5 de junho de 2012

Reflexões: e o prêmio vai para: ... Ninguém!


por Cariny Cielo

Nossa sociedade é pautada pela competição. Tudo tem que ter uma meta, um fim, um ranking. E isso começa desde quando ainda estamos no útero e nossas mães comparam as barrigas delas às barrigas das vizinhas delas.

Esta semana, ouvi de uma pessoa que sabia que eu havia tido bebê em casa a seguinte frase: "nossa, isso sim é que é ser mãe... minha filha, aquela preguiçosa nem quis saber de parto normal, foi logo marcando cirurgia."

Ela achou que estava me elogiando, mas não, não aceito esse tipo de elogio para me vangloriar com rótulos. A frase foi ótima, não para a minha auto estima e sim para me fazer refletir sobre esta ‘panacéia desvairada’ de achar que existe "mais" mãe e "menos" mãe, conforme o parto, conforme o aleitamento, conforme o número de babás, conforme as vezes que se acorda à noite, conforme o tempo que se dedica, enfim...

Assim, se criam as legiões de mulheres-mães prisioneiras e carrascas de si mesmas e, pior! Carrascas das outras!!!

O tempo inteiro culpando-se, o tempo inteiro questionando-se, o tempo inteiro julgado-se. O tempo inteiro apontado o dedo! Fazendo do 'ser mãe' uma verdadeira maratona, com direito a medalha e troféu...
Conheço mulheres que deram o peito com desdém e distanciamento, só porque era o mais fácil e barato a ser feito. Conheço mulheres que não amamentaram, mas se vincularam profundamente com seus filhos na hora da mamadeira. Existem as que marcam a cesárea e são mães presentes e felizes ao passo que muitas que têm parto normal, sem qualquer dedicação ao filho depois.
É assim que acontece... não existem lados, não é dual, não existe bem e mal, como o cristianismo planta tão profundamente em nosso inconsciente. Existem apenas mães escolhidas por seus filhos, e vice versa, nos misteriosos arranjos da existência.
Você, mãe! Esquece tudo que ouviu a vida toda sobre como você ‘deve ser’... abandona o apelo da mídia, da família, do consumo, da empresa em que trabalha, do grupo da igreja, dos vizinhos... fecha os olhos e os ouvidos para qualquer coisa que chegue até você para te desmerecer, desmerecer suas escolhas, sua trajetória, suas formas de fazer, deixar de fazer, de ser e deixar de ser...
Nós somos a exata medida do que devemos ser. Nossos filhos, principalmente eles, chegam até nós por acordos mágicos e são o que são, assim como somos o que somos. Nos formamos, mutualmente, dia após dia. Em eternos recomeços, destruímos partes e construímos outras tantas... Estamos milimetricamente onde devemos estar, vivendo uma estória única, exclusiva e sem replay.
Ouça bem: Não tem medalha! Não tem troféu de melhor mãe, não tem primeiro, nem segundo lugar...não tem baú de ouro no fim do arco-íris.
Preste suas contas apenas a si mesma, à sua essência e a seus escolhidos... Compare-se consigo mesmo, num exercício saudável e maduro de autoconhecimento.
Bata no peito e diga: eu quis assim, eu escolhi assim, eu fiz o que entendi ser o melhor, o mais certo... só! O outro (melhor, a outra) faz, da mesma forma, o que entende e julga ser melhor. Acreditando acertar, acreditando estar livre para escolher, acreditando que 'era pra ser assim'. Ela é melhor? Ela é pior? Você é melhor que...? Você é pior que...? Pára!!!

Esquece tudo, abdique do falso prêmio e premie-se, com a delícia de se entregar, de corpo e alma, a si mesma e a tudo que acredita.

Imagens: Google

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