29 de maio de 2013

Maternidade Ativa: Laboratórios Tadiotto & Cielo: Resultados: Parte I

arquivo pessoal: Cientistas malucos

por Cariny Cielo

Após seis anos de trabalhos intensos, os laboratórios Tadiotto & Cielo abrem ao público alguns resultados de pesquisas de campo. Ressaltando que são dados parciais e sempre passíveis de reformulação.

Estamos atualmente com três amostras, também chamadas de filhos, nascidos em 2007, 2009 e 2011 e, ao que tudo indica, permaneceremos com este número até para poder aprofundar as pesquisas, com estudo de qualidade.

Para melhor didática, apresentaremos os resultados por temas principais e, hoje, trazemos os seguintes temas: parto, sono, alimentação e hora do banho. Todos temas diretamente ligados à piração, ou melhor, ao interesse legítimo da grande imensa maioria dos pais.


Primeira temática: Parto

2007: Primeira amostra: o parto é do médico. Nascer é um evento extremamente perigoso e imprevisível que deve ser entregue à medicina. Quanto mais ultrasonografias melhor, foram feitas 9. Nasceu de cirurgia.

2009: segunda amostra: Algo ocorreu dentro do esquema que questionou o modelo tecnocrata de assistência ao nascimento e o parto passou a ser encarado como um evento fisiológico. Nasceu de parto natural hospitalar

2011: terceira amostra: O parto transformou-se num momento normal, tranquilo e natural, como comer, dormir ou fazer cocô. Nasceu de parto natural, em casa, assistido pelos próprios cientistas.


Segunda temática: Sono

Primeira amostra: o sono deve ser ensinado a todo custo. É algo de fora pra dentro. Não se sabe como a humanidade vem dormindo até hoje sem alguém que ensine técnicas para tal. Nana Nenê é um livro de cabeceira e o autor tem todo o direito de invadir a privacidade do lar e dizer como e onde é melhor colocar uma criança para dormir. Dormiu no berço e chorou (muito). Chora até hoje e sente falta de contato.

Segunda amostra: Bom mesmo é sentir o quentinho do corpo de um bebê. Eles vão dormir assim que entrarem num ritmo, que é próprio e não pode ser manipulado acirradamente. A criança que tem contato suficiente e quando pede, desvencilha-se naturalmente e com tranquilidade. Dorme bem e pede pra ir pra caminha.

Terceira amostra: Observando-se respostas positivas advindas do método com o segundo filho, repetiu-se todo o processo, tendo-se os mesmos resultados positivos.


Terceira temática: alimentação

Primeira amostra: Amamentação exclusiva até os seis meses e, após, cálculos matemáticos precisos e acompanhamento diário acerca das porções de proteína, carboidratos e vitaminas. Dificuldade na manutenção deste controle por conta de uma síncope sofrida pela responsável por este controle, no caso, o cientista mãe. O cientista pai defendia mais tranquilidade e confiança na alimentação do rebento, no entanto, a formação acadêmica rígida da mãe não a fazia compreender esta possibilidade de flexibilização da dieta do rebento. Continuação da amamentação até 15 meses. Desmame por razões ainda não descobertas, restando algumas questões de ordem psicológicas e emocionais como palpites obscuros.

Segunda amostra: amamentação exclusiva até os seis meses. Controle do consumo de proteínas, carboidratos e vitaminas semanalmente e não diariamente como com o primeiro caso. Observou-se muita dificuldade em manter esta segunda amostra longe das guloseimas não nutritivas que a primeira amostra já consumia. Os itens foram: pipoca, pirulito do pediatra (argh!), batata palha, iogurte e brigadeiro. Não foi observada perda do interesse por alimentos nutritivos, mas observou-se um considerável escândalo difícil de suportar pelos cientistas por parte do filho que tinha restrições alimentares. mamou até 27 meses, desmamou por conta própria.

