28 de setembro de 2016

Relato de Parto da Talita: Parto domiciliar em Porto Velho



A Talita já esteve aqui no blog contando sua história de sucesso na amamentação! O nascimento do primeiro filho não foi exatamente como ela queria... mas a nutriu de forças para a maternidade e para, tempos depois, formar-se Doula e se envolver no mundo do Ativismo pela humanização do nascimento e parto.

Comparem as diferenças nas fotos e inspirem-se na trajetória desta mulher...






Bom aqui vai meu começo de um dia maravilhoso...

Antes contar um pouco de minha história! Sou Talita, 30 anos, Mãe de um menino de 3 anos Benjamin e agora de uma menina de 24 dias Aimee . Há três anos atrás quando estava grávida do meu primeiro filho, com 33 semanas fui conhecer um pouco do que era parto humanizado, conheci as rodas do Bello Parto e pude participar de três rodas pois, com 36 semanas, minha bolsa rompeu e minha obstetra na época - na qual eu confiava veementemente - primeiro me perguntou que tipo de parto eu queria. Eu disse que queria normal e logo depois, internada, recebo a noticia que ela estaria chegando pra me operar e eu acreditando que aquilo era necessário.

Depois de um ano passei por um aborto retido com quase 16 semanas e aquilo me traumatizou muito, no meu intimo, tinha decidido que seria somente mãe do Benjamin. Mas, depois de um ano do acontecido, uma grata e surpreende noticia: eu estava grávida novamente! E resolvi comigo mesma que essa gestação seria diferente.

Ao contar uma noticia pra uma amiga enfermeira obstetra Izabela (parteira querida estudiosa e dedicada!), logo ela disse: "vamos sonhar com um parto domiciliar?". E eu: "simmmm!". Fiquei super feliz, mas dentro de mim eu ainda não estava acreditando no meu potencial.

Eu como Doula, e sabendo da importância de pessoas amadas que te apoiem e que estejam empoderadas sobre o parto junto com você, tive total parceria da minha amiga Helena... que é Doula e um monte de outras coisas que se eu escrever aqui não cabe! Hahahahahah Tipo: Professora de yoga, Massoterapeuta especializada em gestante e, o principal, uma grande amiga-irmã que sempre esteve ao meu lado dando amor, carinho e me ajudando resgatar meu feminino. Tive o grande apoio do meu marido que eu amo de paixão e nunca duvidou do meu poder de parir (Te amo Ivan. Vamos casar de novo?).

Foi uma gestação que até 35 semanas eu subia 40 degraus do prédio que morava (depois mudei pra uma casa a onde eu pari). Caminhava 1 km ou mais todo dia, andava de ônibus, segurava meu filho mais velho no colo, fiz yoga, chorei, sorri... emoções vivi (rsrsrs)...

Com 37 semanas ganhei um lindo chá de fraldas surpresa com mulheres lindas queridas as quais eu queria mesmo estar. Quando foi à noite, conversando com minha amiga Helena (a Doula), senti umas contrações de treinamentos mais fortes, mas sem dor, nada demais. Quando Helena foi embora, essas contrações de treinamento persistiram sem cessar. E Helena, sua linda, grata por passar essa madruga comigo mesmo sendo um falso trabalho de parto! Fez parte do processo!

A Aimee não queria vir aquele dia... ela estava apenas treinando e não parou mais de treinar e eu caminhei, desabafei todos meu grilos e só nos pródomos! E chegam as 38 semanas, as 39 semanas e mais pródomos... e daí chegam as 40 semanas e eu pensei: "Ai, Pai do Céu, isso vai até as 42!"

Não tem mais pra onde correr, eu já não dormia mais, estava ansiosa, estressada, já não era mais Doula, nem ativista.... era apenas uma gestante de 40 semanas cansada, com medo e etc.

Com 40 semanas e 3 dias, na madrugada, assistindo as reprises das olimpíadas com meu marido, vou ao banheiro e vejo saindo de quilos (exageradaaaaaa) meu tampão com estrias bem fininhas de sangue. Eu fiz a dancinha da comemoração, meu marido sorriu e disse: "Amor, o tampão pode sair uma semana antes do trabalho de parto, relaxa fica tranquila". (Eu pensei: porque fui treinar esse homem tão bem?).

