31 de agosto de 2018

Relato de parto da Isabela: parto humanizado com doula em Buritis



Primeiro relato de parto de Buritis, interior de Rondônia!!!!  Viva...




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Parto Normal do Século XXI em Buritis(RO)

A alguns anos atrás não tinha nenhuma expectativa de gerar uma vida, porém em 2016 essa ideia começou a ser mudada, e começamos a nos preparar e projetar aumentar a família. Tratei logo de interromper com o anticoncepcional e em novembro descobri que estava gestante. Em dezembro fiz minha primeira USG com aproximadamente 8 semanas, no entanto não foi possível ver o feto. Neste momento fiquei bastante assustada, também era perceptível o temor nos olhos do meu marido que me acompanhava. Conforme orientados, retornamos uma semana depois, e ainda não foi possível ver o feto. A esta altura já sabia qual poderia ser o problema, mas o médico optou por não dar o diagnóstico e pediu mais uma semana.

Como se aproximava as festividades natalina, preferi retornar somente na primeira semana de janeiro, quando fui diagnosticada com uma gestação anembrionada, uma semana depois decidi passar por uma AMIU. Fiquei triste, mas Deus me consolou e embora eu quisesse tanto, eu sabia que tudo seria no tempo dEle, e esta era a promessa que eu esperava ser cumprida em minha vida.

Fiquei tomando cuidado durante alguns meses, e quando passei a me descuidar qualquer atraso em meu ciclo, já era motivo de expectativa, mas ainda não era. Então resolvi fazer uma serie de exames ginecológicos, foi quando ao fazer o retorno em novembro de 2017, fiz uma USG e descobri que estava gestante. Ah aquele coração batendo tão forte fizeram as lagrimas rolar e sim, agora era de verdade! Meu filho, meu tão esperado filho estava sendo formado dentro de mim, obra de Deus!

Guardei a sete chaves meu maravilho segredo. Pouquíssimas pessoas sabiam, e as que sabiam respeitaram a minha decisão de não divulgar, mesmo porque no fundo ainda restava aquele medinho que a primeira gestação havia deixado. Somente a partir do terceiro mês fui deixando com que outras pessoas soubessem. Com 19 semanas fui tomada pela emoção de senti-lo mexer dentro de mim, passava minhas horas vagas na expectativa de ser privilegiada com aqueles gostosos movimentos, sensação única! A partir de então passei a fazer meu pré-natal com a Enfª obstetra Michele Gadelha, profissional sensacional que cuidou de mim com tanto carinho.



Posso dizer que tive uma gestação privilegiada, além de não ter tido nenhum desconforto, como os temidos enjoos, sempre estive rodeada de profissionais incríveis, como a psicóloga Luciana Amaral(Luh) que passou a me convidar para as Rodas de Gestantes, não perdi um encontro se quer! Eram trocas de experiências maravilhosas, cada relato, cada orientação decisivos para prosseguir. E em uma das Rodas pautamos o tema via de parto, desde o inicio eu já tinha em mente que a minha primeira opção seria pelo parto normal, e meu marido era meu maior incentivador. Fui bombardeada! Sim, as pessoas ficam no maior espanto quando ouvem uma mulher dizer que quer parir.

Porque? Não tenho a resposta, mas sei que mesmo ouvindo tanta negatividade, não me deixei abalar, pois a pessoa de quem eu mais precisava de apoio, estava ao meu lado. Mas, e onde parir, como encontrar apoio profissional? E de novo a Roda me trouxe essa possibilidade. Conheci a Enfª obstetra Cristiane(Cris). Ela é do tipo que quando ouve uma mulher falar sobre desejar ter parto normal, os olhos dela brilham.

Com 37 semanas tivemos uma loooonga e proveitosa conversa. A Cris só fortaleceu ainda mais em mim a vontade e o desejo de parir meu Matheus. A minha única preocupação era o fato de que ela talvez não estivesse presente, pois estava de viagem marcada duas semanas mais tarde. Mas, ela me tranquilizou, me deu muitas informações sobre as etapas do trabalho de parto, e me apresentou o Enfº obstetra Roberto(Beto) e a Enfª Keila. Estes seriam os enfermeiros que me acompanhariam caso ela não estivesse. Após as 38 semanas começou bater aquela pequena ansiedade, a essa altura minhas férias já haviam acabado e tive que retornar ao trabalho. No dia 21 de junho tive um dia normal, fui para casa após o expediente, jantei e fui dormir. Mal sabia que aquela era a noite que meu filho começaria a dar os sinais de que sua chegada estava bem perto.