Terceira amostra: Não há palavras, dentro da metodologia científica, para descrever a dificuldade em se manter uma terceira amostra longe das porcarias que as duas primeiras amostras consomem. Os maiores fazem questão de, à revelia da mãe, interagirem com o caçula, colocando toda sorte de tranqueira na boca deste.
Percebeu-se um cansaço por parte da cientista mãe em fazer controles alimentares e esta, após receber suporte psicológico e de nutricionista, passou a adotar a teoria inicialmente levantada pelo cientista pai: só adquirir produtos de qualidade e em eventos carentes de preocupação com a saúde infantil, permitir o consumo de pouco a moderado das porcarias, ops!, guloseimas à disposição. No entanto, entendeu-se por bem que esta postura não se refere a refrigerantes, estando estes terminantemente proibidos para o consumo. Ainda mama no peito.


Quarta temática: Hora do banho

Primeira amostra: 40 minutos de preparação para iniciar o ritual do banho o que incluía ligar um som relaxante, limpar a banheira com alcool gel, usar um termômetro, colocar brinquedos, usar xampu, condicionador e sabonete líquido, encher com água quente, deixar uma toalha fralda à mão. Colocar o bebê, segurar com insegurança, passar xampu em meia dúzia de fios de cabelo, passar condicionador na meia dúzia de fios que jamais embaraçariam, perceber que não dá pra pegar sabonete líquido da Mamãe Bebê da Natura só com uma mão, desvendar uma estratégia para extrair o sabonete líquido da Mamãe Bebê da Natura virando o frasco pra baixo e pressionando contra a banheira, lamentar o desperdício vendo todo aquele sabonete escorrer pela banheira abaixo, descobrir que a toalha não estava tão “à mão” assim, gritar pedindo toalha ou puxar a toalha com o pé já que a perna permite um alcance maior. O bebê volta e meia chorava. Mas costumou ser um momento de prazer para ambos. Com os meses, o cientista pai assumiu a função do banho noturno como forma de, segundo ele, aumentar as chances de conexão com o bebê. Deu certo. Mas não é essencial, verificou-se que um bom pai vai se conectar com o filho, independente dos banhos noturnos.

Segunda amostra: a banheira deu lugar a um balde por causa da moda do ‘banho de balde’ que invadiu a internet. Na verdade, os cientistas ficaram receosos em adotar uma conduta não cientificamente comprovada, mas como o balde ocupava bem menos espaço dentro do box, resolveram apostar. Deu certo. Abandonou-se ou substitui-se por outras mais adequadas algumas práticas que retardavam todo o processo como, por exemplo: ligar som foi substituído por mãe cantando pro bebê. Não se sabe se a troca foi boa, mas o filho até hoje não reclamou. Não se limpou mais o baldo por causa de pura preguiça, mentira, porque é importante a sujeira pra o fortalecimento do sistema imunológico do ser humano. Xampu, condicionador e sabonete líquido foram todos substituídos por um único produto capaz de limpar e manter cheirosinho um bebê com a mesma eficácia. A segunda amostra, apesar de usar menos xampu, foi a que apresentou mais cabelo, requerendo mais cuidado no enxágue. Os cientistas deram muito mais banhos diários na segunda amostra do que na primeira, justamente pela capacidade que tiveram de reduzir o tempo da tarefa e torná-la mais prazerosa e menos mecânica.

Terceira amostra: o balde adotado na última experiência ficou para os filhos maiores e a terceira amostra, divulgando aqui em primeira mão, tomou banho no chuveiro com a cientista mãe. Era prático e rápido, além de muito gostoso pelas experiências sensoriais advindas do contato pele a pele com água morna. Algumas vezes o sabonete era esquecido sem prejuízos maiores. A toalha era o próprio roupão da mãe que saía do banheiro com o filhote enrolado. Hoje 19 meses depois de tudo, os três tomam banho enfiados na maior bacia encontrada na loja de utilidades domésticas mais próxima, conforme figura abaixo.


Aguardem mais resultados de pesquisas. 

#tadiotto&cielolaboratórios

27 de maio de 2013

Reflexões: O amor e o sexo na era do espetáculo

Imagem daqui!

por Cariny Cielo

Uma pessoa muito querida me mostrou um texto interessante – e polemico – sobre os benefícios da relação extraconjugal. Eu acredito que textos têm uma vida própria e, de algum lugar mágico, eles clamam por serem escritos, por serem expostos e explodirem, tornando-se concretos, ganhando vida...

