17 de maio de 2013

Relato de parto: Como fomos parar numa revista...


Ficaram sabendo que um bebê, no interior de Rondônia, havia nascido de uma forma muito linda, muito especial! Era uma estória encantada, parecida com aquelas que se ouvia falar no passado, bem de antigamente, sobre vida, sobre fé, sobre amor, sobre família...

Bom, foi aí que procuraram a família deste bebê de sorte e a convidaram a abrir seu coração e expor sua estória.

Foi assim que saímos em uma revista...Revista Ellas Rondônia


ELA ESCOLHEU O PARTO NATURAL


Um nascimento dentro do lar
(Por Danieli Zuanazzi)

“E eis que o dia da árvore chegou. Amanheceu 21 de setembro de 2011 e minha comunhão com o bebê era tanta que eu já pressentia que algo estava por vir.” Assim começou o ritual da chegada de Cassiano. Durante toda a gestação, Cariny se preparou para dar à luz da forma mais natural possível, em seu lar, acompanhada de seu marido e filhos e, principalmente, na hora em que a natureza decidisse que seria certo.

Ela, moradora de Cacoal, esperava seu terceiro herdeiro e optou pelo parto natural e em casa por ter experimentado outras formas de dar à luz e por ser considerada gestação de baixo risco. Em 2007, veio seu primeiro filho, de cirurgia cesárea, e em 2009, o segundo, por parto natural, em um hospital de Porto Velho. Ela queria se livrar das intervenções que a grande maioria dos hospitais fazem, de rotina, nas gestantes e nos bebês e que são contrárias às recomendações da Organização Mundial de Saúde. A episiotomia (o famoso ‘pique’), o uso de medicamentos como ocitocina sintética, o corte do cordão umbilical antes de parar de pulsar naturalmente, a exigência de posição deitada, o jejum obrigatório, a demora no início da amamentação, entre muitas outras práticas.

Após estas experiências, Cariny teve a certeza de que o melhor, tanto para ela, quanto para o bebê, seria um procedimento natural, utilizando somente os mecanismos do corpo feminino, da forma como foi criado para conceber uma nova vida.

Então, ainda no dia 21, Cariny começou a ter leve sangramento e outros sinais de início de parto, ela pegou seu carro e foi meditar entre a natureza em um local retirado da cidade, voltou para casa e comunicou ao marido e aos filhos que estava chegando a tão esperada hora. Durante toda a noite ela se movimentou, dormiu, tomou banhos de água quente, ficou nas posições que se sentia mais confortável. Sempre tendo a companhia e o apoio de seu marido Uillian. Apoio emocional também veio de uma amiga doula que, mesmo à distancia, conseguiu ajuda-la. Doula é como são chamadas as mulheres que dão apoio emocional para outras mulheres durante a gestação e parto. “Em momento algum tive contrações muito próximas ou muito dolorosas. Cheguei a pensar que não estava em um trabalho de parto. Foi tudo muito suave, muito misterioso”.

Seguiram-se sete horas de ritual e espera. Às nove da manhã do dia 22 de setembro Cariny estava de joelhos, abraçada com seu marido, quando o bebê, pesando 3.550kg, medindo 51 cm e saudável, chegou ao mundo em seu lar e sendo amparado pelas mãos de seu pai. “Com um puxo a bolsa estourou e com mais uns três ele chegou! Tinha uma circular de cordão que meu marido tirou com a autoridade de quem parecia fazer aquilo a vida toda. Passou-me o bebê, com um olhar de orgulho que nunca vou esquecer. Eu limpei seu rostinho e imediatamente o colei no meu peito e ele mamou. Não ouvimos gritos ou choros. Ele tossiu e fez um choramingo, só. Nos beijamos, beijamos o nosso filho e o sagrado nos selou”, conta a mãe.

Meia hora após o nascimento, a ginecologista que acompanhou todo o pré-natal chegou à residência, acompanhou a saída da placenta e o corte do cordão umbilical diante dos pais e irmãos de Cassiano. Para eles foi um momento mágico da natureza humana. Não teve registro em fotografias ou filmagem, somente na memória de cada um deles. Imagens que certamente nunca serão apagadas ou envelhecidas pelo tempo.

Mesmo tendo dado à luz sem uma equipe médica presente, Cariny afirma que não é a favor do parto domiciliar desassistido. Inclusive, ela procurou vários médicos da região que não puderam dar este suporte. As enfermeiras obstétricas que prestam este tipo de serviço domiciliar mais próximo são de Porto Velho, mas não foram acionadas devido à distância e à rapidez que o parto aconteceu. Atualmente, existe o Grupo Buriti, também da Capital, que possui equipe multiprofissional para dar assistência completa a partos naturais e domiciliares.

Hoje, Cariny é militante da Rede de Humanização do Nascimento e Parto (REHUNA) e luta pelos direitos de escolha da mulher. “Eu não faço apologia ao parto desassistido. Não quero e nem nunca quis que isso se transformasse em uma bandeira. Lutei para conseguir atendimento. Continuarei lutando por assistência onde me sinto mais segura e para garantir isso às mulheres que sentem o mesmo que eu”.

Saiba mais:
www.rehuna.org.br
www.partodoprincipio.com.br

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