Por volta das 23:00h comecei a sentir algumas dores e a partir de então fui marcando, sim, era o inicio das famosas contrações. De tempo em tempo elas vinham e conforme fui orientada pela Cris, trabalhava minha respiração enquanto fazia agachamentos para que meu filho encaixasse. Notei que a 01:00h tive uma leve perca de liquido, me mantive tranquila e como as contrações ainda estavam bem espaçadas, achei melhor não acordar meu marido. Somente as 02:00h avisei o que estava acontecendo, ele ficou todo feliz e esboçou: O filho vai nascer!? Rsrs foi magnifico ouvir aquela expressão. Ainda ficamos mais um tempo em casa, mas logo seguimos para o hospital.

Fomos recepcionados pela plantonista e logo a Keila chegou, me examinou e esperamos pelo Beto que também me examinou, estava com praticamente 5cm de dilatação. Entramos madrugada a dentro, e pra mim não achei longa demais, pelo contrario, achei que passou bem rápido e tudo que queria era ter meu pequeno em meus braços. Contudo pra mim não funcionou bola e chuveiro com agua quente, ficar sentada ou deitada, mas o que faziam minhas contrações acelerar eram as caminhadas, quanto mais caminhava, mais frequentes eram, e isso pra mim foi de certa forma motivador, soube reconhecer os sinais em meu corpo.

Já era um lindo dia de sol quando havia chegado a dilatação total, e agora era só questão de tempo para o meu Matheus nascer. A partir de então, fui orientada a fazer força quando viesse as contrações. Nisso a Tec.em enfermagem Irene também já fazia parte do quadro de profissionais que me acompanhavam. As 08:00h estava começando o segundo jogo do Brasil, pedi para deixar a TV ligada, pois eu conseguiria ficar mais tranquila, afinal tinham dois homens ali na sala e não queria ter a sensação de que estavam com pressa de tudo aquilo terminar, para assistir. Embora eu tivesse certa de que naquele momento para o meu marido, o que menos importava seria esse tal jogo, e sim vermos o nosso pequeno.

As contrações deram uma sessada, mas logo viriam com força total, a esta altura já estava bastante esgotada, mas faltava tão pouco e não poderia recuar, mas nem por um momento pensei nisso, estava muito focada.

Escolhi a banqueta para chegada do meu filho e meu marido apoiando atrás.Comecei a chama-lo intensamente cada vez que vinha a vontade de fazer força. Esbravejei por diversas vezes: Vem Matheus, vem Matheus! Vem filho, vem filho! (era a força de que a Cris havia falado, uma força que nem sei explicar de onde vem).

E as 09:28h da manhã do dia 22 de junho meu filho enfim chegou pesando 3.560kg e 51 cm. Ele veio direto para meus braços, veio para meus seios receber o melhor alimento que eu poderia oferecer, e ele já sabia mamar muito bem, pega correta! Ah! e sim ele era lindo, perfeito! Tocava em seus pezinhos, suas mãozinhas conferindo cada detalhe desenhados por Deus. Meu coração não cabia em mim. Era tanta gratidão! E meu marido? Ah, ele estava a todo momento do nosso lado, um verdadeiro guardião e pudemos compartilhar os primeiros segundos de vida do nosso filho ali juntos, literalmente éramos um. Fiz questão de que ele cortasse o cordão umbilical que nos uniu durante 39 semanas e 05 dias. Agora o vinculo não era somente entre eu e meu Matheus, mas também com o papai.




Posso dizer que tive um parto dos sonhos. Meu filho nasceu no dia e hora marcados por Deus e ele. Aprendi que nós temos o direito de fazer escolhas, e escolhi o que entendia ser melhor pra mim e para meu filho. Digo que as mulheres precisam saber que independente da via de parto, é bom que elas sejam autoras dessa escolha, e não outros. Orientação e acompanhamento com bons profissionais fazem toda diferença, mas é necessário estar convicta de tal decisão.