Há tempos um texto sobre amor e traição grita dentro de mim, rogando ser escrito... Eu li o texto da Navarro e milhões de palavras explodiram na minha mente... segundo ela, relações fora do casamento seriam boas para a manutenção do casamento. Vamos pensar? Eu sou profundamente fiel, monogâmica e estável. Consigo amar e sentir atração sexual, paixão pela mesma pessoa, sem problemas, sem ser uma frustrada ou estar bloqueando algum desejo.

Acho que a nossa sociedade estragou o sexo e o transformou num espetáculo. Não é mais o sexo pra conexão, pra brincadeira, pra união do casal, pra descarga de carmas, pra relaxamento, pra meditação. É o sexo da quantidade, dos acessórios, das metas, do ranking...

Todos monitoram a vida de um casal e imaginam se eles transam sempre, se transam bem, se usam brinquedinhos, se fazem de tudo e mais um pouco... os próprios casais não tão seguros de suas escolhas e preocupados também com esse excesso de publicidade, talvez acabam por questionar, e muito, a própria vida sexual que levam, imaginando que a dos solteiros ou a dos que tem casamentos 'abertos' sejam infinitamente melhor e mais gratificante... mas será?

A questão de que 'trair' faz o casamento melhor está, na minha opinião, no vício por adrenalina, no vício por eterna angústia que algumas pessoas têm... Veja o que diz um psicoterapeuta sobre relações sexualmente abertas e amor livre:

“É fascinante, assustador, maravilhoso, doloroso, prazeroso, novo, imprevisível, incontrolável, rico, maluco, romântico, caótico, aventureiro.”

Isso não tem nada a ver comigo! Mas consigo perfeitamente compreender que tem muita gente doida por isso! Concorda?

Eu, muito particularmente falando, não vivo atrás de loucura, susto, maluquice, romance, caos e aventura... Quero pé no chão, quero o natural, sem artifícios, quero o amor real, aquele que ama o bom e o ruim, o saudável e o doente... o sexo um dia ótimo, outro dia bem comum, sem floreios, sem rebusques, sem adornos, sem adereços, sem nada de fora.

O sexo, eu costumo dizer, que é a única coisa no mundo que mesmo ruim, é bom! Até aquele dia que é básico, que você não se conecta tanto, que não está tão disponível, mesmo assim, é bom... foi fisicamente bom, ativou a circulação, conectou o casal, lavou o amor...

Tem aquele outro dia em que é espetacular e estes ficam guardadinhos na nossa memória sexual, mas nem todos os dias são assim... e nos dias que não é assim, é uma delícia também... porque tem que ser ruim? Porque esse medo do comum?

Concordo que, muitas vezes, um caso fora da relação possa dar um 'up' no relacionamento. Até porque balança as estruturas, põe em risco, faz os dois abrirem os olhos e se olharem de verdade, talvez até pela primeira vez. Às vezes a mulher passa a se cuidar mais, a se amar mais... às vezes o homem volta a se preocupar como peso, com o vigor, fica mais observador e cuidadoso da relação.
Inclusive, se o casal souber passar a adiante e compreender que só entra um terceiro numa relação a convite dos dois, ou seja que não há vítimas nem culpados, que os dois aceitaram e permitiram o ingresso do terceiro, o casamento pode progredir, e muito, depois de uma traição. O amante passar a ser, no meu entender, um bode expiatório, sabe? Para 'acordar' o amor...

Como temos dificuldade em perdoar, em lavar a alma, em viver e superar crises, como crescer dói, preferimos o divórcio, e dali uns anos estamos novamente vivendo o morno do amor, com o novo amor que, de amante, passou a ser a rotina. Acabou a adrenalina novamente, acabou a paixão... e lá vai o outro atrás, de novo, de um ‘novo’.