Quando foi umas 9 da manhã acordei com leves cólicas, sem comer nada, sem dormir nada, chamei meu marido e disse: "Vamos limpar a casa! É hoje! (Já tinha falado pra ele tantas vezes "é hoje", que ele não acreditou, coitado). Ele disse: "Vou dormir". Acordou, foi trabalhar contra a minha vontade, eu fiquei vendo o jogo do Brasil de vôlei masculino e no ultimo ponto senti uma dor forte e me levantei... e senti o famoso "Ploc"... minha bolsa rompeu! Avisei minha parteiras queridas Sandra, Izabela e Nayra e minha Doula que prontamente chegou aqui pra me acolher. Logo meu marido chegou, meio desconfiado... pensando 'será se essa mulher tá em trabalho de parto mesmo?'. Foi lavar a louça enquanto eu conversa com a Helena e às 16 horas chega a Sandra Schulz (Enf Obstetra MARAVILHOSA que me assistiu no parto), me avaliou e viu que eu estava com 1 cm de dilatação e colo do útero posterior... O QUEEEEEEE???? 1 CM E JÁ TÁ DOENDO ASSIM????

Eu olhei pra ela e com uma palavra de fé disse: "Vai evoluir rápido!". Ela saiu e disse que voltaria mais tarde. Assim que a Sandra saiu, começaram a contrações doloridas eu pensei: "Não é possível, tô só com 1 cm e tá doendo assim? Como assim?

Meu marido lavando a louça, agarrei nas costa dele numa contração como quem diz ei quero você aqui comigo! E começaram a apertar... quase não tinham mais intervalos entre as contrações e eu pirando no 1 cm. Botei minha garganta pra trabalhar: o vocalista de uma banda de Metal perdia feio pra mim. Griteeeiiiii... precisava gritar e quando dava pra falar eu dizia: "1cm? Como assim? Tô lascada! Não quero ser mais Doula! Quero uma cesárea A-GO-RA".

Ninguém dava confiança pro meu pedido de cesárea, nem marido, nem a Helena, nem a Izabela que tinha acabado de chegar. Eu dizia que era bulling! Eu queria dormir, vomitei, chorei e lá estava eu "A Talita Selvagem" a "Mulher Primitiva" uivando, gritando e pensado no 1 cm... até que a Helena diz: "Amiga, faz algumas horas que você está no 1 cm". E eu disse: "Sério? Pra mim pareciam 15 minutos". Partolândia não tem hora... o tempo é relativo srsrsr). Ela sorriu e me olhou e eu disse preciso chorar o luto do meu filho que perdi e ela disse "chora" (Nesse meio tempo não me lembro bem quando teve uma avalição de 3 cm pra 4 cm ....). Chorei! Foi ótimo e ela disse: "Chega dessa vibe, agora é vida! Vamos tomar um banho?"

Eu fui, tomei um banho, sentei errado na bola e quase cai numa contração kkkk. Logo chega a Sandra pra me Avaliar, novamente, eu estava de 5 pra 6 cm e eu disse: "só isso?" (A louca né? Nem tinha mais noção de o quanto foi boa a evolução). Ela me disse calma com a voz suave, tá evoluindo muito rápido... por isso tá doendo assim. Aquilo foi me tranquilizando, eu percebi que estavam enchendo a piscina, senti a Aimee bem embaixo, tomando sua posição.



Estava acontecendo! Minha filha sabia nascer eu, mesmo sem entender, sabia parir! Fui pra banheira, fiquei em 4 apoios e com um tempo fui me tranquilizando... ouvia minhas parteiras, minha doula e meu maravilhoso companheiro dizendo pra respirar, tranquilizar e aquilo foi me dando controle... aos poucos foi passando a vontade de gritar. A Sandra (parteira) disse: "Talita pega nela, sente a cabeça dela, tá bem aqui". E eu disse que não queria. Ela insistiu e eu resolvi sentir e lá estava a cabeça da minha Aimee!!!! Minha guerreira ponta de lança!!!! Aquilo me empoderou e aos poucos, perto do expulsivo, parei de gritar.



