11 de abril de 2016

Relato de parto da Mylka: parto normal hospitalar em Ji-Paraná


Foi através da recomendação de uma amiga, doula Talita Silveira, que eu tive acesso ao auxílio e incentivo da doula Layne Regina que pôde me acompanhar de perto e me instruir durante minha gestação, eu me informei e busquei todas as medidas que fossem melhores para mim e para Ísis no parto o que me abriu várias portas para isto, descobri que minha obstetra que me acompanhava desde o início da gestação era aberta ao parto humanizado e que no hospital havia uma sala especial para parto humanizado.

Na reta final da gravidez a ansiedade só aumentava, mas quanto mais o tempo passava a hora tão esperada parecia nunca chegar; a gestação toda correu bem, sem nenhuma doença ou risco, porém com 39 semanas comecei a ser "apressada" por muitos e muito pressionada. Ouvia diversas histórias de pessoas que perderam o bebê que passou da hora, bebê que entrou em sofrimento, diversas possibilidades de "dar errado"... meu objetivo de esperar a hora certa que eu havia conseguido manter até então estava sendo ameaçado.

O medo e desespero começaram a tomar conta de mim, também pelo fato de que a médica aberta ao parto humanizado ia viajar e a probabilidade de ser empurrada para uma cesariana por um obstetra substituto era grande. Então fomos para o hospital, a médica fez um toque para acelerar a decida do tampão mucoso, no outro dia ele saiu, então comecei a fazer exercícios e tomar chás com mais frequência para tentar entrar em trabalho de parto. 

Minha doula Layne Regina sempre me tranquilizando e dando dicas para que eu pudesse esperar a hora certa sem indução, mas a pressão das pessoas sobre mim só aumentava e com ela minha preocupação. Então um dia antes da viagem da obstetriz voltamos ao hospital e já fiquei internada às 13:00 horas. 

Foram usadas algumas intervenções durante a tarde e a noite para que o trabalho de parto ativo começasse...e nada! Passei a noite sentido algumas contrações e dores leves, fazendo exercícios. Amanheceu e às 7:00 horas e decidi fazer mais uma caminhada pelo corredor. Quando cheguei na porta a bolsa estourou! Imediatamente o trabalho de parto ativo começou. 

A médica veio fazer o toque e estava com apenas 4 cm de dilatação... e me perguntou se eu queria cesariana, eu disse: "Não, eu vou tentar ter normal!". Ela saiu para fazer uma cesariana e, alguns minutos, depois a dor foi ficando cada vez mais intensa e eu já comecei a pensar que não conseguiria, por estar com apenas 4 cm dilatados, pensava que duraria a tarde toda, então entrei em desespero! 

Pedi cesariana, a minha sorte é que a obstetra estava na cirurgia e então eu tive que esperar cerca de 45 minutos... quando ela veio, eu já estava com 8 cm dilatados! Então desisti da cesariana e começamos a batalha pela saída da Ísis. 

Eu já estava muito fraca, mas criei forças para conseguir...  ia pra banheira, pra cama, pro banquinho de cócoras, e isto ajudou muito. A Doula Layne e minha mãe sempre me amparando bem perto de mim e me dando forças, parecia que não ia conseguir, mas consegui! 

Às 11:24 a Ísis saiu, e MAIS UMA BATALHA COMEÇOU, ela saiu inconsciente, praticamente morta, a sala encheu com mais enfermeiras e duas pediatras, fizeram massagem cardíaca, aspiração pulmonar, massagem respiratória, perdi meu chão, mas não pensei nem um minuto que ia perder minha filha, não cogitava esta possibilidade nem vendo ela morta na minha frente! 

Enfim conseguiram reanimá-la, e me deram em meus braços, a sensação eu não posso explicar, mas posso dizer que foi a melhor que já senti na minha vida! Logo a levaram para os aparelhos e lá ela ficou por cerca de 35 horas; eu estava muito bem fisicamente, não tive nenhuma laceração grave, não levei nenhum ponto, me alimentava bem e não sentia dores, mas meu coração estava estraçalhado, era uma angústia inexplicável, eu ia lá ver ela por uma janela pequena e chorava tanto, a tristeza de ver ela ali mesmo sabendo que estava sendo bem cuidada, o desespero batia cada vez mais, mas após longas 35 horas ela veio para meus braços e pude cuidar de minha filha, após 4 dias de monitoramento recebemos alta, e minha anjinha está muito bem e saudável!

Foram muitas complicações, e o fato é que, se você opta por uma intervenção no parto você colherá as consequências dela e provavelmente terá que passar por outras intervenções para concertar a primeira. 

No meu caso não sei se teria dado certo esperar mais uma semana, mas cada caso é um caso. Tenho certeza que meu parto seria totalmente bem sucedido se fosse 100% humanizado, mas não pude prever tudo que aconteceria. Agora estou completa com minha filha em minha vida, sabe quando o coração transborda de amor? É assim que me sinto, agradeço a todos que me ajudaram a fazer possível este momento, minha doula dedicada e querida Layne Regina, minha preciosa mãe Lídia, e a atenciosa equipe do hospital.

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