Eu tive uma amiga cujo marido era extremamente fetichista, tarado mesmo... a gente pode até pensar que “nossa, que legal um homem tarado que te pega na cozinha lavando louça, te joga na mesa, te chama de lagartixa”, mas ela era bem estressada com isso... sabe porque?

Porque cansa! Porque não é natural, não é 'em paz'. E a guerra, embora sirva pra catarse, ela cansa, exaure, esgota...

Ela queria um homem que a quisesse também com camiseta furada, com calcinha bege e queria não ter que pensar todos os dias no espartilho, na calcinha sexy, nas velas, enfim... Ela queria na cama fofinha e não sempre em pé no jardim... ela queria conexão com ela e não com os vibradores, os chicotes... ela queria o sexo por si só e não o sexo de performance... ela não queria ele olhando pro espelho, ela queria ele olhando pra ela, ou olhando pra dentro de si.

Eu vejo, pela minha própria vivência de sexo, que a sexualidade serve para a gente viver várias energias diferentes... ser mais loba, mais sexy, ser mais calma, mais mansa, assumir as rédeas e num outro dia se deixar levar... enfim... é uma caminhada junta, que, no meu ver, se deve fazer juntos, para que o sexo fique cada vez melhor... porque eu cresço como mulher quando me solto e meu parceiro cresce como homem. Porque eu posso surpreendê-lo e ele pode me surpreender também... porque eu não sou a mesma e não me deito com o mesmo homem todas as vezes... porque eu posso ser muitas, e porque, para o sexo, infinitas são as possibilidades do amor...

Pra quê procurar outras pessoas se podemos ter e ser várias dentro de nós mesmas em busca de proporcionar prazer ao outro? Eu entendo que deve ser difícil ficar na monogamia, porque isso envolve muita intimidade. E intimidade gera exposição e exposição gera insegurança, vulnerabilidade.

E muitos casais estão juntos, mas não tem intimidade. Não se abrem ao outro, não se expõem, não pedem, não experimentam, não mostram as feridas, não se mostram em carne viva... esse é o desafio! Arranjar outro é não me expor de verdade a nenhum dos dois... (ou dos três, dos quatro!).

Eu estou há 8 anos com um homem e ainda me surpreendo com ele. Ainda me surpreendo comigo mesmo e com o que ele faz de mim e eu faço dele. Será que será assim pra sempre? Daqui 20 anos estarei ainda conectada sexualmente com ele? Quem sabe?

Mas vivo pensando que nossa sexualidade é algo vivo, que evolui, que muda, que cai, que sobe, tem que ter uma maré, uma descoberta... tem o inverno, tem o verão... aceito o inverno numa boa não como um 'mau sinal', mas como parte do pacote 'ser humano'. E desfruto do verão, aposto nele...

Vários parceiros vão me dar o que? Uns 30% deles? Enquanto posso caminhar pra ter 100% de um ou, inversamente, eu me dou 20-30% pra vários, ao passo que posso traçar uma jornada para conseguir me doar 100% para um... num terreno seguro, num lugar conhecido meu e da minha psiquê. E, na medida que aceito esse um, eu cresço pois o outro me dá as ferramentas necessárias pro meu aprimoramento pessoal, pro meu crescimento...

Não adianta dizer que se ama e se entrega totalmente a alguém que acabamos de conhecer... e que isso traria satisfação pessoal e solucionaria os problemas da nossa sociedade da traição! Porque o amor é profundo... e as relações extraconjuguais estão ainda no raso do amor. Tanto prova que assim que elas se aprofundam, muitas vezes perdem a graça, perdem o glamour, e confundem os amantes que antes estavam alucinados com o novo! O novo agora é velho e lá vem a vida novamente nos chamando a amar o velho... a aceitar a calmaria...

Existe o rompante de amor? Existe! Tem a paixão avassaladora que volta e meia nos visita. Mas o amor é vertical. Ele é pra baixo, ele é fundo... ele penetra... o amor é estável, é rotineiro, mas é na vivência do amor natural que provamos da maré da paixão...

