por Cariny Cielo
"Ah, você não tem ideia dos riscos que se corre tendo um bebê em casa". É o que se ouve por aí...
A institucionalização da cultura do 'hospital risco-zero' é tão grande que perdeu-se completamente a lógica nas análise. Quantas mulheres ouvem dos médicos, da família, da comunidade que ao se submeter a uma cesárea eletiva ela está assumindo um índice de riscos maior do que ter um parto natural em casa? Nenhuma! Ela caminha orgulhosa, certa de estar fazendo o melhor para si e para seu bebê. Não está!
Estatisticamente, os riscos de uma cesárea eletiva são cinco vezes maiores que o de ter um parto natural em casa. Interessante, não? Todos comentam horrorizados sobre a coragem de se ter um filho em casa! Mas, não se trata de coragem, se trata de bom senso. O parto resultante de uma gravidez de baixo risco será muito mais seguro em casa do que em um ambiente hospitalar.
É preciso coragem, sim, para se submeter a uma cirurgia de alta complexidade por pura comodidade, conveniência... É curioso observar que em todos os outros aspectos do tratamento humano, a opção pela via cirúrgica é sempre em último caso, depois de se tentar todas as outras formas de atuação, ao passo que, para nascer (um evento puramente fisiológico), escolhe-se logo: cirurgia!
Se as mulheres tivessem real conhecimento dos ricos, a cirurgia voltaria a ser ministrada nos índices sugeridos pela Organização Mundial de Saúde, por volta de 10-15%, e não nos assombrosos 67% que tivemos em Rondônia, por exemplo.
A distorção está em acreditar que a cirurgia é o caminho mais seguro! Não é. Talvez seja o mais cômodo para os obstetras que deixaram de ser parteiros para serem cirurgiões. Mas duvido que algum tenha coragem dizer que a cirurgia é o melhor caminho para a mãe e o bebê: se disser, está sendo, no mínimo, anti-ético.
Curioso observar que os riscos de ter bebê em casa são infinitamente menores do que sofrer um acidente de carro, mas, mesmo assim, todo mundo continua viajando e ninguém faz um testamento a cada vez que enfrenta uma rodovia para viajar. Que distorção é esta? Corre-se riscos em tudo, não existe 'risco-zero', como querem fazer crer muitos médicos. A única diferença é que, no hospital, eles estão protegidos pelo espectro: qualquer morte no hospital é fatalidade, 'tinha que ser'; ao passo que qualquer morte em um parto domiciliar será sempre negligência! Uma completa distorção de valores e de análise de riscos.
O hospital como o vemos hoje, acreditem, não é o local mais seguro para uma gestante de baixo risco ter seu bebê. É o local mais seguro para tratar do que fugir do fisiológico, mas o menos adequado para garantir a fluidez do parto. Talvez com o tempo e a melhoria da qualidade no atendimento obstétrico, o hospital passe a ser um local apto a dar assistência ao parto natural e com a garantia de atendimento médico, se necessário.
O que vem destruindo o nascimento nos hospitais é a 'manipulação' que se faz deste. É o atendimento rotineiro, é transformar a exceção em regra.
O que vem destruindo o nascimento nos hospitais é a 'manipulação' que se faz deste. É o atendimento rotineiro, é transformar a exceção em regra.
Mesmo com todas as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde e com as evidências científicas, ainda se faz episiotomia de rotina, corte abrupto do cordão umbilical, separação da mãe e bebê após o nascimento, posição deitada para o momento expulsivo do parto, analgesia, isolamento da mãe, enema, tricotomia, jejum, limitação de movimentos, acesso venoso, roupinha de doente, violência verbal, descaso e desamparo da gestante. E, se depois de todo esse 'kit anti-fisiológico', a mulher não conseguir parir (o que acontece na maioria dos casos) dão-lhe a cirurgia como opção salvadora! Foi assim que o Brasil conseguiu se transformar em um fabuloso 'fazedor de cesarianas"...
Em muitos lugares do mundo as mães são assistidas em casa, onde se sentem mais seguras. A propóstio, a Organização Mundial de Saúde recomenda que a gestante seja atendida onde se sente melhor. Pode ser em casa, pode ser em um hospital, pode ser em casas de parto...
Em muitos lugares do mundo as mães são assistidas em casa, onde se sentem mais seguras. A propóstio, a Organização Mundial de Saúde recomenda que a gestante seja atendida onde se sente melhor. Pode ser em casa, pode ser em um hospital, pode ser em casas de parto...
Com o devido apoio e respeito a grande maioria das mulheres preferiria parir, a serem operadas. No meu caso. Eu sabia exatamente onde eu estava. Conhecia as hipóteses, as alternativas... estava em terreno seguro.
Se eu corri riscos? Sim, corri riscos.
- Muito menores do que se tivesse escolhido fazer uma cirurgia; e
Se eu corri riscos? Sim, corri riscos.
- Muito menores do que se tivesse escolhido fazer uma cirurgia; e
- Menores do que sofrer um acidente automobilístico
Então, eu vou continuar buscando atendimento obstétrico para meu parto no local onde me sinto mais segura, particularmente, em minha casa.
Ah, e vou continuar tendo coragem de viajar de carro pelo Brasil afora, a despeito dos terríveis números anuais de mortes e acidentes!
Não, não se trata de coragem... Estamos falando de fé!
Então, eu vou continuar buscando atendimento obstétrico para meu parto no local onde me sinto mais segura, particularmente, em minha casa.
Ah, e vou continuar tendo coragem de viajar de carro pelo Brasil afora, a despeito dos terríveis números anuais de mortes e acidentes!
Não, não se trata de coragem... Estamos falando de fé!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dê vida a este blog: comente...