Meu marido me dando força dizendo que eu era uma guerreira, que ele me amava, e que ele estava orgulhoso. Minha querida Sandra dizendo que eu estava me saindo bem que eu estava fazendo tudo certinho naquele momento... foi tudo pra mim. Aquilo parecia que ia me trazendo mais ainda pro controle do meu corpo e aí eu sentia a cabecinha da Aimee indo e voltando. Naquele momento pude entender a frase: "No trabalho de parto, a mãe vai nas estrelas, busca seu filho e volta". Pois é... fui lá... estive lá... e foi maravilhoso naquele momento! Consegui curtir, sentia meu quadril abrindo, uma ardência boa e começou o círculo de fogo, senti direitinho e pensei isso é o círculo de fogo! Estamos conseguindo filha!!!!

Ela veio e voltou... eu estava cansada e meu marido veio no meu ouvido e disse "Meu amor Deus tá aqui, ele está aqui nesse momento maravilhoso". Então respirei fundo e ela nasceu! Com 3,930 kg, 52 cm, olhos lindos, bochechuda e quando eu vi, senti a maior serenidade do mundo, o amor mais tranquilo e sereno. O Ivan, meu marido, chorou de emoção e eu relaxei de amor!





Sabia que tudo estava bem, tudo estava cooperando pra nossa saúde para esse encontro mãe e filha no aconchego do nosso lar. Meu filho mais velho ficou super sereno e encarou com normalidade, assistiu o desenho dele e depois veio conhecê-la.





E eu digo a todas essas mulheres que sonham em parir e que querem ter em casa... Tenham! Foi o lugar mais seguro, aconchegante, com uma equipe maravilhosa: Sandra, Helena, Izabela, Nayra... gratidão sempre ! Vocês estarão sempre na lembranças e historias familiares por gerações.


Parto domiciliar planejado é seguro, é amor e é inesquecível... eu recomendo virei ativista ainda mais!



Na foto: Doula Helena, Parteiras Sandra, Nayra e Izabela.
Talita e sua Aimee


7 comentários:

  1. Que lindooo que emoção fazer parte dessa história linda 😍

    ResponderExcluir
  2. Que linda sua história Talita... muito emocionante. Vc realmente é uma guerreira...parabéns pela coragem e por essa princesa linda! #aimee

    ResponderExcluir
  3. Que linda sua história Talita... muito emocionante. Vc realmente é uma guerreira...parabéns pela coragem e por essa princesa linda! #aimee

    ResponderExcluir
  4. Lindo!! Estava ansiosa por esse relato. Parabéns para Talita e essa equipe maravilhosa.

    ResponderExcluir
  5. Parabens 👏👏👏
    História linda!💕💕

    ResponderExcluir
  6. Amei ler essa historia..lindo demais..Parabéns Talita,Ivan,Benjamin..Aimee é lindinha..

    ResponderExcluir
  7. Talita você é guerreira mesmo, parabéns!
    E apesar de não estar grávida e não querer baby por enquanto, amo ler essas matérias, e isso me deixa muito feliz por saber que isso aconteceu aqui em Porto Velho e ter uma doula e equipe super preparada pra isso. Pois antes eu via como algo distante para nós do Norte, e sempre via a evolução mas pra região Sudeste. Enfim, feliz demais por saber dessa novidade que é o parto natural domiciliar, que é o que eu busco pra quando estiver gravidinha Ha ha.
    E em quanto isso não chega fico nas orações pra quando chegar a hora meu esposo esteja preparado, valente pra está comigo neste momento, assim como o Ivan ficou do seu lado, muito lindo e corajoso da parte dele.
    Amei a sua história e obrigada por compartilhar! Que Deus abençoe essa família linda poderosamente. Beijos !

    ResponderExcluir

Dê vida a este blog: comente...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...