O exercício da criatividade, ativando o chacra básico, nosso centro básico de energia, o fogo kundalini, permite uma vivência de auto-conhecimento poderosíssima, principalmente para nós mulheres inseridas numa sociedade patriarcal e machista...

A criatividade está diretamente relacionada com sexualidade. Nosso fogo criativo é nosso fogo sexual. Porque será que a natureza pôs a criatividade tão intrinsecamente ligada à sexualidade? Porque o sexo é nossa conexão (com o outro, com a gente) e, ao mesmo tempo, nossa desconexão (do mundo, da razão, da casca). Ele nos eleva espiritualmente, emocionalmente, mas nos lembra que somos bicho. Nos liga e nos desliga... é o intelecto e o instintivo... a loucura dos que se amam... a diversão e o deleite do amor...

A falha não está na monogamia. Ainda que sejamos forçados a concordar que, na imensa pluralidade de indivíduos no mundo, ela pode não servir para todos, não é ela a vilã dos relacionamentos. Não é ela a destruidora de casamentos.

Não acredito que a raiz da traição esteja na obrigatoriedade da monogamia. Porque trair o outro, é, antes ainda, uma traição de si mesmo. É atestar que não se está seguindo a vida que se gostaria de seguir.

O que estraga o amor monogâmico talvez seja nós mesmos, viciados que estamos em espetáculos! Tudo, inclusive, o sexo, tem que ser adornado, enfeitado, fantasiado, ainda que o conteúdo seja de qualidade duvidosa. É isso que vemos o tempo todo nas revistas, na TV... a pornografia de baixo calão e misógina, a coisificação da mulher, a indústria do sexo maquiado. Toda uma parafernália vendida como condição necessária para se atingir um orgasmo!

Tem a posição certa, a posição melhor. O brinquedinho infalível. O gel, o óleo, a bolinha, o cheirinho. Ninguém mais quer saber do cheirinho verdadeiro e único, que só seu parceiro tem! Vamos maquiar o cheiro também. Com um é pouco? Melhor chamar mais gente. Ereção natural? Que nada, uma pílula e você fica a ponto de bala por horas. Tá com a cabeça cheia? Toma esse remedinho que o sexo fica ótimo.

Esquecemos que sexo é tão natural, tão fisiológico que beira o grosseiro...

E esta pressão do sexo maquiado recai com muito mais força e violência sobre nós, mulheres. Nossa roupa íntima deve estar a serviço do sexo e não do conforto. É nossa obrigação manter a ‘chama acessa’ do casamento. É imposta, à mulher, a responsabilidade por seduzir...

A sedução deve ser natural, inerente ao casal que se ama. Sem artifícios, sem tanto espetáculo, sem esforço, sem preocupação com performance. Volta e meia é possível maquiar? Claro que sim e é ótimo! Mas, como sempre, esquecemos a medida e partimos pro excesso... e ao que me parece o caminho de volta é bastante tortuoso!

Viciados que estamos em adrenalina, em olhar o do outro, em desejar o que não se tem. Nossas vidas estão todas sendo expostas através das redes, e vemos a vida de todos também. O sexo saiu do nosso quarto e está estampado pra todos os lados. A intimidade não é mais íntima, é exposta, é mostrada, é imitada e invejada! Nossa relação sexual não mais nos pertence! Vivemos angustiados na buscar pelo ‘ter’. E, nesta busca, o orgasmo também virou item de consumo... no melhor estilo: ‘quanto mais, melhor!’. O outro, por sua vez, é apenas um mecanismo de conquista do tão almejado orgasmo!

Um resumo? embora esse tema seja inesgotável e não garanto que não volto aqui pra escrever mais...

Eu gosto muito e me faz bem comer feijão com arroz de rotina, bem caseiro, bem conhecido e bem temperadinho, bem no meu paladar. Feito especialmente pra mim, pra me agradar, sem imitações, sem corantes, nem conservantes, sem estimulantes de paladar! E, volta e meia, é uma delícia se surpreender com grandes banquetes à luz de velas inesquecíveis e estasiantes...

E como vai o seu feijão com arroz?


17 de maio de 2013

Relato de parto: Como fomos parar numa revista...