Minha gratidão primeiramente é a Deus por ter cumprido essa linda Promessa em nossas vidas. Ao meu esposo por todo apoio e amor, sem a qual acredito, não teria sido possível. A psicóloga Luciana Amaral(Luh) que com tanto amor sempre me dizia que eu deveria focar em meu objetivo, buscar informações e não permitir que frustrassem essa minha vontade e desejo. A Enfª obstetra Michele Gadelha por ter me encorajado a buscar por ajuda de quem poderia me propor um parto humanizado e ter cuidado de mim no pré-natal. A Enfª obstetra consultora de amamentação e doula Cris, por ter me acolhido e me orientado tão bem, mesmo estando em viagem ela estava lá de longe me apoiando. A Enfª Keila, poxa até me emociono, ficou comigo a madrugada toda, um cuidado e um amor que dinheiro nenhum pode pagar, obrigada! Ao Enfº obstetra Beto realmente Cris me deixou em boas mãos, e tive certeza disso todo tempo, ele me transmitiu essa segurança, super profissional. A Tec. Irene que estava auxiliando o Beto no momento que meu filho nasceu. A Tec. Maria que em plena madrugada foi quem nos recepcionou em seu plantão quando chegamos ao hospital. Ah, claro não poderia esquecer da Enfª Edilza, ela estava sempre presente nas Rodas, e absorvi muitas informações importantes.

Enfim, posso dizer sem medo que esta foi a maior e a mais linda experiência da minha vida. E digo ainda que você mulher é capaz! Seja você protagonista da sua história, faça valer sua decisão, sua escolha e permita-se viver intensamente a maneira como decidir trazer seu filho ao mundo, de maneira consciente sabendo que seu histórico e gestação caminham bem.


Sou Isabela Cristina C. de M Moreti, 29 anos e mamãe de primeira viagem!

4 de agosto de 2018

Relato de parto da Mayara: Parto normal hospitalar com doula em Cacoal



Feliz demais em trazer para o blog a história de gravidez e parto da minha amiga e irmã de alma, Mayara, que eu tive o privilégio de doular (do verbo "ser doula" rsrsrsrsrs).

"Não basta ser amiga-irmã, confidente, terapeuta, massagista, não basta ser comadre... Tem que ser doulanda com parto relâmpago e em 6 horas trazer nossa Manuela". Foi assim que anunciei a chegada da bebê da Mayara e é assim que começo o relato aqui. Uma história de desencontros e reencontros que culminou em uma desfecho iluminado.


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por Mayara Tassi


Desde de minhas memórias mais antigas lembro do meu desejo em ser mãe, sinto que tudo só estaria completo quando este momento chegasse, mas pelo fato de ser sempre tão racional, adiei esta vontade por algum tempo.

Me dedico ao tema “gravidez e parto” desde o início da faculdade em fisioterapia, há 12 anos. Acompanho a militância da minha amiga e doula Cariny sobre humanização do parto há quase o mesmo tempo, há 2 anos criamos uma roda de gestante para dividir experiências e informações de qualidade, e trabalho com pilates para gestantes há 4 anos.

Em fim esse assunto faz parte da minha vida há muito tempo!



Casei aos 20 anos, mas somente aos 27, mais especificamente em março de 2015 começaram as tentativas para engravidar. Desde a adolescência fui diagnosticada com S.O.P. (síndrome dos ovários policísticos), apresentava ciclos irregulares e longos períodos sem menstruar, tive ciclos de até 120 dias, o que não me dava a chance de saber se havia ovulado.

Comecei a buscar por informação a fim de conhecer o meu corpo, e conheci o método sintotermal. Aferi temperatura, muco e colo diariamente durante 1 ano. Passei a perceber, mesmo sem muitas expectativas neste período, apenas 3 ciclos em que havia chance de ovulação. Impossível não ficar ansiosa! Tudo que estudava era sobre S.O.P. e ovulação... mais de 2 anos e nada da gravidez, o ciclo mais curto foi de 40 dias, tratamentos e mais tratamentos naturais...

