1 de junho de 2015

Relato de parto da Hayane: parto normal hospitalar em Vilhena


Hoje vamos conhecer a emocionante história da Hayane, dona do posto de primeira gestante a anexar plano de parto e lei do acompanhante na ficha de gestante no Hospital Regional de Vilhena, interior de Rondônia... abrindo, assim, espaço para outras que virão!
Que bom que Rondônia tem cada vez mais pioneiras pelo respeito às boas práticas no nascimento e parto!




"Enquanto meu pequeno pacote de amor dorme calmamente após a longa mamada que ele demonstra amar, venho relatar meu parto.

Mas antes explicar minha história: um dos sonhos anotados na agenda desde muito pequena – SER MÃE! Tive dois abortos espontâneos, os dois na idade de 8 semanas. E isso deixou meu coração abatido e com medo, o assunto ‘gravidez’ sempre me entristecia após esses episódios. O segundo foi em abril de 2014, e uma nova tentativa seria impossível (assim pensava)!

Em dezembro de 2014, eu percebia algumas alterações hormonais, a menstruação já não constava há uns bons meses, porém não tive aumento de peso e nada de barriga, então eu insistia em não acreditar... Até que em janeiro quando cheguei de viagem decidi acreditar e iniciar meu pré natal (já havia passado da hora!!!) e com isso a barriguinha começou a aparecer e meus medos começaram a fugir de mim. Desde quando conheci o parto humanizado domiciliar, em 2012, eu sonhava que comigo seria assim, era um ideal, e iniciado o pré-natal no postinho, começou minha busca pela Doula Perfeita, isso já estávamos com mais de 28 semanas.

Entrei em contato com a Isabele e tinha acabado de chegar de Porto velho pra fazer residência no Hospital Regional de Vilhena. Após a conversa ela me deu a notícia: não poderia atender meu parto domiciliar, por diversos fatores, incluindo o fato de trabalhar em Plantões (só se eu desse ‘sorte’ de entrar em trabalho de parto quando ela estivesse lá... kkkk). Mesmo assim Isabele se dispôs a me ajudar, indicar leituras, veio até minha casa, batemos um bom papo, eu, ela e meu esposo e ficamos de manter contato.

Entrei em contato também com a doula Suélen Leal, e olha só: a DPP dela era pro mesmo dia que a minha... SIM ela também estava grávida, não poderia me acompanhar. Me falaram da Cariny, e mais uma vez entrei em contato... Cariny também não poderia me acompanhar, mas me indicou um nome no Hospital Regional: Enfermeira Edna! Nisso, continuei minhas leituras, meus agachamentos, alimentação saudável, e concentrei no que queria. Isabele (que adotei como minha doula, pela dedicação e acompanhamento, mesmo à distância) veio com outra notícia: iria retornar de mala e cuia pra capital, não poderia me acompanhar mais tão de pertinho... E acham que desanimei? O papo era parto e eu só dizia: ‘normal, cesárea não’... Meu pai até dizia: ‘vai assustar as pessoas assim...’. Mas eu não abria mão do que queria.

As semanas foram passando, pelo fato de ter iniciado os cuidados tarde demais, ficamos um pouco perdidos quanto às datas, e quando (pelas contas da ultra-som) eu já estava de 41 semanas e 3 dias, falei com Isabele e disse: ‘preciso me preocupar?’ Ela disse que não, que isso era normal; que eu verificasse com o médico e se eu e o bebê continuávamos saudáveis, não havia motivo para preocupação. Ela me disse pra ficar calma, me passou umas dicas e também um chá de indução natural – receita da parteira mexicana Naoli, anotei tudinho e na mesma noite eu fiz... tomei dois copos pouco antes da meia noite, e dormi.