Ficaram sabendo que um bebê, no interior de Rondônia, havia nascido de uma forma muito linda, muito especial! Era uma estória encantada, parecida com aquelas que se ouvia falar no passado, bem de antigamente, sobre vida, sobre fé, sobre amor, sobre família...

Bom, foi aí que procuraram a família deste bebê de sorte e a convidaram a abrir seu coração e expor sua estória.

Foi assim que saímos em uma revista...Revista Ellas Rondônia


ELA ESCOLHEU O PARTO NATURAL


Um nascimento dentro do lar
(Por Danieli Zuanazzi)

“E eis que o dia da árvore chegou. Amanheceu 21 de setembro de 2011 e minha comunhão com o bebê era tanta que eu já pressentia que algo estava por vir.” Assim começou o ritual da chegada de Cassiano. Durante toda a gestação, Cariny se preparou para dar à luz da forma mais natural possível, em seu lar, acompanhada de seu marido e filhos e, principalmente, na hora em que a natureza decidisse que seria certo.

Ela, moradora de Cacoal, esperava seu terceiro herdeiro e optou pelo parto natural e em casa por ter experimentado outras formas de dar à luz e por ser considerada gestação de baixo risco. Em 2007, veio seu primeiro filho, de cirurgia cesárea, e em 2009, o segundo, por parto natural, em um hospital de Porto Velho. Ela queria se livrar das intervenções que a grande maioria dos hospitais fazem, de rotina, nas gestantes e nos bebês e que são contrárias às recomendações da Organização Mundial de Saúde. A episiotomia (o famoso ‘pique’), o uso de medicamentos como ocitocina sintética, o corte do cordão umbilical antes de parar de pulsar naturalmente, a exigência de posição deitada, o jejum obrigatório, a demora no início da amamentação, entre muitas outras práticas.

Após estas experiências, Cariny teve a certeza de que o melhor, tanto para ela, quanto para o bebê, seria um procedimento natural, utilizando somente os mecanismos do corpo feminino, da forma como foi criado para conceber uma nova vida.

Então, ainda no dia 21, Cariny começou a ter leve sangramento e outros sinais de início de parto, ela pegou seu carro e foi meditar entre a natureza em um local retirado da cidade, voltou para casa e comunicou ao marido e aos filhos que estava chegando a tão esperada hora. Durante toda a noite ela se movimentou, dormiu, tomou banhos de água quente, ficou nas posições que se sentia mais confortável. Sempre tendo a companhia e o apoio de seu marido Uillian. Apoio emocional também veio de uma amiga doula que, mesmo à distancia, conseguiu ajuda-la. Doula é como são chamadas as mulheres que dão apoio emocional para outras mulheres durante a gestação e parto. “Em momento algum tive contrações muito próximas ou muito dolorosas. Cheguei a pensar que não estava em um trabalho de parto. Foi tudo muito suave, muito misterioso”.

Seguiram-se sete horas de ritual e espera. Às nove da manhã do dia 22 de setembro Cariny estava de joelhos, abraçada com seu marido, quando o bebê, pesando 3.550kg, medindo 51 cm e saudável, chegou ao mundo em seu lar e sendo amparado pelas mãos de seu pai. “Com um puxo a bolsa estourou e com mais uns três ele chegou! Tinha uma circular de cordão que meu marido tirou com a autoridade de quem parecia fazer aquilo a vida toda. Passou-me o bebê, com um olhar de orgulho que nunca vou esquecer. Eu limpei seu rostinho e imediatamente o colei no meu peito e ele mamou. Não ouvimos gritos ou choros. Ele tossiu e fez um choramingo, só. Nos beijamos, beijamos o nosso filho e o sagrado nos selou”, conta a mãe.

Meia hora após o nascimento, a ginecologista que acompanhou todo o pré-natal chegou à residência, acompanhou a saída da placenta e o corte do cordão umbilical diante dos pais e irmãos de Cassiano. Para eles foi um momento mágico da natureza humana. Não teve registro em fotografias ou filmagem, somente na memória de cada um deles. Imagens que certamente nunca serão apagadas ou envelhecidas pelo tempo.