Por diversas vezes me senti só na tentativa em engravidar. Entendia a resistência do meu marido devido a sua sobrecarga de responsabilidades, o que fez com que me dissesse por algumas vezes que me apoiava, mas não compartilhava do mesmo desejo, me gerando muita insegurança, e me fazendo refletir sobre os mistérios do nosso inconsciente, os traumas, medos, e padrões repetitivos que herdamos... mas nada me tirava o imenso desejo de ser mãe... fazia planos, sonhava e vislumbrava cada momento com um bebê.

Após uma constelação familiar, muitas coisas se mobilizaram. Começara um movimento sutil e ao mesmo tempo avassalador.

Em abril de 2017 decidimos nos separar. Foi uma decisão de ambos, para que nossa relação fosse preservada, uma vez que sempre nos admiramos. Fomos apoio e porto seguro um ao outro há 9 anos. Terminamos com o desejo que em um futuro breve as coisas pudessem melhorar e talvez o nosso casamento ser resgatado. Foi um período muito difícil, cheio de dúvidas, medos e inseguranças. Após 3 meses ocorreram muitas mudanças em ambos, o amor falou mais alto, e nosso reencontro foi preparado por Deus. Fomos para a terapia, e dia 02 de agosto de 2017 tivemos a certeza que não poderíamos viver mais um sem o outro, e a primeira coisa que ele desejou para nós foi um filho!

Havia menstruado no dia 30/07/2017, mas com um ciclo irregular e há quase 3 anos de tentativa, gravidez não era uma possibilidade. Agora era eu que achava que não era o momento de ter filhos, muitas mudanças na área profissional, achei que era melhor esperar. Dia 01/09/2017, uma sexta-feira, tive um escape, como já conhecia perfeitamente o meu corpo e meu ciclo, logo suspeitei de gravidez... seios doloridos e um sono incontrolável me deixaram ainda mais na certeza.

Fiz um teste de farmácia no dia seguinte, e como tantos outros... NEGATIVO. Na segunda feira, meu esposo percebeu que meus seios estavam maiores. Convicta depois do teste que deu negativo, respondi que deveria ser TPM. Contudo a dor nos seios não aliviavam, e nunca havia sido tão intensa. Resolvi comprar outro teste de farmácia uma semana depois, fiz logo no meio da tarde, e... POSITIVO! Uma linha forte de controle e outra clarinha, não acreditei! Imediatamente mandei mensagem para minha prima Luana e minha irmã Letícia, como em 2016 tive uma provável gravidez química (positivou o teste de farmácia e negativou o beta hcg) fiquei com medo de ter acontecido novamente, e logo providenciei o teste laboratorial.

Mas, no fundo, não me restavam mais dúvidas. Antes do resultado do exame de sangue, saí para comprar lembrancinhas pra fazer a surpresa pro papai! E pouco tempo depois chegam meus irmãos no meu trabalho com o resultado do exame... aos prantos, todos! Era muita felicidade! A noite fiz a surpresa para o meu esposo - que foi o último da família a saber. E ali no dia 11 de setembro de 2017 minha vida começava a mudar para sempre... eu, que tanto desejei, tanto esperei, não conseguia acreditar! Misto de sentimentos... parecia um sonho e eu tinha medo de acordar!



A ultrassom confirmava minha ovulação tardia, pois não coincidia com a data da última menstruação (D.U.M)... provavelmente ovulei 2 semanas depois do esperado de um ciclo normal, pelas minhas contas a concepção provavelmente ocorreu próximo ao dia 26/08/2017, saindo totalmente do meu controle e da minha racionalidade, pra quem era tão controladora, isso foi a prova de que as coisas precisavam fugir do meu domínio para então seguir seu curso natural.

Por volta da 7ª semana começaram os enjoos, no início até achamos engraçado, mas com o passar do tempo, fiquei muito indisposta, vomitava muito, principalmente de madrugada, achava que nunca mais fosse saber o que era conviver sem enjoos. Graças a Deus eles cessaram com exatas 14 semanas. Tirando esse detalhe, minha gravidez foi muito tranquila, e não tive nenhum contratempo. Com 9+2 dias realizei o exame de sexagem fetal, e após 8 dias, descobrimos e confirmamos o que eu e Fabrício intuíamos: é uma menina!!!