Às 4 da manhã do dia 15/05 eu acordei com uma fome absurda e um pouco de desconforto abaixo do barrigão. Preparei um misto quente e um copo de leite gelado (que eu amo) e sentei pra comer, na metade do pão começaram as contrações, comecei a anotar e as dores só aumentavam, meu esposo acordou e começou a acompanhar. Às 5:55, as contrações diminuíram o intervalo de tempo, e eu já estava iniciando os urros... As 06:18 as contrações duravam 1 minuto e vinham de 5 em 5. Daaaaí eu corri pra debaixo do chuveiro e não quis mais anotar nada! Faltando 15 pras 7 da manhã gritei do chuveiro mesmo: AGORA SIM, PODE LIGAR PRO PAI, QUERO IR NO HOSPITAL SABER QUANTO DE DILATAÇÃO!

Meu pai e minha irmã chegaram mais nervosos do que eu, e na mesma situação estava meu esposo. Chegando no hospital, procurei a Enfermeira Edna, com quem tinha conversado uma semana antes e segui pro consultório do Obstetra de plantão, que já verificou a pressão e veio nada delicado fazer o ‘toque’: 6 centímetros de dilatação!!! E eu: já? Vivaaaaaaa! Seguimos para sala de pré parto, às 7:32.

Fui somente em duas consultas no hospital, mas consegui que anexassem meu plano de parto (o mais humanizado possível, sem ocitocina, sem episio, sem colírio no bebê e mais um monte de ‘sem’s’...) e a lei do acompanhante na minha ficha... então, meu esposo entrou comigo na sala. E ali começou a jornada. As contrações estavam bem seguidas e nada pausadas, e eu pensava: tá quase! Meu esposo segurava minha mão, a enfermeira Edna dançava comigo, eu pulava em cima da bola, ajoelhava e fazia sorriso pra foto, e já tinha tomado duas duchas mornas pra ajudar (nem acreditei que fosse possível a ducha, mas foooi).




Às 9:30 veio o médico, e mais uma vez fez o toque: quase 8 cm de dilatação! E ele disse: Tem um pouco de colo ainda, e a bolsa não estourou. Continuamos nosso ritual, minha pressão normal, bebê baixando no tempo dele... Passado das 10 da manhã, as dores tinham aumentado muito mais, e nisso eu já tinha até deitado no chão e perdido total o pudor. Parecia que a equipe estava um pouco inquieta, e nisso veio o médico pediu que eu deitasse na maca pra acompanhar, tinha passado de 8 cm de dilatação, então ele estourou a bolsa e retirou o restante de colo que disse ter, não fiquei muito feliz pois, com isso, as dores aumentaram e o incômodo também, e junto com esse ‘procedimento’ veio a frase: agora quando vierem as dores faça muita força que daqui a pouco o bebê nasce.


Depois disso minha memória selecionou os momentos, só lembro que segui sentindo muita dor e disseram pra mim com bastante calma ‘vamos pra sala de parto’ e eu fui. Deitada naquela posição estranha e com as pernas pra cima, iniciaram os procedimentos e pausaram o ‘humanizado’ da coisa.

Eu não sabia fazer a força que eles queriam, eles diziam ‘forçaaaaaa’ e eu respondia ‘então me ensina’. Me deu um pouco de desespero, confesso. E quando eles auscultaram o coração do meu bebê e os batimentos cardíacos começaram a baixar, eles ofereceram ocitocina e eu topei! Eles disseram: ‘se não fizer força agora vai ser cesárea’! PÁRA TUDO...

Eu fiz a maior força do mundo, junto com a dor, autorizado por mim (após ouvir que: ‘nesse buraco o bebê não passa’ e ‘com essa forcinha não vem neném’) o Obstetra deu um ‘pique’, a bendita episio, que eu não queria, eu dei o maior urro/grito/berro do mundo e meu Miguel nasceu, colocaram ele sobre o meu peito e eu só dizia: ‘é lindo, como é lindo, olha amor que lindo’, chorei muito... mas ver Miguel aliviou bastante meu coração. Não foi como o previsto, muito menos com as indicações que dei, mas escapei da cesárea e ainda estou esperando a episio sarar. Mas meu bebê tem a cada dia me ensinado o dom de ser mãe, e trazido alegrias ao meu coração... não posso de reclamar! :-)


Hayane Souza, 23 anos, parto normal com 41 semanas e 4 dias de gestação. Mãe do Miguel que nasceu com 3,585 kg e 52cm, totalmente saudável!"

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