Mesmo tendo dado à luz sem uma equipe médica presente, Cariny afirma que não é a favor do parto domiciliar desassistido. Inclusive, ela procurou vários médicos da região que não puderam dar este suporte. As enfermeiras obstétricas que prestam este tipo de serviço domiciliar mais próximo são de Porto Velho, mas não foram acionadas devido à distância e à rapidez que o parto aconteceu. Atualmente, existe o Grupo Buriti, também da Capital, que possui equipe multiprofissional para dar assistência completa a partos naturais e domiciliares.

Hoje, Cariny é militante da Rede de Humanização do Nascimento e Parto (REHUNA) e luta pelos direitos de escolha da mulher. “Eu não faço apologia ao parto desassistido. Não quero e nem nunca quis que isso se transformasse em uma bandeira. Lutei para conseguir atendimento. Continuarei lutando por assistência onde me sinto mais segura e para garantir isso às mulheres que sentem o mesmo que eu”.

Saiba mais:
www.rehuna.org.br
www.partodoprincipio.com.br

2 de maio de 2013

Reflexões: O amor e seus votos...

Imagem daqui


por Cariny Cielo

Este texto nasceu há dois anos atrás, quando eu estava grávida do caçula e precisa de uma mão amiga pra me guiar naquela que foi a maior jornada de fé na vida que já vivi...

Estava abandonado na relação de rascunhos e, como estou escarafunchando todas as gavetas e metamorfoseando todo esse blog, resolvi trazê-lo a tona!!!

Liga o som na música 'Endless love' e pega o lenço...


Nós amamos, no cotidiano da vida, de várias maneiras. Debaixo da rotina boba do acordar-trabalhar-comer-dormir, corre, pelos subterrâneos de nossas almas, a chama do amor que temos pelo nosso homem, pelos nossos filhos, por nós mesmos, por Deus, pelo mundo. O variar dos acontecimentos, as tormentas próprias de um mundo de dualidades não alteram estes amor verdadeiro. No entanto, ele morre, nasce, cresce, diminui, muda de astral... tudo ao sabor da maré da vida eterna.

Com uma frase, talvez despretenciosa, um amor fez-me assinar votos de eternidade quando segurou minha mão e pulou, junto comigo, no ‘familiar’ abismo do desconhecido.

Cansado de me ver peregrinar pelo direito de parir um filho com dignidade, ele sentenciou: “Eu sou a única pessoa que não vai te decepcionar na hora”. Sim, a única certeza que temos hoje, eu e meu bebê, é a de que o pai dele estará lá, ele estará lá por nós, o que quer que esse "lá" signifique. E foi assim que, de repente, esse homem cresceu mais para mim, ganhou mais forma. Quem faria um voto desses? “Sim, eu vou com você rumo ao desconhecido; eu mancharei minhas mãos com o sangue do teu corpo; eu viverei contigo o evento mais feminino do universo: o parir; eu serei teu esteio naquilo que sequer conheço; eu acredito em ti; eu acredito no invisível; eu acredito no que está totalmente fora de mim”.

Foi aí que me dei conta do que dizem os livros sagrados quando trazem que homem e mulher transmutam-se em um só corpo e em um só espírito. Ainda que outro, completo e alheio a mim, ele é um comigo, na mais profunda acepção do significado de unicidade.

De onde vem esta coragem que só de eu sentir, enche-me de emoção por ver, quase que concretamente, a confiança e a fé absoluta num propósito? Nós temos o amor cotidiano. Aquele que briga, que cansa, que cai, que levanta. Aquele que exige esforço, dedicação. Aquele que se esforça para enxergar o bom, aquele que aceita o ruim, como parte do acordo. Mas, volta e meia, sou assolada por estas manifestações de amor que me foge ao entendimento concreto, ao entendimento do homem e mulher de Marte e Vênus. Aquele que nos tira do lugar-comum e nos leva para outra dimensão, onde só existe luz; e o mundo, como o vemos, não é nada mais do que poeira cósmica.
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