Meu médico desde o início apoiou as minhas escolhas e eu confiei em minha intuição, nunca me imaginei fazendo uma cesariana, nunca me preocupei com as dores do parto, inclusive me questionava se não subestimava as dores ou realmente estava preparada para enfrentá-las, depois de tudo que já havia estudado e acompanhado.



Me preparei emocionalmente para passar das 40 semanas, até para dar suporte à família e ao meu esposo, que era o mais ansioso. Com 38 semanas, meus padrinhos, que hoje assumem o papel dos meus pais, chegaram para ficar comigo... a ansiedade então só aumentava. Me mantive tranquila, tendo em mente que poderia chegar a 42. Minha madrinha, 2 meses antes, previu que seria na virada da lua nova, que era de fato a minha nona lua, dia 15/05/2018. Fabrício, meu esposo, desejava que ela viesse no dia 19/05 (aniversário dele e Data Provável do Parto - DPP), e eu confesso que não tinha palpite algum.

Dia 01/05/2018 percebi que minha barriga havia descido, assim de repente, da noite pro dia, a parte superior do abdômen estava mole, sinal que ela começava a encaixar.

Dia 13/05/18, domingo, 39 semanas e 1 dia, percebi um muco, pouca quantidade e sem rajadas de sangue, mas talvez fosse o tampão, foi o único sintoma pré-parto. Me sentia já bem cansada, mas ainda estava bem ativa, fazia meus exercícios na bola, ficava de cócoras, trabalhava na medida do possível e tentava namorar sempre que possível. Minha irmã mais velha, Tatiana, pressentiu que algo estava por vir. Fomos a chácara de uma amiga, Mariana (relato aqui), no intuito de tomar o famoso banho de bica, que trouxera Mateus, seu caçula, após 2 dias.

Dia 15/05/2018 virada da lua nova o dia amanheceu diferente, chuvoso e Fabrício anunciou a chegada da nossa pequena: disse que era o dia perfeito pro nascimento! Me sentia melancólica, não havia dormido nessa noite, mas me sentia disposta. Por volta de 11:30 ao falar com a minha irmã Tati pelo telefone, me dei conta que as contrações de treinamento estavam mais intensas, uma pressão diferente, mas ainda não classifiquei como dor. Contei apenas para o Fabrício, já enfatizando pra que não ficasse ansioso pois ainda poderia ficar dias em pródomos.

Resolvi cronometrar e as contrações estavam ritmadas, 7/8 min com duração de 50 segundos em média, mas era apenas uma pressão diferente, sem dor. Informei minha irmã Tatiana, pois ela precisava viajar 220 km para acompanhar o parto como planejamos desde o início.

Informei meu médico às 14 horas que pediu pra me avaliar às 16 horas. Às 16:30 horas, o obstetra me avaliou, fizemos o toque sob meu consentimento. Ainda não estava em trabalho de parto, nenhum centímetro dilatado, e colo alto. Provavelmente não nasceria nesse dia... afirmou o médico. Chegando em casa tentei dormir para poupar energias e Fabrício foi trabalhar pra amenizar a ansiedade.

Às 18:00 horas chegava minha doula querida Cariny, com todo seu aparato! Achei engraçado pois achava que ainda era muito cedo para luzes, massagens, escalda pés... mas aproveitei o momento. Às 18:15 hs chega minha irmã Tatiana, rimos e relembramos os seus partos, enquanto minha madrinha preparava meu chá (chá da Naoli) e meu escalda pés. Às 18:30hs percebo que as contrações intensificaram, parei de conversar, começou a perder a graça. Às 19:00h as contrações ficaram realmente intensas, e logo chega meu marido, curtimos um tempo a sós, mas as contrações ficam tão fortes e doloridas a ponto de me fazer vomitar.



Tomei um caldo em meio às contrações que minha madrinha preparou com todo amor, me arrumei para ir ao hospital para ser reavaliada, mas as contrações quase não tinham mais intervalos. Durante o trajeto ao hospital pensava que se não estivesse em trabalho de parto, eu não aguentaria.

