9 de setembro de 2013

Cesárea ou parto normal? Cinco 'petit' respostas para mulheres que querem saber mais...


por Cariny Cielo

É todo dia que recebo questionamentos sobre cesárea ou parto normal. Eu queria demais poder dar a resposta acima, mas enquanto o filme não estreia por aqui, eu resolvi tornar pública a carta que costumo mandar pra quem me pergunta: "O que é melhor, cesárea ou parto normal?"

Vamos lá:

A primeira coisa: nosso cenário nacional e, principalmente, estadual (Rondônia) de prestação de serviços de obstetrícia é precário. Hoje, a mulher sente-se na obrigação de escolher OU uma cesárea (cirurgia de grande porte com 5 vezes mais riscos para o binômio mãe-bebê) OU um parto normal violento (ceivado de violência obstétrica). Em resumo, se você quiser ter uma experiência positiva de parto, de empoderamento feminino, de saúde e segurança para você e para seu bebê, terá que brigar. É bom brigar e lutar estando grávida? Não, não é... mas estamos bem numa era de transição de valores e, provavelmente nossas netas não precisarão passar por isto. (Oremos!)

Segundo: Tudo que você conhece a já ouviu falar de 'parto normal' provavelmente é o parto normal 'tecnocrata', ou seja, onde práticas de rotina da medicina são utilizadas como se as mulheres fossem linhas de montagem. É a fisiologia à serviço da tecnologia e não o inverso, como deveria ser. Vivemos uma época remota em que morriam mesmo muitas mulheres e bebês em partos sem assistência e rumamos pro extremo oposto disto, acreditando que as intervenções médicas no nascimento seriam a garantia de segurança. Hoje, grandes movimentos internacionais de Humanização do Nascimento e Parto concluíram estudos dizendo que não, mecanizar o nascimento não fez bem e agora vimos que podemos/devemos ter o melhor dos dois mundos: o respeito ao fisiológico e a segurança dos avanços médicos. O principal disto tudo é que a Org. Mundial de Saúde já rechaçou a grande maioria das práticas 'de rotina', mas somos nós que devemos lembrar isto ao médico. Exemplos: episiotomia (o famoso pique, não deve ser feito). Soro na veia, lavagem intestinal, posição deitada, corte abrupto do cordão umbilical, ocitocina sintética, manobra de kristeler (empurrar a barriga da mãe pro bebê nascer), ácido nos olhos do bebê (este eles fazem até nos nascidos de cesárea).

Terceiro: a 'escolha' pela cesárea não pode ser uma escolha baseada na segurança do bebê e da mãe já que ela é mais arriscada que um parto normal (dados! não é o que eu acho). No entanto, as mulheres escolhem a cesárea para fugir de um parto normal violento. Existem inúmeros benefícios ao bb que nasce de parto normal (mesmo um parto normal violento é mais saudável do ponto de vista físico pro bb do que uma cesárea), embora os médicos vão lhe dizer que não exista diferença nenhuma. E esta é a outra parte: os médicos mentem muito pras mulheres, seja por má fé, seja por arrogante ignorância mesmo. Uma reflexão quanto a isto: Temos a taxa número 1 de cesáreas do mundo e também é nossa a taxa de maior número de bebês nascidos prematuros (12%) (que precisam de UTI neonatal ou alguma ajuda inicial pra respirar). Estamos tirando os bebês antes da hora e engordando os bolsos dos hospitais! Nenhum bebê está pronto para nascer enquanto não disparar mensagem químicas que dão início ao trabalho de parto. Qualquer coisa antes disto, é tirar um bebê com o pulmão ainda não 100% preparado para respirar. As implicações disto, muitas vezes, não são vistas de início, mas podemos observar um 'booom' de alergias e doenças na primeira infância que praticamente são uma pandemia nacional. Novamente, os laboratórios e hospitais agradecem!

Quarto: O feto que passou pelo canal do parto é 'colonizado' pelas bactérias necessárias à formação do sistema imunológico. Ao que parece, a ciência está apontando para o grande e maior problema das cesarianas: o fato de não haver colonização imediata do bebê pelas bactérias do canal de parto. A ausência dessas bactérias no momento do parto trazem repercussões para o resto da vida, desde obesidade, doenças auto-imunes, entre outros. Estamos, no Brasil, recebendo uma nação de bebês que virarão adultos com doenças crônicas. O sistema privado já pode começar a contabilizar os lucros. A OMS recomenda que as taxas de cesárea girem em torno de 10 a 15%, RO está com quase 70%... são raros os casos em que a mulher realmente precisa de uma cirurgia. Nenhum médico que conheço em Porto Velho vai saber disto tudo... E te garanto que para QUALQUER argumento dele, eu te mostrarei dados reais da Ciência Baseada em Evidências Científicas. Nada disto é minha opinião pessoal, embora eu seja uma entusiasta do nascimento digno, são dados científicos. Nenhuma mulher que pariu e teve uma experiência ruim vai te recomendar. Todos vão dizer que a cesárea é a 'evolução' do parto. Você ouvirá contos aterrorizantes de partos trágicos e de cesáreas salvadoras... Eu estou aqui pra te contar a outra história disto tudo!

Quinto. Eu não te conheço mas, agora, vou arriscar um papo de mulher, de emoção e não de razão! O parto é um evento sexual da vida da mulher, ele não só não irá comprometer sua saúde sexual, como pode melhorá-la. Parir nos traz novamente ao posto de fêmea. Conhecer o próprio corpo, como ele funciona, como fazer ele funcionar em benefício do fisiológico. E ser fêmea é aquele posto que a gente costuma precisar sufocar - muitas vezes a vida toda - para sobreviver numa sociedade que pede mulheres sempre lindas, cheirosas e sorridentes, que tudo conseguem, que tudo suportam... É no parto que a gente se lembra que somos mamíferas, gestamos, parirmos e amamentamos nossa criar... Te garanto que o parto pode ser um evento empoderador e digno e que o nascimento deve ser, precipuamente, um momento de manifestação do amor. Te empresto livros, tenhos DVDs excelentes, te indico leituras na blogosfera materna para que sua escolha final, seja, realmente, informada. E não vendida pelo médico, pelo sistema ou pelo inconsciente coletivo. Fico aguardando teus contatos, se vc quiser.

E chega! Você pode achar que eu sou desequilibrada e talvez seja mesmo! hahaha"

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