min. Fez o toque, DEZ centímetros de dilatação. Já estava na fase do expulsivo, eu sentia vontade de fazer força. A bolsa ainda não tinha estourado. Auscultaram o coração do nosso Dudu, tudo ótimo. Layne quis que eu bebesse um suco de laranja, dei um gole, mas nada descia, nem água.

Chegou um momento que não estava mais me sentindo bem na banheira, eu não encontrava uma posição confortável. E água morna estava fazendo com que as contrações diminuíssem. Sai da banheira. Foi quando não tinha mais posição confortável mesmo. A menos pior foi num banquinho próprio para parir. Ele parece um vaso e nas laterais tem alças para segurar enquanto se faz força.

Dra. Adélia fez mais um toque e disse: ele está quase aqui!

Enquanto isso, em meio à dor e meus gritos, eu ouvia tocar minha seleção de músicas para o parto. “Bem vindo meu novo ser, cercado de proteção, de tanto amor, tanta paz, dentro do meu coração. É como se eu tivesse esperado toda vida pra te embalar...”.


A sensação era de que minhas costas estavam abrindo, especialmente a lombar. Eu estava cansada e fazendo a força de forma errada. A Layne e as enfermeiras me orientavam para fazer força de cocô, falavam que eu estava fazendo a força com o pescoço. A bolsa ainda não havia estourado. Eu ouvia a minha volta que o bebê poderia nascer empelicado. Também ouvi meu pai dizer que a bolsa era de couro, rsrs, não consegui rir disso na hora. Rsrs.

Maridão, pai e mãe se revezavam atrás de mim, dando apoio para as costas. Layne o tempo todo ao lado segurando minha mão esquerda.



Chegou um momento que achei que não conseguiria mais. Minhas pernas tremiam, e se me oferecessem uma cesárea eu aceitaria sem pensar duas vezes. Rsrs! Com certeza eu já estava na famosa partolândia, não tinha mais consciência de quem estava atrás de mim dando apoio nas costas, e já não ouvia mais nada ao meu redor. Foi quando vi Dra. Adélia forrando um pano verde no chão, de frente a mim, e o pediatra, Dr. Freddy, sentando num banquinho ao lado. Dra. Adélia disse: FORÇA! Ele está aqui. Fiz mais três forças, senti o círculo de fogo, ele coroou ainda dentro da bolsa, e às 15h27min, do dia 06/08/2017, recebi Dudu nos braços, com 52 cm e 3,710kg.



"MEU FILHO", eu gritei!

Esperaram parar de bater o cordão umbilical e, ainda no meu colo, minha mãe o cortou. Rapidamente o pesaram e mediram. Apgar DEZ/DEZ. Enquanto isso, senti vontade de fazer mais uma forcinha, e pari a placenta. Senti amor por aquele órgão, afinal foi ele que alimentou meu bebê durante toda a gestação.



Levantei extremamente trêmula e fraca, e fui para uma maca, onde a Dra. Adélia deu uns pontinhos na pequena laceração que tive. Layne ao meu lado, ainda segurando minha mão.

Logo me entregaram Dudu no colo novamente, onde ele iniciou uma mamada despretenciosa, meio sem jeito, mas muito importante. Seguimos para um quarto, onde ficamos durante 48 horas sob observação, somente em razão das regras do hospital.



Eu estava cansada, mas falava feito uma maritaca, kkkk, e fiz questão de dar a notícia para todos os familiares com vários telefonemas. Dudu nasceu!!! Dudu nasceu!!! Parto natural!!!

Seria hipocrisia dizer que parir sem anestesia não dói. Mas dar à luz um filho de forma natural, fisiológica, sem qualquer intervenção, é uma força tão transformadora que equivale a nascer de novo. Parir é divino. É sagrado!

Para parir é preciso ter fé. Fé em Deus, em nós mesmas, na natureza, no nosso corpo, no próprio bebê (porque ele sabe nascer) e no que acreditamos.

GRATIDÃO!

À Deus, que nos permitiu conceber o Eduardo, nos guiando no caminho de um parto natural e saudável.

Ao Dudu, meu filho amado, que nasceu no tempo dele, e me fez renascer.

Ao maridão, que me apoiou nessa decisão e se empoderou comigo. Te amo ainda mais por ter aceito participar desse momento tão sagrado de nossas vidas.

Aos meus pais, minhas bases, por sempre me apoiarem incondicionalmente. Amo vocês de uma forma imensurável.

À Doula Layne, pelo profissionalismo, força e amabilidade transmitidos, antes, durante e após o parto.

À Dra. Adélia, por ser uma profissional competentíssima, e por proporcionar às mamães que acompanha a oportunidade de terem seus filhos da forma mais natural possível.

Ao Dr. Freddy, pediatra que estava de plantão no dia do nascimento do Dudu, o qual foi muito atencioso, respeitando os termos do meu plano de parto.

Às enfermeiras presentes durante o trabalho de parto.

Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente influenciaram para que eu vivesse esse momento divino, espetacular e SURREAL na vida de uma mulher.









Mádala Vieira tem 29 anos e é servidora pública do Tribunal de Justiça de Rondônia. E esse é o Dudu! Contato: madalavieira@hotmail.com
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