Paramos 3 vezes no trajeto, porque a dor era muito intensa. Chegando ao hospital mal conseguia deitar para auscultar os batimentos cardíacos fetais, e então o médico resolve fazer um novo toque, e para a surpresa de todos 4 cm de dilatação! Renovava então minhas forças. Fui encaminhada a outro hospital, pois não havia vaga no hospital que eu havia planejado.



Demos entrada as 21 horas na maternidade, logo na entrada, eu vomito novamente. As contrações não davam trégua. Às 21:30hs vou para o chuveiro com o meu esposo, fiquei por alguns minutos de cócoras e revezava entre sentar e ficar em pé com a água quente caindo sobre minha barriga. Enquanto Cariny e meus tios traziam de casa tudo que planejamos, bola, som, chá, luminária, travesseiros... As contrações eram todas no baixo ventre. Após 30 minutos de chuveiro só queria deitar, queria achar uma posição que doesse menos...



De repente comecei a sentir muita pressão no períneo, coincidindo com o momento da chegada do médico. Estávamos no apartamento, e por protocolo do hospital não poderíamos fazer o parto ali. Trouxeram uma cadeira para me levar ao centro cirúrgico, implorei para não ir, ela estava coroando, e eu não aguentava sair daquela posição!
As 22:14 senti o círculo de fogo, comuniquei ao médico que senti que ela havia coroado, ele confirmou com um exame de toque e ficou impressionado com a rapidez de tudo! Pude ouvir e sentir a comoção de todos presente, misto de euforia e felicidade. Ouço as palavras de incentivo da Cariny e da minha irmã que, juntas, seguravam a minha perna, pois achei mais confortável ficar deitada, e da minha outra irmã Letícia, que registrou o nosso momento... e, em especial, meu marido, que segurou a minha mão em cada fase, ria e chorava, me deu apoio e foi meu guia, senti que nunca estivemos em total conexão como neste momento, adivinhava meus pensamentos e respirava amor, jamais esquecerei da nossa sintonia... a bolsa rompeu durante o período expulsivo, eu gritei neste momento, um grito da alma, das entranhas, da profundeza dos meus sentimentos mais ocultos... foram mais 4 contrações, e em 15 minutos ela nasceu!



Neste momento meu mundo parou, a emoção mais visceral que senti na vida, lembro de sua pele quentinha escorregar em meus braços, o seu chorinho soar como música aos meus ouvidos, o coração explodir de amor e felicidade, meu corpo estremecer, e eu pensar a todo momento como eu nasci para ser mãe, e ser mãe da Manuela! Ela estava pronta, a nossa espera para vir a este mundo, no melhor momento, e em seu momento! O amor mais genuíno que alguém pode sentir.



Obrigada, minha filha, por me permitir essa experiência divina... através de você eu tive a oportunidade de renascer!



Não poderia deixar de agradecer a minha incrível rede de apoio, como sou privilegiada por isso! A começar pelo meu marido que engravidou junto, sempre cuidadoso, disposto a me cuidar, e ser o melhor pai e marido para mim e Manuela. A minha doula, amiga e irmã de alma Cariny que sempre me guiou e dividiu suas experiências da maternidade há 11 anos, sonhando e planejando comigo cada detalhe deste dia. A minha família que esteve presente em cada momento, vibrando com cada novidade, sonhando junto, me apoiando em cada decisão e com muito amor e dedicação transformando-se em tio, tias, primo, prima, avô, avó, padrinho e madrinha. As minhas amigas, por cuidarem de mim, por cada gesto de carinho e preocupação, por compartilharem suas vidas e suas experiências.

 
  

Ainda com nó na garganta por não poder dar esse presente aos meus pais, sei que eles estariam em êxtase junto com a gente, vibrando, chorando e amando ser avós, mas sei que em algum plano espiritual olham por nós, vocês serão sempre minha maior inspiração. Serei eternamente grata a vocês.





Mayara tem 29 anos, mora em Cacoal, onde trabalha como fisioterapeuta.
Proprietária do Estúdio de NeoPilates Mayara Tassi. Casada com Fabrício Klipel.






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